Negócios

Piero Franceschi assume nova fase da StartSe como CEO

Mudança chega no momento em que a empresa busca se consolidar como uma escola internacional de negócios

Foto: Pedro Augusto/StartSe
Foto: Pedro Augusto/StartSe

Quase 3 anos depois de reassumir o comando da StartSe e comandar a virada da companhia em meio à pandemia, Junior Borneli novamente passa o bastão. Agora, o dia a dia da companhia passa a ser tocado por Piero Franceschi, que nos últimos dois anos foi responsável pela área de marketing. A transição começou a ser preparada no meio do ano passado e nos últimos dois meses Piero já vinha atuando no cargo.

A mudança chega no momento em que a StartSe busca se consolidar como uma escola internacional de negócios focada na transformação de empresas e líderes. “É uma transição bacana, não só de funções, mas de fase da empresa”, diz Piero ao Startups. “O Junior levou a empresa do 0 aos R$ 100 milhões. Agora ela deixa de ser uma startup e passa a ser uma das grandes escolas de negócios do país. São momento diferentes da mesma jornada, com competências diferentes, mas complementares”, reforça.

De acordo com Junior, o momento atual da companhia tem muito mais a cara de Piero – que tem experiência em acelerar negócios que já têm porte, com passagens por Diageo e Pearson – do que com o dele – que é mais de construção de um negócio. “No processo de crescimento é normal que a gente faça ajustes de colocar as pessoas nos lugares certos. O Piero tem essa história e é natural que ele assuma como CEO”, explica. Ele acrescenta que o movimento também significa praticar o que ela apresenta aos participantes de seus programas. “Só sobrevivem as empresas que se reinventam o tempo todo”, diz.

Com a passagem de bastão, o fundador, que já estava no Conselho, assume um papel mais institucional, se posicionando como a cara da StartSe e reforçando o relacionamento com o alto escalão das empresas que são clientes da companhia. Ele também vai se dedicar a novas iniciativas, como a expansão no setor do agro.

Hoje a StartSe tem mais de 200 funcionários e teve uma receita superior a R$ 100 milhões em 2022. Ano passado, 1000 executivos visitaram os hubs da companhia instalados em países como EUA, Portugal, Israel e China. Por mês, todas as plataformas em que a companhia está presente recebem 1 milhão de acessos.

Redescoberta

Fundada em 2015, a StartSe era uma empresa de eventos, conhecida por suas missões internacionais aos grandes centros de inovação do mundo até chegar a pandemia. Quando o mundo se fechou para combater a Covid, a receita da companhia – que passou de R$ 50 milhões em 2019 – chegou a cair a zero, e os sócios chegaram a fazer as contas de quanto custaria fechar as portas.

Neste momento, Pedro Englert, que havia investido na companhia em 2016 e era o CEO, deixou o cargo e passou a liderança do processo de refundação para Junior. Piero chegou à operação em meio a esse processo. “Naquele momento a StartSe não tinha produto e não tinha receita, mas tinha o cliente perto, com uma relação de proximidade muito grande. E foi isso que me fez dar o salto de fé em um momento tão complicado”, conta.

Foi nesse processo que a companhia se redescobriu como uma empresa de educação. Em 3 anos, o movimento rendeu frutos. No fim do ano passado, a companhia foi listada como uma das 100 startups de educação mais promissoras da América Latina pela Holon IQ. E um dos produtos que ela criou, o xBA, ganhou uma premiação internacional disputando com nomes mais tradicionais do mercado, como o Insead.

Mais recentemente ela colocou no ar um hub gratuito de ferramentas de inteligência artificial para gestão. Além de criar seus próprios produtos, a StartSe começou a investir na criação de um ecossistema que complementa essas ofertas. Para isso, investiu na Webridge, na Snaq, na Digitaliza.ai e neste Startups. Os planos estão sendo financiados com uma rodada de R$ 75 milhões feita com o Pátria no fim de 2021.

Ambições da StartSe

De acordo com Piero, a oferta dessas diferentes ferramentas está alinhada com a proposta de ser mais do que uma empresa de educação pura, mas um apoio à transformação de outras companhias, ajudando-as a se manterem relevantes. “Os programas não são só cursos. Não é só assistir uma aula. Tem discussões, mentorias. São momentos para fazer negócios”, diz.

Piero não revela qual o ritmo de crescimento, ou as metas para os próximos anos. Diz apenas que o objetivo é manter o ritmo de expansão acelerado com eficiência e rentabilidade. “Acreditamos na união dessas duas coisas. Negócio bom agrega valor para o cliente e tem estrutura que se sustenta, que para de pé”, diz.

Sobre novas aquisições, ele diz que elas não estão no radar no momento. O plano é se focar na consolidação do ecossistema montado até agora. Em relação à possibilidade de entrar no mercado regulado, com cursos autorizados pelo MEC, como fez a Alura com a compra da Fiap, ele diz que nada impede que isso aconteça, desde que o movimento tenha valor para os clientes.