Se na 1ª fase da revolução nos serviços financeiros trazida pelas fintechs o movimento foi criar companhias que atacavam dores específicas como a oferta de cartões e de crédito, dá para dizer que o mercado agora entrou em um novo momento. E o que está quente agora é criar fintechs que habilitem outras empresas a serem fintechs, o chamado banking as a service.
O Fabiano Cruz da Zoop vai dar de ombros e dizer, “qual é a novidade”, já que vem fazendo isso desde 2013. Mas o fato é que a onda ganhou impulso de verdade nos últimos 2 anos, especialmente depois da frase “toda empresa será uma fintech”, da Angela Strange, da a16z – que foi atualizada para “toda empresa vai criar uma fintech” em agosto.
O reflexo mais claro da ebulição do conceito são a meia dúzia de movimentos que aconteceram só nos últimos 20 dias: a Porto Seguro fechou a compra da Atar, a Dock (antiga Conductor) levou a BPP e o Modal fechou com a LiveOn. Ontem, a Hash embolsou mais R$ 235 milhões. Hoje, a argentina Pomelo reforçou o coro.
Mais dinheiro na Pomelo
Com menos de 1 ano de vida, a companhia acaba de fechar sua 2ª rodada de investimento. A série A de US$ 35 milhões foi liderada pela Tiger Global e contou com a participação de monashees, Index Ventures, Insight, QED, SciFi, Greyhound e Box Group, que já tinham investido na rodada anterior. Fundadores de outras fintechs como Affirm, Checkout, N26, Plaid e Ramp também participaram. Ao todo, ela já captou US$ 45 milhões.
Segundo Gaston Irigoyen, cofundador e presidente da companhia, a captação aconteceu pelo menos 6 meses antes do que a empresa planejava e a demanda para alocação foi 4 vezes maior do que o esperado, chegando a US$ 120 milhões. “Os investidores estão muito animados com o que estamos fazendo”, diz.
A principal aposta da Pomelo é ser um player regional, que permita que empresas latinas entrem rapidamente em outros mercados. Segundo Gaston a companhia tem evoluído de forma acelerada no desenvolvimento da 1ª versão do seu produto e fechou 4 clientes na Argentina. A ideia é fechar o ano com mais 1 nome adicionado à lista e conseguir “mais umas dúzias” em 2022. O plano é ter uma carteira de clientes mais restrita. “Queremos ajudar a próxima geração de empresas da região, e isso não necessariamente significa ter milhares de clientes. Queremos trabalhar com players que são chave, não só fintechs, mas também no varejo, educação, mercado imobiliário. É aí que está o ponto interessante”, diz John Paz, que liderou a Lime no Brasil e será responsável pela operação no país.
Com a nova injeção de capital, aliás, a Pomelo lança oficialmente suas operações no Brasil e no México e pretende contratar mais 150 pessoas até o fim do ano que vem. Hoje a equipe tem 100 pessoas, sendo metade no Brasil. De acordo com Gaston, a proporção vai se manter. “É o maior país da região e o mais maduro. Queremos investir pesado”, diz.
Segundo ele, um avanço dos últimos meses foi a percepção de que a companhia precisa oferecer mais do que os sistemas de pagamento e de cartão que ela tinha proposto a trabalhar de início. Hoje ela já está trabalhando nos processos de onboarding de clientes e também na conexão com outros players do sistema financeiro.
Um outro avanço importante foi o lançamento do site institucional da companhia, que não estava no ar até julho, pelo menos.