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Por que a Prosus Ventures resolveu olhar para a América Latina agora (e como ela quer atrair os fundadores)

Por que a Prosus Ventures resolveu olhar para a América Latina agora (e como ela quer atrair os fundadores)

Um novo nome deve começar a aparecer com mais frequência na lista de investidores em startups na América Latina. E na maioria dos casos, liderando rodadas. Depois de liderar um aporte no banco digital mexicano Klar, a Prosus Ventures quer ampliar seus aportes na região. “É um oceano azul de oportunidades em comparação com outras regiões nas quais o fluxo de recursos já é mais alto”, diz Banafsheh Fathieh, principal da unidade de investimentos em empresas em estágio mais inicial de desenvolvimento da Prosus (que pertence à Naspers).

Além do volume de recursos disponíveis para investimentos ainda ser baixo, ela diz que a aceleração da digitalização nos últimos anos (e meses!) – e claro, a desvalorização das moedas frente ao dólar – deixaram a região atraente, colocando-a no radar para novos investimentos. Mesmo diante das perspectivas econômicas desafiadoras para os próximos anos. “Ninguém está a salvo dos efeitos negativos, mas contra isso há as tendências de mudança de comportamento que abrem portas para as plataformas que usam tecnologia baseadas em tecnologia”, diz.

Que vantagem Maria leva?

Para atrair o interesse dos fundadores a Prosus Ventures tem dois grandes argumentos. O primeiro é a escala e a experiência com negócios globais do grupo.

O segundo é a proposta de patient capital. Por não trabalhar com um fundo formalmente constituído (os recursos para aportes vêm do balanço da Prosus) a divisão não tem restrição de recursos (pode escrever cheques pequenos ou grandes) ou estágios de investimento, nem as pressões de retorno a investidores ou do tempo para manter o ativo na carteira. “Não queremos crescimento a qualquer custo. Não sentimos a ansiedade para uma saída”, diz Banafsheh. Ela cita como exemplos os casos da Movile e da Tencent, empresas que estão no portfólio há décadas.

De acordo com Banafsheh, a Prosus Ventures tem uma preferência por liderar rodadas. A maior parte de seus negócios foi feita dessa forma.

No que a Prosus investe

Desde que foi constituída há cinco anos – ainda dentro da Naspers e antes da separação dos investimentos no mundo digital em uma empresa à parte, a Prosus – a unidade de ventures fez US$ 1 bilhão em aportes. A maior parte dos 18 negócios foi na área de educação, incluindo nomes como Codeacademy e na Udemy. Na categoria de outros negócios, está a insraelense SimilarWeb – da qual ela não participou da rodada de série F de US$ 120 milhões anunciada esta semana.

O objetivo da Prosus Ventures é investir em áreas em que a Prosus não tem um histórico de atuação muito forte. Nesse sentido, as fintechs e as healthtechs são segmentos que chamam a atenção. Banafsheh também cita as áreas de educação e o comércio eletrônico.

Em termos de países, Brasil e México são os destaques, mas a ideia é ser agnóstico em termos de países. “Iremos onde as oportunidades nos levarem”, diz. Um aspecto importante é que a companhia tenha uma proposta que faça sentido do ponto de vista regional, que não resolva apenas o problema de um país.