
*Por Jackson Júnior, Head de Compliance e Risco da Paytime
Ter uma boa estrutura de compliance não é algo opcional para as instituições que atuam no mercado de serviços financeiros, é uma questão de sobrevivência. Isso se deve às próprias normas aplicáveis que estabelecem a obrigatoriedade, mas também ao fato de que um programa de compliance robusto promove um diferencial competitivo.
As fintechs lidam diariamente com dados e volumes expressivos de transações financeiras, operando sob o olhar atento de reguladores e consumidores. Quando o compliance é negligenciado, o custo não é apenas financeiro — seja em multas ou na perda de licenças, mas também reputacional, o que pode afastar clientes, investidores e até parceiros estratégicos. Em um setor movido pela confiança, tal negligência pode ser desastrosa.
Benefícios estratégicos
Ao contrário, quem enxerga as ações de compliance como parte da estratégia central percebe que eles geram benefícios claros: mitiga riscos, garante sustentabilidade e, acima de tudo, constrói confiança. Em um mercado competitivo, esse é um diferencial que fideliza o consumidor e reforça a credibilidade de uma marca.
Vale dizer que cumprir as regulamentações no Brasil, é claro, apresenta desafios, especialmente para empresas menores. Para acompanhar o ritmo das mudanças no mercado, é preciso integrar conformidade regulatória com inovação, demandando da equipe um entendimento aprofundado das normas aplicáveis ao negócio, agilidade, colaboração multidisciplinar e uma boa dose de tecnologia.
Liderança e riscos
Nesse contexto, dentre as práticas de compliance, duas se destacam como indispensáveis para a sustentabilidade de uma fintech: o apoio da liderança ao programa de compliance e o gerenciamento eficiente de riscos. O apoio da alta liderança é um fator crítico. Sem o comprometimento dos gestores, ações de compliance correm o risco de serem tratadas como formalidades ou custos desnecessários. É fundamental que os líderes invistam em recursos e sejam embaixadores de uma cultura de conformidade.
O gerenciamento de riscos de compliance, por sua vez, é essencial para toda a estrutura. Isso envolve a identificação de riscos específicos do negócio, sejam regulatórios ou operacionais, e a implementação de controles eficazes para mitigá-los. Essa abordagem não só protege a organização contra sanções legais, mas também melhora processos internos, fortalecendo a confiança dos stakeholders e garantindo a longevidade da operação.
Para fintechs que buscam se diferenciar e prosperar no longo prazo, o caminho é claro: tratar o programa de compliance como prioridade estratégica, investir em liderança engajada, em recursos tecnológicos e manter forte compromisso com a ética e a conformidade. Com isso, será possível navegar com mais segurança no mercado de serviços financeiros e conquistar a confiança dos stakeholders.