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Por que uma startup de hardware investe em uma editora de revistas?

Por que uma startup de hardware investe em uma editora de revistas?

A pergunta do título foi o que me veio à cabeça quando Igor Marinelli, fundador da Tractian, conversou comigo sobre a rodada de R$ 17 milhões que a companhia estava recebendo. Segundo ele, parte do aporte seria direcionado a investimentos na área de conteúdo, incluindo a compra de publicações.

Menos de 1 mês depois, a profecia se realiza. A Tractian acaba de comprar uma fatia significativa da Revista Manutenção, voltada a profissionais e estudantes da área de manutenção de máquinas. No mercado desde 2016, a publicação digital tem uma equipe de 7 pessoas e uma audiência de 15 mil visualizações por mês. No LinkedIn, são 177 mil seguidores no perfil. A operação será mantida de forma independente e o controle será compartilhado.

“Enxergamos na Revista Manutenção um canal importante para que os gestores e demais profissionais conheçam as tendências do setor e adotem práticas mais modernas e assertivas nas empresas. Trata-se de um público expressivo, e a nossa entrada na publicação ajudará no desenvolvimento de mais conteúdos que atinjam diretamente estas pessoas. O veículo, que é altamente qualificado e reconhecido no mercado, poderá implementar ainda outras iniciativas a partir dos nossos investimentos”, explica Igor.

O valor do investimento não foi revelado. De acordo com Fauzi Mendonça, diretor da revista, não há intenção de ampliar a equipe. “A Revista conta hoje com 177K seguidores, a maioria bem qualificado, no geral são profissionais técnicos e gestores de manutenção, desde o início eu poderia ter turbinado a divulgação, mas optei por crescer organicamente e qualificar o público, e é exatamente isso que trouxe os resultados obtidos, logo a estratégia é manter ela crescendo organicamente”, comentou.

Segundo ele, a revista já vinha trabalhando junto com a Tractian, com Igor passando a ser colunista e com a criação de um curso online batizado de Intensivão, para apresentar técnicas de manutenção preditiva na indústria. A ideia agora é ampliar esse conteúdo criando uma “universidade” online para quem atua no setor.

Uma mídia para chamar de minha

“Content is king”, cravou Bill Gates em 1996. A frase ficou célebre, mas ele não inventou nada. Seres humanos se fascinam por boas histórias desde que começamos a habitar esse planeta. É pelas histórias que nos comunicamos, passamos adiante tradições, aprendemos – e também alguns espalham fake news e desinformação de uma forma irresponsável, mas isso é outro assunto.

Mais recentemente, as empresas parecem ter percebido esse poder das palavras e passaram a investir em suas próprias plataformas. É só olhar XP com InfoMoney, BTG com Exame, Magalu com Jovem Nerd e Canaltech, entre outras, só para citar exemplos brasileiros. Conteúdo gera autoridade. E em tempos de busca de alternativas às casas alugadas das grandes plataformas (Olá, Google e Facebook!), gerar e controlar o próprio tráfego para aquisição de clientes também não faz mal a ninguém.