A Privacy Tools encontrou um nicho próprio para conquistar seu crescimento. Com sua solução de gestão de privacidade dos dados – uma mistura entre lawtech e startup de segurança da informação – a companhia está em ritmo de expansão e já bateu os R$ 150 milhões em valuation – segundo a nova rodada que a companhia deve fechar em breve.
“Já estamos na fase final com fundos interessados, já chegamos a referência do valuation e também do cheque, que deve ser de R$ 10 milhões”, destaca Aline Deparis, cofundadora e CEO da empresa, em conversa exclusiva com o Startups, mas sem revelar os fundos envolvidos no deal.
O interesse dos investidores tem respaldo nos números. Segundo a fundadora, a companhia deve fechar 2024 com um aumento de 50% em sua receita, chegando nos R$ 13 milhões de faturamento. No ano passado, a companhia anotou R$ 8 milhões. “Para o ano que vem, queremos acelerar com a rodada de investimento e chegar nos R$ 20 milhões”, completa Aline.
A Privacy Tools não é a primeira empreitada de Aline no mercado de tecnologia. Empresária atuante no mercado gaúcho de TI, ela chegou a presidir a Assespro do estado, e desde 2019 lidera a Privacy Tools, fundada bem durante boom de empresas buscando adequação à LGPD.
O carro-chefe da startup são soluções de gerenciamento da privacidade com módulos pensados para o uso em diferentes segmentos do mercado e para cumprir com as obrigações das diferentes legislações, como LGPD e GDPR. Focada em ser uma empresa de SaaS, a Privacy Tools atende principalmente negócios que já possuem suas áreas e políticas de governança.
“Acho que hoje o principal nosso principal cliente acaba sendo as empresas corporate. Por exemplo, temos empresas como a Eletrobrás e outras tantas grandes corporações já listadas em bolsa, porque eles já têm na sua companhia uma área de governança extremamente bem estabelecida”, avalia a CEO.
Segundo Aline, a regra de pareto vale para seu negócio, com 80% clientes enterprise e 20% médias empresas – a companhia se tornou a escolha dos DPOs em outras grandes marcas como Rede D’or, Usiminas, Banco RCI, Pague Menos, Grupo Bom Jesus, Grupo Fleury, Grupo RBS, entre outras.
Atualmente a companhia conta com 350 clientes pagantes recorrentes. Entretanto, segundo a CEO, o efeito de rede de sua solução é maior, abrangendo mais de 1,1 mil empresas. “Quando eu falo de empresas como o Grupo Zaffari, ou Farmácias São João, estamos falando de várias marcas e CNPJs dentro de um mesmo contrato”, explica a executiva.
Entretanto, como parte deste crescimento, nos últimos anos a companhia também investiu em módulos adicionais para atender mais demandas de sua base, somando recursos de ESG (Environmental Social & Governance), GRC (Governance Risk & Compliance) e Cibersegurança.
Com a nova rodada, o plano da companhia é expandir essa suíte de serviços, trazendo para a mesa um recurso que se tornou imprescindível para qualquer empresa atualmente – inteligência artificial.
IA e internacionalização
O único aporte levantado pela Privacy Tools até hoje foi uma rodada pré-seed de R$ 2 milhões liderada em 2022 pela Bossa Invest e DOMO, o que segundo Aline, foi importante para o primeiro sprint de crescimento da companhia. Entretanto, agora com novos planos para o produto e metas de expansão internacional, chegou a hora de captar de novo.
Quanto ao produto, a empresa está olhando para a IA de duas formas. Conforme explica Aline, a primeira novidade está pronta, e é um dos anúncios que a companhia guardou para o Web Summit, em Lisboa. Se trata da Pria, uma IA que atua como copiloto para o DPO, ajudando em insights e ações sobre os dados levantados pela plataforma, tudo dentro das regulações de segurança.
Entretanto, segundo destaca Aline, o “game changer” para a plataforma da Privacy Tools deve chegar no próximo ano, com o lançamento de um módulo de gestão e governança para os dados utilizados em aplicações de IA dentro das companhias.
“Essas são as principais frentes de investimento pra esse novo cheque que a gente tá captando agora. Queremos usar a IA pra entregar uma melhor experiência, entregar maior celeridade e automação pro DPO, mas igualmente temos o foco no módulo de governança em IA, porque já é uma pauta de legislação nacional, e está em discussão no Senado“, explica.
Entretanto, esse foco em IA não mira apenas o mercado brasileiro. De olho no mercado europeu, que sempre puxa a frente quando o assunto é regulação de tecnologias – vide a GDPR e o recente AI Act – a companhia está pronta para uma investida internacional mais agressiva.
“Estamos olhando para os mercados que a gente considera mais maduros, e aí estamos olhando para a União Europeia, olhando também para a inteligência artificial. Já temos alguns clientes por lá, como o Banco Renault, mas vamos aproveitar o Web Summit para abrir mais portas”, avalia Aline.