Se te perguntar dos fundadores que deixara universidade para montar uma startup e revolucionaram o mundo, os dropouts, você certamente vai se lembrar de nomes como Bill Gates e Mark Zuckerberg. Mas e aqueles outros que não cursaram formalmente Stanford ou Harvard e também criaram negócios interessantes? Espera, eu nem sabia que dropins existiam. Pois é, e Alex Vilhena é um deles – junto com Marcelo Sampaio, fundador da Hashdex.
Em uma temporada que passou na Califórnia, ele foi dropin do MBA de Stanford frequentando aulas, participando e até conseguindo um emprego por causa disso. Foi a partir daí que começou a trabalhar mais próximo ao mercado de pagamentos e chegou no que é hoje a Plug Pagamentos, a fintech que ele montou ano passado com Marcel Nicolay e Thiago Garuti, e que acaba de levantar uma rodada seed de US$ 2,7 milhões.
O aporte foi liderado pelo fundo Costanoa Ventures e contou com a participação do Fontes, recém-lançado braço de early stage do QED. Também entraram a Norte Ventures e o Latitud – do qual Alex participou na 1ª turma. A fintech já tinha levantado uma rodada pré-seed com investidores anjo e tinha vendido uma fatia de 7% para a Y Combinator quando participou do programa de aceleração no começo do ano.
A dor
A dor que ele percebeu depois de passar por empresas como Chute e Braintree era que as empresas acabavam fazendo múltiplas integrações de meios de pagamento pela necessidade de ter uma opção em caso de algum problema. “Eu negociava 8 meses para o cara me falar que ia começar a implementação depois que terminasse a do meu principal concorrente”, conta Alex, sobre as várias vezes que ouviu isso. Até que ele resolveu criar algo que atendesse essa demanda.
E onde melhor para fazer isso do que no Brasil, onde um quarto das transações com cartão de crédito no ambiente online é recusada e as empresas fazem uma nova integração de meio de pagamento a cada 14 meses – a ideia original era fazer isso nos EUA e na Europa onde ele já tinha vivido e trabalhado, mas isso é outra história.
Assim nasceu a Plug. Não com a proposta de ser mais uma opção de meio de pagamento, mas como uma camada, um marketplace onde diferentes ofertas ficam disponíveis e onde o cliente pode escolher e trocar de fornecedor sempre que sentir necessidade. No cardápio estão produtos de fintechs como Zoop, Adyen e Stripe, mas também players tradicionais como Cielo, Rede e Banco do Brasil.
Planos
A ideia é que as empresas reduzam o uso de horas de desenvolvedores com processos de integração, paguem menos taxas – em média 30%, e consigam aumentar sua taxa de aprovação de transações ao fazer composições com provedores com diferentes critérios de análise de risco.
Perguntado se há planos de criar o próprio meio de pagamento para ser oferecido como opção, Alex disse que isso pode vir a acontecer um dia, mas não está nos planos para o curto ou médio prazo. “Já temos muita coisa a fazer apenas em pagamentos pelos próximos 2 ou 3 anos”, reflete.
Os primeiros clientes da Plug começaram a colocar o sistema em operação em maio, depois de cerca de 1 ano de desenvolvimento do produto. Alex não revela o número exato, mas diz ter dezenas de clientes. A lista cresce para algumas centenas de CNPJs porque, pelo modelo de operação da Plug, clientes dos clientes também podem usar o serviço.
De acordo com o fundador, o alvo inicial são startups pelo seu modelo de crescimento acelerado, mas grandes empresas já começam a sondar para também contratar a Plug. A equipe conta hoje com 13 pessoas e o plano é dobrar esse número. A partir de janeiro, a companhia já prevê uma expansão de suas operações para a América Latina. “Tem muitos provedores de pagamentos, mas faltam plataformas. O mercado está muito fragmentado. E a nossa visão é ser a melhor plataforma da região em um prazo de 5 anos”, crava o cofundador. Falta perguntar o que o Rodrigo Dantas e o Fernando Cirne, da Locaweb, acham disso.