Um ano depois de chegar no Brasil, a mexicana Casai está enxugando as operações. Enquanto realiza cortes na sua força de trabalho, a plataforma de hospedagem de curta temporada está negociando uma fusão com a Nomah (ex-Uotel), startup de locação flexível de apartamentos de luxo que faz parte do ecossistema Loft desde 2020.
Os planos da Casai parecem ter mudado bastante em pouco tempo. Nos últimos meses, a startup reforçava os planos de expansão com a aquisição da Roomin, no fim do ano passado, e da Loopkey, em abril/22. Em junho, o discurso ainda era de que a companhia se preparava para expandir a presença no Brasil, seu mercado mais representativo na América Latina.
Na época, o Startups conversou com o diretor geral da Casai no Brasil, Luiz Mazetto, sobre os próximos planos da companhia, que dizia ter uma taxa de ocupação em torno de 90%. A companhia afirmava que continuava analisando possíveis futuras aquisições, de olho em empresas que tivessem sinergias fortes com sua experiência e operação. Além disso, a Casai, que tinha 700 apartamentos sob gestão em São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis, projetava chegar a 2.500 unidades entre seu país natal e o Brasil, onde planejava entrar em mais uma cidade.
A Casai hoje
Segundo apurou a Bloomberg Línea, as negociações da fusão da Casai com a Nomah ainda não foram concluídas, mas devem ser finalizadas em breve. No acordo, a Loft venderia suas ações na Nomah para a Casai e investiria na nova empresa resultante da fusão.
Fundada por Nico Barawid e Maricarmen Salazar no México em 2019, a Casai já levantou mais de US$ 53 milhões desde sua fundação, de investidores como Monashees, Kaszek e Andreessen Horowitz – que também investe na Loft. Pessoas familiarizadas com o assunto disseram que a Casai pretendia fechar uma série B de US$ 70 milhões no fim de 2021 ou uma extensão da série A (US$ 23 milhões em equity e US$ 25 milhões em financiamento de divída) em abril. No entanto, as negociações não avançaram.
A falta de caixa levou a proptech a demitir pelo menos 60 funcionários no Brasil na semana passada – cerca de 30% do seu quadro de 200 colaboradores. Pelo menos 20 funcionários foram dispensados no México. Novas demissões podem acontecer nos próximos meses para reduzir as redundâncias do acordo com a Nomah. Com a fusão, o CEO da Nomah, Thomaz Guz, deixaria a empresa em 6 meses e o CEO da Casai, Nico Barawid, assumiria o comando da operação.
O Startups procurou a Casai para esclarecer as informações, mas a companhia não retornou a solicitação até o momento.
Pé no freio
A notícia das demissões da Casai chega em meio ao cenário turbulento no mundo das startups, resultado das altas taxas de juros, inflação e crescente incertezas políticas. No Brasil, a proptech se junta a nomes como Loft, Ebanx, VTEX, Alice, Quanto e Facily, que somadas demitiram cerca de 1.300 pessoas nos últimos meses para cortar os custos.
A situação da Sonder, versão norte-americana da Casai, teria acendido a luz amarela para os investidores da proptech brasileira. Em junho, a Sonder cortou mais de 20% da sua força de trabalho motivada pela queda no desempenho e o ambiente macroeconômico. Segundo a Bloomberg Línea, depois que isso aconteceu os fundos de venture capital e os family offices que são donos dos imóveis da Casai decidiram segurar o freio e pausar a extensão da série A.
A reportagem menciona que uma alegada má gestão financeira teria levado ao esgotamento dos recursos. Funcionários mexicanos afetados pelos cortes não estariam recebendo as indenizações estabelecidas pela lei local.