2024 promete ser um ano de festa para a Housi, startup do setor imobiliário que oferece o conceito de smart living ao promover moradia por assinatura. Prestes a completar o seu quinto aniversário, a companhia tem mais de um motivo para comemorar. Depois de triplicar o faturamento no último ano, alcançando R$ 300 milhões, a proptech diz estar pronta para fazer sua expansão internacional, com a expectativa de fechar uma captação nos próximos meses e, em breve, retomar os planos do IPO.
Fundada em 2019, a empresa utiliza tecnologia de ponta para criar residências inteligentes e conectadas a serviços e comodidades. Com mais de 200 mil apartamentos distribuídos em mais de 125 cidades pelo país, a companhia nasceu com o objetivo de otimizar e desburocratizar a vida dos moradores por meio da integração de soluções digitais e automatizadas, oferecendo liberdade e economia de tempo.
“O know-how de expansão e crescimento do negócio virou parte do nosso dia a dia, adotando uma cultura mais expansionista, com modelos escaláveis”, afirma Alexandre Lafer Frankel, CEO da Housi, em conversa com o Startups. Segundo o executivo, muitos dos clientes que a companhia já atende no Brasil operam também fora do país, e expressavam o desejo de trabalhar com a proptech em outras regiões. “Sempre houve provocação para internacionalizar, mas eu segurava as rédeas por uma questão de foco, por saber que ainda tinha muita coisa para fazer no Brasil”, revela o empreendedor.
Expansão internacional
Agora, com o negócio bem estruturado e já em crescimento no país de origem, Alexandre considera que é o momento ideal para olhar para fora. “Estamos preparando a expansão internacional. É muito interessante ter um modelo totalmente brasileiro iniciando uma jornada como essa. Ficamos muito felizes e temos certeza que o modelo também será vencedor fora do Brasil”, considera. Segundo o CEO, a ideia é começar a internacionalização ainda em 2024.
Por causa do idioma em comum, Portugal será o primeiro país estrangeiro a receber a Housi. Em seguida, a empresa pretende levar o modelo de negócios para o México e os Estados Unidos. “Portugal tem uma questão de similaridade de idioma, além de muitos brasileiros estarem por lá e de ser um país que serve como a porta de entrada para a Europa. Já os EUA são o maior mercado do mundo, com potencial enorme de crescimento, e onde já temos ótimas conexões. Por fim, o México é um país grande, com muitas similaridades com o Brasil, e também já temos parceiros que operam na região, explica Alexandre.
A carta na manga da Housi para se destacar nestes mercados, segundo o CEO, é o pioneirismo. “Até então, temos um modelo inédito, pois nunca achamos no mundo um modelo similar ao que fazemos. A Housi contribui para a digitalização da moradia, levando para o mercado os prédios do futuro, a moradia do futuro. Essa é, por si só, a vantagem competitiva que a gente precisa. Aí, entra a nossa competência em executar o sucesso que tivemos no Brasil e conquistar o público externo, e temos muita convicção de que isso é possível pois é um produto muito escalável”, avalia Alexandre.
No Brasil, a prioridade é crescimento. A proptech pretende investir cerca de R$ 120 milhões para expansão dos serviços oferecidos em seus espaços, e tem a expectativa de fazer mais de 140 lançamentos em todo o país em parceria com construtoras e incorporadoras regionais, com um valor geral de vendas (VGV) estimado em R$ 8 bilhões. Após triplicar em 2023, chegando a R$ 300 milhões de faturamento, a previsão da Housi é crescer 2,5 vezes em 2024.
Reunindo investidores
Para acelerar esses planos, a companhia pode acabar contando com uma nova captação de recursos. “É um pressuposto que uma companhia que acredita no crescimento, quer fazer algo muito relevante e de alto impacto esteja aberta a rodadas. Estamos sempre em conversas com potenciais investidores”, conta Alexandre.
Segundo o CEO, os diálogos com investidores “aumentaram muito” nos últimos três meses e, sem dar muitos detalhes, afirma que “pode ser que pinte alguma coisa nos próximos meses”. A Housi recebeu um único aporte desde a sua fundação – um cheque de US$ 50 milhões feito pela gestora Redpoint eventures, em 2019.
Apesar das perspectivas de captação, o aporte não é necessário para a sobrevivência ou continuidade do negócio. O executivo revela que a proptech já é lucrativa há cerca de dois anos. “A mentalidade sempre foi criar um modelo de sólido e sustentável e, desde a virada que fizemos durante a pandemia, a Housi vem entregando resultados de forma consistente”, pontua.
E o IPO?
Em 2020, a Housi apresentou um prospecto para abertura de capital na B3. No prospecto entregue à CVM, a companhia não deu detalhes sobre o quanto pretendia captar na emissão de ações. A oferta tinha como coordenador líder o Credit Suisse, com a participação de Bank of America, UBS, Citi e Safra.
No entanto, os planos não foram para frente. “Não considero que foi uma tentativa de IPO da Housi, pois aquilo não tinha nada a ver com o que fazemos hoje”, diz Alexandre. No pré-pandemia, a proptech operava os compactos, com foco na gestão do aluguel. Com o tempo, o negócio evoluiu até se tornar a plataforma imobiliária que conhecemos hoje, indo além da gestão da moradia e oferecendo as residências inteligentes e conectadas a serviços e comodidades, atendendo os moradores, incorporadores e até colaboradores de empresas.
“Quando decidimos fazer o IPO naquela época, a Housi seria a gestora dos imóveis. Não era o IPO da Housi, e sim de uma empresa de real estate que tinha a Housi acoplada a ela. Por isso, não considero uma tentativa de IPO da Housi em si. Ainda assim, foi um momento em que a gente achou que tinha a oportunidade de fazer esse movimento, pois o mercado tinha uma janela aberta, que fechou rapidamente e quase todo mundo ficou de fora”, avalia.
O executivo admite ainda ter planos de abrir o capital da companhia. “O IPO é uma oportunidade de saída que deve pelo menos estar no radar do empresário que está crescendo e tem sonhos grandes. Sim, tenho planos para isso, mas agora quero um IPO puramente da Housi como empresa de tecnologia, e não com a tese antiga que nem está mais de pé da forma como havia sido estruturada”, afirma.
No entanto, ele diz ainda não ter previsões para uma listagem na Bolsa de Valores. “Temos um crescimento robusto para fazer. Acho que no fim deste ano, entregando o crescimento projetado, teremos uma empresa passível de fazer IPO. Aí, teremos que analisar as oportunidades de negócio e de mercado para o crescimento da companhia, e faríamos isso com bons olhos”, finaliza.