Proptechs

Polícia investiga proptech Tabas por atrasos em pagamentos

Segundo proprietários, empresa atrasa repasses desde o ano passado, após ser comprada pela estrangeira Blueground

Tabas
Tabas. Foto: Canva

A Tabas, proptech de aluguéis flexíveis para estadias de médio e longo prazo, virou caso de polícia. A startup, que ano passado foi comprada pela americana Blueground, virou alvo de investigação após acusações de não transferir aluguéis e condomínios de imóveis sublocados a proprietários de imóveis de luxo.

Segundo reportagem da TV Globo, cerca de 15 boletins de ocorrência foram abertos contra a proptech, e um grupo de aproximadamente 85 proprietários de imóveis em bairros nobres de São Paulo, como Itaim Bibi e Jardins, estão buscando seus direitos para receber o dinheiro dos aluguéis ou reaver a posse dos imóveis.

De acordo com os proprietários, desde o começo deste ano a Tabas by Bluground não transfere os valores pagos pelos inquilinos. Além disso, reclamam de que os valores de condomínio ou de IPTU dos imóveis não foram quitados pela proptech – algo que está no contrato assumido pela companhia com os donos dos imóveis.

Patricia Nerath, uma das proprietárias atingidas, falou à TV Globo que até o fim de 2022 os valores eram pagos normalmente, mas a partir de 2023 começaram os atrasos. “Eles alegavam que tinham se associado com a americana Blueground e o sistema de pagamentos estava mudando. Mas, a partir de março deste ano, eles simplesmente pararam de pagar tudo”, contou.

Ao procurar representação legal para reivindicar seus direitos, Patricia descobriu de um grupo de outros proprietários descontentes com a Tabas. Eles se reuniram para acionar a proptech na justiça e criaram WhatsApp para trocar informações – o grupo conta com cerca de 85 pessoas, e cerca de 60 delas estão movendo ações.

Conforme os advogados que representam o grupo de proprietários descontentes, os prejuízos passam de R$ 1,5 milhão. Em reposta às acusações, a Tabas afirmou que está ciente das reclamações e todos estão sendo tratados na justiça.

“Os casos mencionados estão em processos judiciais e cada situação tem uma motivação específica, prevista em contrato, para suspensão dos pagamentos. Em todos eles, foram apurados valores devidos pelos proprietários à Tabas em razão de benfeitorias que a empresa fez em seus imóveis”, disse a empresa em comunicado enviado à reportagem do Startups – confira a nota completa mais abaixo.

Background

Com mais de 2 mil imóveis sob administração, a Tabas atualmente atua em três cidades no país – São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Pelos seus contratos, a proptech assume a administração dos imóveis por prazos longos, cuidando da manutenção física e dos custos de condomínio e IPTU, repassando mensalmente valores fixos aos proprietários.

No lado dos inquilinos, a Tabas cobra valores acima da média do mercado por suas estadias, aproveitando o aspecto de alto padrão dos imóveis listados.

Foi com essa tesa que a Tabas, fundada durante a pandemia pelos cofundadores Leonardo Morgatto e o italiano Simone Surdi, chamou a atenção no mercado. Em 2022 a companhia captou R$ 80 milhões em uma série A, e no fim do mesmo ano foi comprada pelo grupo norte-americano Blueground.

Na época da aquisição, a companhia divulgou que tinha expandido 10 vezes no último ano, mantendo uma taxa média de ocupação de 93%.

Nota completa da Tabas

“A Tabas é uma startup de locação e sublocação de imóveis, não se caracteriza como imobiliária, para tanto, a empresa não deixou de fazer repasse de aluguéis, mas sim, como inquilino, suspendeu o pagamento.

A empresa está ciente dos casos e informa que não foi notificada sobre nenhum inquérito policial em andamento que discuta a falta de pagamento dos aluguéis. Os casos mencionados estão em processos judiciais e cada situação tem uma motivação específica, prevista em contrato, para suspensão dos pagamentos. Em todos eles, foram apurados valores devidos pelos proprietários à Tabas em razão de benfeitorias que a empresa fez em seus imóveis.

Atualmente, a Tabas administra mais de 2 mil imóveis, e esses casos, que representam menos de 2% da nossa base de clientes, estão sendo tratados, adequadamente, na justiça. Estamos comprometidos em garantir que cada situação seja tratada com a devida atenção e conforme as determinações legais.

Seguimos crescendo e liderando o mercado de aluguéis flexíveis, focados em oferecer uma experiência de alta qualidade para todos os nossos inquilinos, com a transparência e o compromisso que sempre foram pilares da Tabas.”