Negócios

Qconcursos vira holding e engatilha suas primeiras startups

Nova configuração da QConcursos é reflexo da aquisição pela Yduqs, mirando novas linhas de negócio

Qconcursos vira holding e engatilha suas primeiras startups

O plano da QConcursos é ir além do mercado dos concurseiros. Para a edtech, que cresceu no mercado disponibilizando uma plataforma de ensino para estudantes de concursos, o momento é de expandir com aquisições e novas linhas de negócio. Para isso, a startup agora é uma holding, chamada GrupoQ.

Sob a nova configuração, reflexo da aquisição da startup pela Yduqs (gigante criada pelas faculdades Estácio, IBMEC e Damásio) no ano passado, a empresa pretende ampliar sua atuação na área de empregabilidade. Isso inclui a própria QConcursos, mais um centro de P&D voltado ao desenvolvimento de startups para novas unidades de negócios ou soluções complementares às já existentes.

“Tínhamos essa ânsia de trabalhar com empregabilidade para outros setores”, dispara Caio Moretti, cofundador e CEO da QConcursos, falando sobre como rolou a sinergia com a Yduqs, que pagou R$ 208 milhões pela startup. “Eles toparam o desafio de ser um parceiro para desbloquear o mercado e tomar riscos. Nós passamos o último ano fazendo redesenho e agora começamos a lançar outras soluções para o mercado”, completa.

Além da QConcursos, outras duas startups já fazem parte da holding. Em junho, foi lançada a QCarreiras, que segundo a empresa, tem como objetivo ser um “Coursera brasileiro”, oferecendo cursos para o desenvolvimento de carreira para profissionais já no mercado. A outra é a Prisma, que tem como foco cursos para estudantes de ensino médio se preparando para o Enem.

“Já contamos com cerca de 400 mil usuários pela QConcursos. Com estas novas ofertas, queremos chegar a 1 milhão de usuários até 2025”, afirma Caio. Segundo o executivo, a expectativa é que 50% a 60% deste público seja da plataforma para concurseiros, com boa parte dos novos usuários vindo dos novos produtos.

Novas direções

De acordo com o CEO, a guinada em novas direções se deu pela vontade de atingir novos público e endereçar outras lacunas de mercado, mas também por conta de uma estabilização no segmento de concursos. “O mercado de cursos para concurso público é estável, mas não cresce de forma agressiva”, destaca Caio, pontuando também a recente compra que a empresa fez para consolidar sua posição. Em março a QConcursos pagou US$ 5,45 milhões pelo site de notícias Folha Dirigida, um dos maiores do país em audiência de concurseiros.

Caio Moretti, CEO da QConcursos

A meta da holding é chegar ao final de 2022 com pelo menos cinco novos negócios sob o guarda-chuva. No momento, as três operações em andamento têm foco B2B, mas a expectativa é criar novos produtos para atender empresas muito em breve. “É um mercado gigantesco. Podemos tanto trabalhar com uma universidade em um projeto de educação digital, até startups que desejam ter seus programas internos”, explica Caio.

O CEO afirma que possíveis aquisições estão nos planos – e a grana está disponível para eventuais oportunidades. Contudo, o objetivo envolve principalmente desenvolver projetos de dentro de casa, ou atuar em frentes de cocriação com outras startups para expandir oportunidades de negócio, tudo isso mantendo os pés bem fincados no chão. “Somos uma empresa totalmente bootstrap, mesmo com a venda pra Yduqs“, aponta.

Essa “folga” no caixa é exemplificada pelo Prisma. Voltada ao público adolescente que está se preparando para o vestibular ou Enem, a plataforma é totalmente gratuita ao público, e no momento está escalando sua base de usuários. “O crescimento tem sido impressionante”, avalia, dizendo que já tem planos de monetização para o produto, mas que não deverão ser pagos pelos jovens. “Se cobrarmos dos estudantes, não seremos diferentes de um cursinho, e já tem demais disso no mercado”, afirma.

No final do dia, Moretti explica que o novo foco da QConcursos, além de lucrar (obviamente), é trazer algo novo à mesa das edtechs. “Queremos gerar soluções para todos os públicos. Por que não fazer um produto de dez reais para 10 mil pessoas, do que uma de mil reais para cem pessoas? A gente pensa na escala para compensar no valor”, finaliza.