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Qualcomm: IA sairá dos centros de dados e irá para os dispositivos

No Brazil at Silicon Valley, CEO da companhia, Cristiano Amon, disse que evolução deve acontecer nos próximos cinco anos

Bianca Martinelli e Cristiano Amon durante a BSV´24
Bianca Martinelli e Cristiano Amon durante a BSV

A enorme demanda de poder de processamento para treinar modelos de inteligência artificial catapultou a Nvidia para o Olimpo das empresas de tecnologia – um seleto clubinho batizado de Magnificent Seven. Mas a companhia terá que correr se quiser se manter nessa posição nos próximos anos na medida em que a mágica passa a acontecer não mais nos centros de dados, mas na ponta, nos dispositivos que estão com os usuários.

“Os modelos de edge podem ser criados para tarefas específicas e criam computadores melhores”, disse o brasileiro Cristiano Amon, presidente e CEO da Qualcomm, durante painel no primeiro dia da conferência Brazil at Silicon Valley. Segundo ele, é dessa forma, na ponta, que as tecnologias normalmente ganham escala.

A expectativa é que, em breve, telefones, carros e todo tipo de equipamento possam fazer inferências e cálculos por conta própria, sem precisar “conversar” com um centro de dados. Essa evolução deve acontecer nos próximos cinco anos.

Em março, durante o Mobile World Congress (MWC), em Barcelona, a Qualcomm apresentou um novo chip para celulares, o AI hub, que já vem carregado com 46 modelos de inteligência artificial. Ele mencionou como exemplo de aplicação para a computação na ponta um projeto desenvolvido com uma montadora de carros alemã que permite perguntar ao veículo sobre um problema e receber uma resposta bem detalhada.

A computação no dispositivo, ou na borda, é importante no contexto de velocidade de resposta e tomada de decisões por pessoas e equipamentos. Um carro autônomo que precisa desviar de um pedestre ou evitar a colisão com um outro veículo não pode se dar ao luxo de ter uma conexão lenta, ou ficar sem sinal.  

Segundo Amon, essa mudança de local do processamento vai exigir uma adaptação de quem desenvolve sistemas já que criar aplicação nos centros de dados é muito diferente de um dispositivo na ponta.       

A defesa do poder de computação na ponta não é exatamente uma surpresa vinda da Qualcomm. Afinal, a companhia é especializada em desenhas chips e crias propriedade intelectual para o mercado de telecomunicações. A Samsung e outros fabricantes de telefones do mundo Android usam muito os processadores SnapDragon, enquanto a Apple é um cliente na parte de chips de comunicação.

Como já está acostumada com esse ambiente, ela tem vantagens se o caminho for esse mesmo. A Nvidia já tentou, mas não conseguiu garantir para si um espaço no mundo dos dispositivos móveis. Se ela vai conseguir esse feito nos próximos anos é a grande questão.