Investimento global de venture capital cresceu em 2025 | Foto: Canva
Investimento global de venture capital cresceu em 2025 | Foto: Canva

O relatório Venture Pulse Q3’25, publicado pela KPMG, mostra o que todo mundo já sabe: investidores de venture capital só querem saber de inteligência artificial, e startups que não possuem soluções baseadas em IA estão começando a enfrentar dificuldades para atrair capital. O estudo abre uma exceção, no entanto, para regiões como África, América Latina e Sudeste Asiático, onde as fintechs provavelmente continuarão sendo a principal prioridade de investimento.

O investimento de venture capital alcançou US$ 120,7 bilhões globalmente no terceiro trimestre de 2025, em um total de 7.579 deals — um aumento de pouco mais de 7% em relação ao volume de US$ 112 bilhões registrado no trimestre anterior, reforçando o quarto trimestre consecutivo de forte crescimento global.

“O otimismo cauteloso que vimos no trimestre anterior deu lugar a um otimismo genuíno. As empresas que abriram capital anteriormente estão apresentando bons resultados, e as listagens mais recentes também tiveram desempenho sólido. De modo geral, as perspectivas parecem muito positivas. Em termos de setores, pouca coisa mudou — a inteligência artificial continua sendo o segmento mais aquecido, as tecnologias de defesa seguem atraindo forte interesse e as fintechs tiveram um excelente ano, muito além do mercado cripto. Olhando para o quarto trimestre de 2025 e para 2026, todos os indicadores apontam para uma continuidade da força do mercado”, afirma Conor Moore, Global Head da KPMG Private Enterprise.

A dominância da inteligência artificial, segundo a KPMG, é tão forte que praticamente todos os grandes fluxos de capital estão se direcionando para empresas que conseguem demonstrar uso concreto da tecnologia — seja em produtos, processos internos ou estratégias de crescimento.

O relatório destaca que a IA deixou de ser um diferencial competitivo para se tornar um requisito básico para atrair investidores, especialmente nos Estados Unidos, Europa e China, onde o ecossistema está cada vez mais polarizado entre quem tem IA e quem não tem.

A região das Américas atraiu a maior parte dos investimentos globais de venture capital no terceiro trimestre de 2025, reforçando a posição da região como líder em rodadas de estágios mais avançados. Entre os destaques, três dos cinco maiores aportes do mundo foram realizados em empresas dos Estados Unidos: uma captação de US$ 13 bilhões pela Anthropic, uma rodada de US$ 10 bilhões da xAI e um investimento de US$ 1,5 bilhão na Geneysys.

Mas o aumento dos investimentos em IA não se limitou aos Estados Unidos. No Canadá, a Cohere levantou US$ 600 milhões, enquanto, na China, a MiniMax AI concluiu uma rodada de US$ 300 milhões. Outros destaques são as chinesas GLP (US$ 348 milhões) e Runhui Technology Development (US$ 256 milhões), ambas dedicadas ao desenvolvimento de data centers impulsionados por IA; a sueca Lovable (US$ 200 milhões), que oferece ferramentas para criação de sites e aplicativos com recursos de IA; e a canadense Blue J (US$ 122 milhões), uma plataforma de pesquisa jurídica que utiliza inteligência artificial.

Em meio aos conflitos geopolíticos globais, o segmento de Defesa também permaneceu uma prioridade para os investidores de venture capital no terceiro trimestre de 2025. O maior negócio do período nesse segmento foi a captação de US$ 469 milhões pela norte-americana BETA Technologies, desenvolvedora de aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVTOL). Outros aportes relevantes incluíram Castelion (EUA, US$ 350 milhões), Galactic Energy (China, US$ 334 milhões), Hadrian (EUA, US$ 260 milhões) e XPeng Aeroht (China, US$ 250 milhões).

O interesse dos investidores tem se concentrado cada vez mais em tecnologias de uso dual, ou seja, que possuem aplicações tanto comerciais quanto militares.