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Quem são os próximos Triumphant Three da América Latina

Mercado Libre, Nubank e iFood são os "três triunfantes". Para o futuro, aposta é em IA, fintechs, creator economy e energia sustentável

Relatório do Atlantico selecionou as três empresas que triunfaram na América Latina. Foto: Canva
Relatório do Atlantico selecionou as três empresas que triunfaram na América Latina. Foto: Canva

Se os Estados Unidos têm as suas Magnificent Seven, a América Latina tem os seus Triumfant Three. Relatório do Atlantico divulgado nesta quinta-feira (18) em um evento no Instituto 12, no Rio de Janeiro, selecionou três empresas de tecnologia que triunfaram na região: Mercado Libre, Nubank e iFood. Mas quem serão os próximos?

Segundo o relatório, as áreas mais promissoras para os próximos anos serão Inteligência Artificial (duh!), Fintechs, Plataformas Sociais e Energia Sustentável.

Para Julio Vasconcellos, partner no Atlantico, as empresas latinoamericanas têm potencial para liderar as transformações que vêm ocorrendo nesses mercados. O tema do report deste ano era “LatAm does it better”.

“O Brasil não é para amadores, mas o fato de ser tão difícil empreender por aqui é justamente a razão de termos empresas tão bem-sucedidas e resilientes. Temos na América Latina algumas das melhores empresas de tecnologia do mundo, o Nubank é o melhor banco digital do mundo, e temos potencial para fazer mais”, disse Julio, durante a apresentação do report.

O segmento de IA, segundo ele, representa hoje cerca de 20% do dealflow na América Latina, sendo que a maior parte das empresas usa a inteligência artificial como uma facilitadora, e não são centradas na tecnologia em si.

Entre as aplicações de IA com potencial de crescimento, segundo o relatório, estão as áreas de Recursos Humanos, Serviços Financeiros, Educação, Saúde, Telecom, além do Direito – onde várias lawtechs têm usado IA para ajudar nas tarefas burocráticas.

“Mercado de fintechs não está saturado”

O segmento de fintechs foi um dos que mais cresceram nos últimos anos, chacoalhando um mercado que era dominado pelos mesmos grandes players há décadas. Recentemente, o Bank of America (BofA) divulgou relatório apontando que o mercado de fintechs no Brasil poderia estar próximo da sua saturação.

No entanto, para Gustavo Ahrends, da Norte Ventures, o dinamismo desse segmento continua abrindo espaço para o surgimento de novas empresas e modelos de negócio.

“O setor de fintechs não está saturado. Está mudando muita tese dentro do mercado, tem muita coisa acontecendo, e vai haver uma mudança drástica na forma como o mercado financeiro se comporta por causa do blockchain”, apontou o investidor, durante um painel que contou ainda com a participação de Bruno Batavia, da Valor Capital, e moderação de Paula Rechtman, da AWS.

Julio Vasconcellos, do Atlantico, destacou avanços regulatórios promovidos pelo Banco Central no Brasil, como o Pix, Open Finance e Drex, que aumentaram a eficiência, a concorrência e o acesso nesse mercado. Entre as áreas com potencial de crescimento para os próximos anos, ele citou o crédito, investimentos e seguros.

Creator economy

O relatório destaca ainda o potencial das redes sociais e do marketing de influência na América Latina. De acordo com o estudo, 77% dos brasileiros usam redes sociais para pesquisar sobre marcas, mesmo percentual da Argentina. No México, 82% das pessoas têm esse hábito. Nos Estados Unidos, para efeito de comparação, esse percentual é de 62%.

Ao mesmo tempo, a monetização continua sendo um desafio para os criadores de conteúdo, que em sua maioria (mais de 70%) têm parcerias não remuneradas ou free merch. Com isso, o documento destaca o potencial de crescimento de startups como a Hotmart e a BrandLovrs, que conecta marcas a criadores de conteúdo.

O documento destaca ainda o uso massivo do WhatsApp no Brasil e o potencial de crescimento de startups como a Magie, que lançou um banco digital dentro do aplicativo de mensagens, utilizando modelos de linguagem com IA.

Energia Sustentável

Endereçar o desafio climático dependerá de um esforço combinado em diferentes áreas, como fornecimento de energia, transporte, agricultura e uso da terra, e compensação de carbono, destaca o Atlantico. Essas verticais também representam boas oportunidades de negócio para o futuro.

Segundo Julio, a América Latina pode ser a solução para a crise climática, representando 32% dos recursos hídricos renováveis, 49% das reservas de lítio (mineral fundamental para baterias de sistemas fotovoltaicos e carros elétricos, por exemplo) e 21% das reservas florestais.

“A regulação tem viabilizado o surgimento de negócios em geração distribuída”, acrescenta o investidor.

Entre as startups citadas como exemplo de atuação nesse setor estão a mexicana Niko, que facilitou o acesso a energia solar por meio de um modelo de financiamento com custos reduzidos em relação às linhas de crédito tradicionais. E, ainda a Re.green, fundada por cientistas brasileiros, que atua com tecnologia proprietária para uma plataforma de reflorestamento e modelos de sequestro de carbono.