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Quer internacionalizar sua empresa via EUA? Muita calma nessa hora!

Nem todo founder faz as perguntas certas antes de fazer seu movimento para tornar sua startup global, diz consultor.

Quer internacionalizar sua empresa via EUA? Muita calma nessa hora!

Para muitos founders, especialmente os mais jovens, levar o negócio para o próximo nível passa pela meta de torná-lo internacional – ou como preferem dizer, GLOBAL. E quando se pensa em tech, o Vale do Silício é a primeira coisa que vem à mente. Entretanto, antes de comprar qualquer passagem pra terra do Tio Sam, é preciso pensar com calma. No primeiro dia do South Summit Brasil, um dos paineis mais frequentados – inclusive com fila (NA CHUVA!) para entrar – tratou do processo de internacionalizar um negócio.

“Uma das perguntas que poucas startups fazem antes de buscar o mercado norte-americano é o por quê dessa vontade de ir para os Estados Unidos”, disparou Layon Lopes, advogado e consultor especializado no assessoramento a startups e scale-ups que desejam abrir suas asas para além do Brasil.

Segundo Layon, que participou do processo de internacionalização de empresas como a gaúcha Rocket.Chat – uma espécie de “pré-unicórnio”que no ano passado recebeu R$ 100 milhões em uma rodada puxada pela Valor Capital – o ímpeto de estar nos Estados Unidos muitas vezes entra no caminho de migrar de forma bem-sucedida. “O processo não começa só pelo ‘boots on the ground’”, afirma Lopes, apontando que pode ser fácil pagar pelo registro de uma empresa por lá, mas é preciso fazer muito mais do que isso.

“Você quer ir para os Estados Unidos só para ter presença internacional? Para acessar mais oportunidades de investimento? Ou acredita que seu produto adere ao mercado de lá?”, provocou o palestrante, inclusive dando uma alfinetada sobre o sonho do Vale do Silício. “Ir para estes lugares faz mais sentido para startups em busca de funding, já que os investidores em sua maioria estão lá, mas em termos de oportunidade de mercado, é preciso ver de forma bem mais abrangente”, afirma.

A palavra-chave, na visão do consultor, tem a ver com o market fit de cada empresa, algo que nos Estados Unidos pode até ser atrapalhado até por uma escolha errada de estado para sediar a empresa, já que cada um possui suas burocracias e detalhes.

Segundo Layon, tem fundador que ainda acredita no mito da Califórnia e do Vale do Silício como a terra prometida, mas que na realidade pode ser um dos estados mais difíceis de se empreender, dado o alto custo imobiliário e de mão de obra. Os empresários mais atentos estão começando a olhar para estados como Delaware e Texas como suas portas de entrada para os Estados Unidos, ou até mesmo para fincar a estaca zero de suas operações. “São locais com custo de vida mais barato, baixa burocracia e que não devem em nada em termos de forças de trabalho”, explica.

Europa: uma porta para os EUA?

No mesmo painel, Fernando Custódio, Business Architect da Atlantic Hub, birô lisboeta que ajuda empresas brasileiras a entrar no mercado europeu via Portugal, “puxou a sardinha” para o seu lado e destacou que o país de Camões se tornou uma porta para as startups entrarem não apenas na Comunidade Europeia, mas também para acessar o mercado norte-americano com maior robustez.

“Começar a internacionalização do negócio por Portugal vem sendo uma das formas das empresas terem menos atrito neste processo, adquirindo a experiência para expandir”, avalia.

Embora não se tenha números absolutos sobre isso, dá pra ver que diversas empresas estão indo na contramão das caravelas e começando a desbravar o mundo por Portugal. A QuintoAndar iniciou a sua internacionalização no final de 2021 com a abertura de um escritório em Lisboa – a Loggi fez o mesmo um ano antes. E isso que estamos apenas mencionando os nomes mais conhecidos.

Mesmo assim, a questão do market fit levantada por Layon também se aplica neste caso, já que o mercado europeu também tem suas peculiaridades. Segundo ele, faz sentido começar a internacionalização por mercados como Portugal, Espanha, ou até mesmo na América Latina, como Chile ou México, para depois ir aos Estados Unidos. Contudo, não existe uma “receita de bolo”, e um erro pode igualmente sangrar o caixa da empresa.

“Vale a pena pela segurança e experiência de validar seu negócio em um mercado internacional, mas ainda assim, é preciso estudar e planejar para ter o sucesso esperado”, finaliza.