A Insider cresceu bootstrapped, mas chegou a sentar à mesa com os VCs. Entretanto, não recebeu aporte, ouvindo que o mercado de marcas digitais de varejo (DNVB) estava batendo no teto, e que não tinha um modelo campeão em mãos. Entretanto, em 2023 a empresa manteve os números dos últimos quatro anos, dobrando receita a cada ano. E para 2024 ela quer mais. A mira está em crescimento de 165%.
“De uma forma geral, o mercado dizia que tinha um teto, mas nós estamos consistentemente quebrando esse teto”, afirma Yuri Gricheno, fundador e CEO da companhia. Focada na venda digital, a marca de vestuário ultrapassou no ano passado a Hering como a marca que mais vende produtos básicos no meio digital. Segundo dados da própria empresa, ela recebe mensalmente cerca de três milhões de visitantes, já vendeu mais de 4,5 milhões de produtos e em 2024 ela espera bater a meta de um milhão de clientes atendidos.
Entretanto, para o executivo, o que fez a Insider ganhar este espaço nos últimos anos tem a ver com uma abordagem tecnológica para seus negócios – uma empresa de roupas operando como uma startup, por assim dizer. De acorddo com Yuri, a Insider é “tech-enabled” tanto na parte de produto, como no desenvolvimento de tecidos tecnológicos para suas peças. “O mercado da moda é majoritariamente do varejo físico, preocupado em negociação de ponto de venda, pra coleção de moda, mas a gente opera a Insider como uma empresa de tecnologia, com um portfólio fixo de produto, aplicando um olhar tecnológico, fazendo upgrades nesse portfólio”, pontua o CEO.
Esse olhar tecnológico também se reflete na parte de vendas, com estratégias proprietárias de dados para melhorar a aquisição de clientes. “Pilotamos isso com bastante precisão, para ser uma startup de alta perfomance operando no bootstrap. Pode parecer que a gente gasta bastante com marketing, mas isso é uma estratégia pensada ano a ano para poder investir mais”, explica Yuri, falando sobre a presença da companhia nas redes sociais, estratégia que tem ajudado a Insider a impulsionar suas vendas.
Com isso em mente, a companhia está passando por um rebranding, adotando o slogan “made for the future”. Segundo Yuri, a reformulação da marca busca fortalecer os pilares de tecnologia, design e sustentabilidade, imprimindo esses diferenciais no mercado da indústria da moda.
“Esse slogan vale não apenas para a marca, mas para os produtos e os hábitos de compra de nossos clientes, optando por roupas mais duráveis e matérias-primas mais sustentáveis como fibras de celulose, por exemplo”, explica o CEO.
Querida dos startupeiros
Apesar de serem básicos, os produtos da Insider não são os mais baratos – e nem é intenção de Yuri entrar nessa briga de mercado. Por exemplo, uma camiseta da marca sai por R$ 160 – já uma cueca sai por salgados R$ 79. “É um produto para quem pode pagar um pouco mais, mas sabe que terá retorno com peças mais duráveis”, explica.
Entretanto, um público tem abraçado a proposta básica da Insider, e é justamente uma galera que é fã da camiseta básica preta: os founders. “Este público de empreendedores é uma parcela de nosso público que compra com bastante recorrência”, diz Yuri. Aliás, devido a este gosto dos fundadores, a empresa resolveu dar seus passos no B2B.
No ano passado, a companhia lançou a Insider Business, unidade de negócios que atende empresas, produzindo camisetas corporativas. Yuri não falou sobre números de faturamento dessa divisão, mas revelou que, por exemplo, as empresas brasileiras escolhidas na última turma da Y Combinator, são clientes. “Praticamente todas fizeram suas camisetas conosco. É um dos segmentos nossos que a gente mais aposta no crescimento”, completa.
Crescimento e propostas
Apesar de ter surgido como uma marca majoritariamente voltada ao público masculino, hoje a Insider aposta forte em um portfólio abrangente. “Hoje já temos mais produtos para o público femnino do que masculino, mas tem ainda um potencial bem grande para explorar nessa frente”, afirma.
Já na parte de canais de venda, a empresa quer se manter firme como uma marca com seu core no digital – mais de 80% de suas vendas são online. Entretanto, a empresa já fez parcerias para vender no varejo físico, e deve tentar outras este ano. “Tem uma boa possibilidade de crescermos em outros canais, mas a prioridade é o digital”, frisa Yuri.
Aliás, por falar em parcerias, Yuri revelou que sua marca já chegou a ser procurada por grandes grupos de moda para uma possível aquisição. É uma estratégia recente de super marcas, como por exemplo a gaúcha Arezzo, que comprou a DNVB Baw há dois anos e tem colaborado com startups de moda para misturar varejo digital e físico.
Entretanto, o CEO da Insider fechou suas portas para a possibilidade de M&As nesse momento, e deve continuar firme e forte no seu bootstrapping. “Ainda temos muito a destravar no mercado enquanto Insider, e estamos em uma boa posição para fazer isso”, finaliza.