O QuintoAndar está desembarcando em 5 países da América Latina de uma vez só. A expansão é resultado da compra das operações de anúncios de imóveis do grupo argentino Navent, dono do Imovelweb. O acordo, que não teve valor revelado, não envolveu a divisão de classificados de empregos.
A compra foi fechada com uma parte em dinheiro e outra em ações e acontece 4 meses depois de o QuintoAndar concluir sua rodada de série E, na qual captou um total de US$ 420 milhões, avaliado em US$ 5 bilhões.
Com ela, a proptech se coloca à frente de seus 2 principais concorrentes, o ZAP e a Loft, em temos de presença geográfica. O ZAP, que teve a compro pela OLX finalizada em outubro/20, só atua no Brasil, enquanto a Loft acaba de retomar seu plano de expansão pela América Latina com a compra da mexicana TrueHome. O passo tinha sido deixado de lado em 2020 por conta da pandemia.
Ao incorporar os sites da Navent na Argentina, Equador, Panamá. Peru e México, o QuintoAndar turbina sua operação de compra e venda de imóveis, na qual atua só há pouco mais de 1 ano. Só o Imovelweb diz em seu site ter mais de 4 milhões de anúncios. Em agosto, o QuintoAndar dizia ter 60 mil imóveis à venda. A companhia tem atualmente mais de 150 mil imóveis e R$ 50 bilhões em ativos sob administração, operando em mais de 40 cidades no Brasil.
“Todos os imóveis deveriam estar aqui”, brinca Gabriel Braga, cofundador e presidente da proptech. “Para gerar liquidez para o mercado é importante gerar tráfego, ter o máximo de demanda para gerar mais oferta. Isso importante. Também é preciso ter coordenação e uma plataforma para ser mais eficiente”, completa.
Segundo ele, além de mais anúncios de imóveis, o aumento da rede traz a possibilidade de ampliação do alcance de outras ofertas da companhia, como os serviços financeiros para imobiliárias que não operam dentro do marketplace do QuintoAndar. Opções como o aluguel sem fiador e o crédito imobiliário, que só estavam disponíveis dentro do site, começaram a ser oferecidos de forma separada com a compra da Velo e da Atta.
O passo será dado 1º no Brasil e depois na região. Mas o prazo para isso acontecer ainda está definido. Enquanto isso, o QuintoAndar tem estudado a possibilidade de chegar ao México com sua marca própria, passando a dividir espaço com Immuebles24, da Navent.
A Navent
A história da Navent começa em 1999 como Bumeran, um classificado online de empregos. No ano seguinte, a operação foi comprada pelo Terra, da Telefónica.
Em 2003, os executivos recompraram o controle do negócio. Em 2004, já como Navent, e atuando com anúncios de empregos e também de imóveis, a companhia recebeu um aporte da Tiger Global. Após 3 anos, o fundo assumiu o controle da operação. Em 2010, a Navent compra o Imovelweb. Dois anos mais tarde, a Riverwood Capital fez um aporte de US$ 30 milhões e virou sócia do negócio. Em 2014 veio mais uma capitalização feita pela gestora, de US$ 20 milhões.
Desde então, ela continuou com sua estratégia de aquisições, com 7 operações anunciadas até 2020. Em 2015, com a compra da ZonaJobs e da ZonaProp, ela anunciou que dobrava de tamanho passando a ter 850 funcionários e uma projeção de receita de US$ 100 milhões.
Do aluguel à compra e venda
Nascido como um site para aluguel de imóveis, o QuintoAndar entrou no mundo da compra e venda e imóveis ano passado, em meio à pandemia. Em um movimento inverso, a Loft, entrou no segmento da locação, embolando a disputa entre as duas companhias – que têm a SoftBank como investidor em comum.
Em paralelo à corrida das duas, uma série de outras companhias como a EmCasa e até nomes de menor porte, como a goiana imobles, vêm buscando seu lugar ao sol no mercado. O próprio ZAP tem buscado alternativas manter sua liderança após a integração com a OLX.
Para Gabriel, é natural que o mercado se tornasse tão competitivo. “O mercado é tão grande e com tantas dores que seria ingenuidade achar que não teria gente querendo atacar. Mas estamos bem confiantes no que podemos oferecer. Ninguém entrega o que temos no aluguel. E a próxima etapa na compra e venda de imóveis é reinventar as operações, que ainda são mais complicadas do que deveriam ser”, avalia.
Para Gabriel, o QuintoAndar se beneficiou da atuação por 8 anos somente no segmento de locação, que ele considera ser mais complexo que o de compra e venda, por conta do prazo curto que os imóveis ficam disponíveis no mercado e pelo tíquete mais baixo nas operações, com economics apertados. “Já éramos uma marca procurada”, diz.
Agressivo com responsabilidade
De acordo com Gabriel, a companhia tem adotado uma visão agressiva, mas com responsabilidade, de olho na sustentabilidade futura da operação. “Não adianta também você capotar na curva”, diz ele, sem dar detalhes sobre os números da empresa.
Perguntado sobre um possível IPO, o cofundador disse que isso é algo que o QuintoAndar pretender fazer, mas que não há uma data definida, ou mesmo pressão para que isso aconteça.
Sobre o cenário econômico nada promissor para 2022, ele disse que o aumento dos juros e a inflação são ventos contra e estão sendo avaliados, mas que o plano da companhia é de longo prazo e mais estruturante. “Continuo achando que as pessoas vão precisar morar independentemente do presidente, da inflação, dos juros”, diz.