Em mais um movimento para expandir sua atuação para além do mercado imobiliário tradicional, o QuintoAndar tem buscado aprimorar a experiência diária nos condomínios por meio de tecnologia e inovação. A iniciativa reforça a estratégia de novo posicionamento da proptech de ser mais do que um site para alugar imóveis, olhando para a moradia em todas as frentes e etapas.
“O mercado condominial no Brasil é praticamente igual ao da década de 1990. Poucas coisas mudaram de lá para cá e os procedimentos são muito arcaicos”, afirma André Penha, cofundador e diretor de tecnologia do QuintoAndar, em entrevista exclusiva ao Startups. Quem mora em condomínios vai entender. Para falar com a portaria ou outros apartamentos, o morador precisa usar um interfone com fio e se estiver longe do ponto na hora que tocar, perde a ligação. Na portaria, encomendas são normalmente registradas em um caderno e as assinaturas de recebimento, feitas à mão. Se os pacotes acumulam e se perdem, a dor de cabeça é ainda maior.
Alguns prédios até começaram a criar grupos de WhatsApp numa tentativa de modernizar a comunicação. Mas assim como outros grandes grupos, pode virar uma bagunça – sem contar a falta de privacidade ao disponibilizar o seu número para todos os moradores. “Não estamos usando a tecnologia direito, adaptada à realidade dos condomínios para interagir de maneira geral”, pontua André.
Segundo o executivo, a solução para um processo mais eficiente é usar as tecnologias de forma mais assertiva, desenvolvendo produtos que melhorem a comunicação interna e a experiência das pessoas como um todo.
As estratégias do QuintoAndar
A primeira grande movimentação nesse sentido aconteceu em novembro de 2020, com a aquisição da SíndicoNet, plataforma de conteúdo, capacitação e serviços para síndicos, condomínios e administradoras condominiais. Na época, o QuintoAndar afirmou que a transação, de valor não revelado, era “uma forma de fortalecer estrategicamente o negócio, ampliando sua presença em segmentos com impacto direto na experiência das pessoas com moradia”. O portal registra mais de 1,2 milhão de visitas mensalmente apoia mais 6.000 fornecedores em seu marketplace.
Em março de 2022, mais uma aquisição. Dessa vez, a Noknox, plataforma que conecta moradores a síndicos, porteiros e prestadores de serviços. As soluções incluem cadastro de correspondências e encomendas, controle de acesso de visitantes, comunicados oficiais para moradores, reserva de espaços comuns e registro de ocorrências. Segundo o cofundador do QuintoAndar, a Noknox tem o potencial de se transformar em um ecossistema ainda mais completo para a experiência condominial.
“Trouxemos duas companhias que nos ensinam muito e nos ajudam a evoluir”, afirma André. Segundo o executivo, o QuintoAndar não tem outras aquisições no radar para fortalecer esse braço de negócio e deve focar nas empresas já incorporadas para crescer. “Pretendemos desenvolver as startups para apoiar a comunidade com tecnologia”, pontua. O que pode acontecer é integrar soluções da SíndicoNet na Noknox para que mais pessoas possam aproveitar os serviços.
“Não temos a intenção de fabricar hardware no QuintoAndar, mas queremos investir nos softwares para facilitar acesso aos prédios, principalmente os que não têm portaria”, diz André, adiantando os planos de aproximar a Noknox do segmento de controle de acesso aos condomínios. Segundo o executivo, a proposta é que os serviços do QuintoAndar no setor sejam “bastante acessíveis” para que prédios menores também consigam adotar os sistemas.
Em relação ao potencial de mercado, a proptech estima que o país tenha cerca de 400 mil condomínios. “A oportunidade é grande, e o mercado incipiente. Gostaríamos de ter nossas plataformas sendo usadas na maioria deles”, diz André. Para isso, a companhia vai investir na distribuição das plataformas, além do desenvolvimento do produto para melhorar a usabilidade e comodidade dos usuários.
O foco inicial é o Brasil, embora André reconheça que o modelo é facilmente escalável internacionalmente, até mais do que a venda e aluguel de imóveis. “Nesse momento só temos o Brasil no radar. Se expandirmos para fora, será uma vantagem adicional”, conclui.