CVC

Rentabilidade não é principal métrica de sucesso nos CVCs, diz estudo

Para ABVCAP, erro dos CVCs está em tratar o retorno financeiro das startups e estratégico da corporação como excludentes

Estudo da ABVCAP dá panorama e mostra desafios do cenário de CVCs no Brasil. Foto: Canva
Estudo da ABVCAP dá panorama e mostra desafios do cenário de CVCs no Brasil. Foto: Canva

A lógica que rege um corporate venture capital não é a mesma que sustenta um fundo de venture capital. Pelo menos isso é o que aponta um recente estudo realizado pela consultoria Oliver Wyman, em parceria com a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), que desenha um panorama dos CVC no país. Conforme o relatório, performance e rentabilidade não é o principal indicativo de sucesso para a maioria dos veículos de CVC.

De acordo com o levantamento, a qual o Startups teve acesso em primeiro mão na véspera do GVC 2024, apenas 27% dos CVCs respondentes apontaram a rentabilidade como a principal métrica de sucesso para um veículo de CVC. O percentual ficou atrás de outros indicadores como atividades realizadas ou geração de economias ou receita para a empresa mantenedora do CVC.

Separando esse indicador por tipo de CVC, a discrepância se torna ainda maior. Em CVCs conduzidos internamente nas empresas, a rentabilidade é um indicador primário para apenas 8% dos veículos. No caso dos CVCs conduzidos em estruturas apartadas do negócio principal, as coisas melhoram um pouco, subindo para 42%.

“Pode-se observar como nem todos os CVCs acompanham o resultado financeiro das próprias investidas. Em uma visão ainda menos otimista, costumam falhar ainda mais em acompanhar a rentabilidade da sua própria operação, sendo esse o indicador menos comum de acompanhamento em CVCs estruturados internamente à corporate”, diz o estudo.

De acordo com a associação, o erro dos CVCs está em tratar o retorno financeiro das startups e estratégico da empresa mantenedora como excludentes.

“O sucesso de um CVC depende de sua capacidade de combinar o retorno financeiro com o retorno estratégico, criando um ciclo virtuoso onde ambos se complementam. Isso requer uma conexão eficaz entre as startups investidas e a corporação, permitindo que as inovações geradas pelas startups alimentem o core business da empresa-mãe, enquanto o CVC garante retornos financeiros adequados”, pontua o relatório.

Nas conclusões do estudo, a entidade dispara que muitos CVCs não têm uma definição clara de sucesso para cada investimento, o que se reflete também em problemas na gestão ativa do portfólio.

“A chave para o sucesso do CVC não está apenas na escolha dos investimentos, mas na capacidade de gerar sinergias que impulsionem a inovação e o crescimento em ambos os lados. Sem essa interação constante, correse o risco de deixar as startups ‘órfãs’, sem o suporte necessário para aproveitar todo o potencial do relacionamento com a corporação”, diz o estudo.

Apesar dos pesares, de acordo com o relatório, o mercado brasileiro de CVC vive um momento de amadurecimento, em que as corporações estão entendendo as diferenças entre investimento de risco, M&As e private equity – e agora o próximo desafio é aprender a gerar valor de forma consistente, tanto para quem mantém quanto para quem é investido.

“À medida que o ecossistema evolui, as corporações estão sendo cada vez mais pressionadas a demonstrar resultados concretos, tanto financeiros quanto estratégicos, especialmente em um contexto de maior taxa de juros e, portanto, maior custo de oportunidade. Para que os CVCs alcancem seu verdadeiro potencial, as corporações precisam definir de forma clara suas estratégias”, finaliza a associação, nas considerações finais do estudo.