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Resultado do Nubank decepciona; México e Colômbia afetam lucros

Resultados ficam abaixo do esperado pelo mercado e analistas apontam investimentos no México e Colômbia como fator de risco

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Nubank. Foto: Divulgação
Nubank. Foto: Divulgação

A Nu Holdings, dona do Nubank, divulgou na noite desta terça-feira (14) os resultados financeiros do primeiro trimestre de 2025, decepcionando o mercado – apesar da alta de 74% no lucro líquido, na comparação com o mesmo período do ano passado. A preocupação dos analistas é com relação à taxa de inadimplência e os custos com a expansão para os mercados da Colômbia e México, que afetaram os resultados.

“O resultado do Nubank foi fraco. Apesar do crescimento da base de clientes, da receita e do lucro, é evidente que o banco está sofrendo com inadimplência maior. Além disso, o crescimento em novos mercados, como Colômbia, está vindo à um custo maior, o que deve pressionar rentabilidade no futuro. No Brasil, os juros altos e inadimplência crescendo devem continuar pressionando o resultado financeiro”, destaca o Head de Research da Eleven Financial, Fernando Siqueira.

No relatório, o Nubank destaca que alcançou a marca de 118,6 milhões de clientes globalmente até 31 de março de 2025. Desse total, 104,6 milhões estão no Brasil, 11 milhões no México, e aproximadamente 3 milhões na Colômbia. No trimestre, o banco ganhou 4,3 milhões de clientes à sua base.

O lucro bruto do Nubank totalizou US$ 1,3 bilhão no primeiro trimestre de 2025, queda de 3% sequencialmente e um aumento de 32% em relação ao ano anterior em uma base cambial neutra. Segundo a instituição, essa queda sequencial, e a correspondente redução na margem de lucro bruto para 40,6%, “foram impulsionados principalmente por maiores provisões para perdas de crédito e aumento das despesas com juros no Brasil, refletindo a elevação da taxa Selic, que ainda não foram reajustadas integralmente em todo o portfólio”.

A companhia também destaca que a expansão da base de depósitos no México, embora estrategicamente importante, adicionou pressão às margens de lucro bruto no curto prazo.

Relatório do Safra classifica como negativo o balanço do Nubank e mantém a recomendação de compra dos papéis da companhia para neutra. Segundo a instituição, o lucro líquido de US$ 557 milhões do Nu ficou 3% acima das estimativas do Safra, mas 6% abaixo quando se exclui o efeito de um impacto único de U$ 47 milhões relacionado à reavaliação de um item específico dentro dos ativos fiscais diferidos.

A receita ficou 3% abaixo da projeção do Safra, devido ao menor NII (receita financeira líquida de juros) atribuído principalmente à pressão de financiamento no México, com o NIM (margem financeira líquida) do Brasil expandindo 70 bps (pontos base) em relação ao trimestre anterior. O lucro bruto ficou 8% abaixo do previsto pelo Safra.

“A qualidade dos ativos foi melhor do que o esperado, com um aumento sazonal natural na inadimplência antecipada, e notamos um tom mais otimista da administração em relação ao financiamento PIX, o que pode ajudar a acelerar as receitas devido às fortes margens do produto. Embora isso possa beneficiar os números do ano fiscal de 2025, não gostamos da dependência das receitas distorcidas para a expansão do crédito ao consumidor de alto rendimento em um ambiente de altas taxas de juros”, aponta a instituição.

O Safra destaca ainda que a Nu conseguiu reduzir seu custo de atendimento em 22% em relação ao trimestre anterior, para US$ 0,7/cliente ativo, como resultado de economias de escala e tecnologia. Consequentemente, o índice de eficiência atingiu 24,8%, 298 pontos-base abaixo da estimativa da instituição.

O Goldman Sachs, por sua vez, manteve recomendação de compra para as ações do roxinho. A instituição destaca os investimentos no México e Colômbia como um fator de risco que impacta no lucro, mas ressalta que a companhia discutiu a possibilidade de otimização significativa de financiamento no México e na Colômbia no futuro, o que, segundo ela, aumentará a lucratividade para mais perto dos níveis do Brasil.

Os principais riscos para a visão de investimento do Goldman Sachs na Nu incluem um ambiente macroeconômico mais fraco, levando a riscos de qualidade de ativos
e provisões mais altas; crescimento mais lento dos empréstimos; regulamentação impactando as taxas de cartões de crédito; investimentos no México e na Colômbia impactando a lucratividade; e ações com supervoto.