O lançamento oficial ocorreu durante um evento no Porto Marvalley, com a participação do prefeito Eduardo Paes | Foto: Fabio Motta / Prefeitura do Rio
O lançamento oficial ocorreu durante um evento no Porto Marvalley, com a participação do prefeito Eduardo Paes | Foto: Fabio Motta / Prefeitura do Rio

A Prefeitura do Rio de Janeiro firmou uma parceria com a X – The Moonshot Factory, laboratório de inovação da Alphabet, empresa-mãe do Google, para desenvolver projetos de tecnologia voltados à melhoria da infraestrutura urbana, sustentabilidade e crescimento econômico. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (3/11), no Porto Marvalley, e marca o início da Rio AI City, iniciativa que pretende transformar o município em capital da IA no país.

O acordo foi articulado pela IplanRio, empresa municipal responsável pela administração dos recursos de Tecnologia da Informação e Comunicação da cidade do Rio, em parceria com a Casa Civil, Comlurb e as Secretarias Municipais de Desenvolvimento Econômico (SMDE), Meio Ambiente e Clima (SMAC) e Infraestrutura.

A ideia, segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Osmar Lima, é trazer tecnologias disruptivas para ajudar a resolver problemas reais da cidade. “Ao fazer isso vamos melhorar a qualidade de vida, pois estamos falando de reciclagem, internet, rede elétrica. Estamos falando de formas de trazer melhores condições para prestação dos serviços públicos, mas também para atrair pessoas, empresas para a cidade”, disse.

Em entrevista ao Startups, João Carabetta, Presidente da IplanRio, explica que a parceria é um modelo de cocriação público-privada, em que o Rio se torna uma plataforma de testes de tecnologias avançadas em energia, conectividade, sustentabilidade e planejamento urbano.

“A iniciativa também abre espaço para startups, universidades e empresas locais participarem das fases de experimentação e escalonamento das soluções, o que reforça o caráter aberto e inovador do projeto”, aponta.

Da X nasceram projetos como o Waymo (carros autônomos), Google Brain (pesquisa de inteligência artificial de aprendizado profundo) e Wing (entregas por drones).

Um dos pilares dessa parceria é a Tapestry, o “moonshot para a rede elétrica” da X, que garantirá a confiabilidade da rede elétrica do Rio para o desenvolvimento da Rio AI City.

“O projeto vai operar de forma integrada ao Sistema Interligado Nacional (SIN), usando a Tapestry para aumentar a confiabilidade e a eficiência da infraestrutura existente. Isso permitirá construir uma rede ‘pronta para a IA’, resiliente e sustentável”, explicou João.

Segundo ele, a Tapestry é essencial para o sucesso da Rio AI City: “Ela ajuda o Rio a evoluir para uma infraestrutura urbana inteligente, com energia mais estável e previsível — um pré-requisito fundamental para o funcionamento de uma cidade orientada por inteligência artificial.”

Conectividade

A parceria também prevê a implementação da Taara, tecnologia da X que transmite dados por feixes de luz com velocidade de até 20 Gbps, sem necessidade de cabos subterrâneos. No Rio, a Taara conectará escolas, hospitais e serviços públicos em áreas de difícil acesso, além de criar uma rede de comunicação de emergência.

Já o Anori, outro projeto da X, aplicará IA e análise de dados urbanos para transformar o processo de licenciamento de construções. A plataforma digitalizará toda a legislação urbanística do município, permitindo que projetos sejam validados automaticamente — reduzindo prazos de meses para minutos.

O objetivo, segundo João Carabetta, é acelerar o crescimento urbano com sustentabilidade: “O Anori integra informações ambientais, regulatórias e de infraestrutura, criando um ambiente digital unificado para arquitetos, urbanistas e reguladores.”

Economia circular e sustentabilidade com IA

A Comlurb participará do projeto Materra, o “moonshot” da X voltado à economia circular. A tecnologia usa inteligência artificial e análise molecular para identificar materiais recicláveis com precisão, aumentando a eficiência da triagem de resíduos.

Com o apoio da Materra, o município pretende elevar a taxa de reciclagem de 1,4% para 35% até 2030 e 80% até 2050. “O princípio central dessa parceria é que crescimento econômico e sustentabilidade caminhem juntos. Cada uma das quatro frentes reflete esse compromisso”, destacou Carabetta.