Depois de três anos de hiato por conta da pandemia, o Rock in Rio está de volta e promete a maior e melhor edição da sua história. Para isso, o megafestival de música está investindo em dados e tecnologia com o intuito de melhorar a experiência dos fãs, parceiros e patrocinadores. As inovações são feitas em parceria com a Zoox, plataforma brasileira de big data que ajuda empresas a entenderem o comportamento do usuário.
“Nos apoiamos em dados e inovação para construir um negócio que é absolutamente analógico – a experiência ao vivo”, disse Luis Justo, presidente do Rock In Rio, durante a live “Como os dados estão revolucionando a indústria do entretenimento”, transmitida pelo LinkedIn na última quinta-feira (11). O executivo discutiu como o digital alterou as formas de lidar com o negócio e quais são os pontos-chave para empresas que querem acompanhar a tendência.
Segundo Luis, é fundamental que as companhias olhem para a tecnologia como uma ferramenta estratégica. “Muitas vezes as empresas decidem usar uma solução porque ela está na moda e esquecem o que está por trás”, pontuou. Ele explicou que as inovações incorporadas no negócio precisam colaborar com a missão da empresa, que, no caso do Rock in Rio, é criar experiências inesquecíveis.
As mudanças começaram no ano passado. “Estávamos pensando na edição que aconteceria em 2021 e abriríamos a venda dos ingressos com pulseiras físicas com a data do evento”, contou. Mas, com a pandemia, o cenário estava instável. Havia o risco de o evento ser cancelado (o que de fato aconteceu) e as pulseiras serem desperdiçadas. “Começa a surgir um processo logístico e questionamentos de sustentabilidade”, afirmou.
A solução foi adotar ingressos 100% digitais. Para Luis, o novo formato oferece mais conforto ao cliente, que não precisa retirar as pulseiras em pontos físicos, e para a própria empresa, que não tem que enviar milhões de ingressos até a casa dos clientes. “A digitalização permite um conhecimento ainda maior do cliente e dá a possibilidade de personalizar a experiência. Começamos a falar um a um, e não a produzir um volume imenso”, disse.
Para os fãs chateados com o fim dos souvenir, Luis afirmou que os ingressos digitais abrem ainda mais possibilidades de interação. “Quem sabe fazer pulseiras em NFT? Tudo isso vai construindo uma relação peer-to-peer, com conhecimento de qual é a melhor forma que o cliente entende que é a interação e a experiência com o Rock in Rio.”
Dados com propósito
A partir deste ano, a base de dados do festival passa a estar integrada ao sistema da Zoox. Segundo Rafael de Albuquerque, fundador da startup, a empresa está analisando informações de 2011 ao momento atual. “O maior desafio das empresas é como utilizar todo o volume de dados que elas geram. Estamos aqui para ajudá-las nesse processo”, disse o empreendedor.
A ideia é que com o passar do tempo a tecnologia fique cada vez mais inteligente e gere insights ainda mais assertivos. Se os dados mostrarem que os participantes do Rock in Rio são apaixonados por sorvete, por que não fechar uma parceria com uma marca especializada e vender durante o festival? Segundo o presidente do Rock in Rio, esse é apenas um exemplo do que pode ser criado para melhorar a experiência dos fãs.
“Nossa ideia para a edição de 2024 é surpreender os clientes entregando experiências que vão além do óbvio e são ainda mais personalizadas”, afirmou Luis. Ele acrescenta que todos os processos são feitos em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) para garantir a privacidade e proteção dos usuários.
Olhando para as tecnologias mais faladas do momento, como Web 3.0 e metaverso, ele diz estar sempre curioso para entender as ferramentas, mas sem uma ansiedade de que precise necessariamente implementá-la. “Se acharmos uma utilização que faça sentido para o metaverso ou NFT, vamos fazer. Mas não porque todo mundo está fazendo. Só se fizer sentido para os nossos objetivos”, declarou.
Segundo Reynaldo Gama, presidente da plataforma de educação corporativa HSM, o potencial do uso de dados na indústria do entretenimento é enorme. “Toda empresa tem um negócio escondido que pode ser explorado através dos dados. Esse é um assunto do presente e, quem deixar passar, vai perder a preciosidade que é ter uma enxurrada de informação, e vai ficar para trás”, argumentou.
A HSM é parceira da Rock in Rio Academy, uma espécie de escola do festival com conteúdos para empreendedores, gestores, executivos e fãs da marca. Reynaldo citou os desafios da parceria, já que o evento envolve uma infinidade de informações dos milhares de fãs presentes nos dois fins de semana de setembro. Isso sem contar todos os parceiros e patrocinadores.
Rafael de Albuquerque, fundador da Zoox, disse que a startup está preparada para o desafio. “Nosso objetivo é ter uma visão 360º do que está acontecendo, somando redes sociais, site, pulseiras distribuídas antigamente, entre outros. O executivo afirma que não busca uma relação cliente-fornecedor com o Rock in Rio, e sim algo mais colaborativo. “O festival precisava de um parceiro de dados que ajudasse a entender o comportamento dos clientes. Juntos, vamos acelerar a coleta, captura e identificação dessas experiências, sempre respeitando a LGPD”, concluiu Rafael.