Com menos de um ano de operação, o aplicativo de transporte com carros blindados Rhino chegou a 150 mil usuários e planeja passos mais ousados em 2025. A meta é chegar a R$ 50 milhões de receita ampliando a frota disponível em São Paulo, chegando ao Rio e atraindo clientes B2B.
Para tocar seus planos, a companhia acaba de levantar uma rodada seed de R$ 18 milhões (US$ 3,2 milhões). O aporte foi liderado por um “grande fundo de investimento europeu” que não teve seu nome divulgado – o que é curioso já que nessas horas o que interessa é realmente dar destaque a essa informação, mas segue o baile.
Também participou um sindicato de investidores anjo de Dubai e alguns investidores na pessoa física. Dentre os nomes está Vitaly Bedarev, que comanda o aplicativo de transporte inglês Gett e foi diretor do Uber na Rússia.
Ele e alguns dos investidores da captação atual já tinham colocado dinheiro na Rhino em seu pre-seed realizado em janeiro, quando ela levantou US$ 540 mil. De acordo com o russo Daniil Sergunin, a receita vem crescendo a um ritmo de 40% mês após mês desde o início das operações em janeiro com pouco investimento em aquisição de clientes. “Os usuários chegam muito por indicação de outros que gostaram do serviço”, diz ele ao Startups.
No use of proceeds da rodada está previsto um maior esforço de marketing para atração de novos clientes.
No lado do B2B, a ideia é tanto ter empresas como clientes para uso corporativo do serviço por funcionários e executivos, quanto criar parcerias para que clientes tenham condições especiais de uso. Hoje a Rhino tem acordos desse tipo com a Azul e a Vivo es está em conversas com bancos. “Não imaginávamos que entraríamos nesse segmento tão rápido. Mas ele sempre fez parte da tese”, conta Daniil. Segundo ele, o B2B responderá por metade do negócio rápido.
A criação da Rhino
A Rhino nasceu depois que Daniil se mudou da Suíça para o Brasil em 2020 e ouviu de amigos que precisava ter um carro blindado. “Eu nem sabia o que era isso”, lembra. Ele comprou um BMW blindado para rodar por São Paulo e ficou com a sensação de que poderia haver um negócio aí. Em meados de 2023, junto com o compatriota Alexander Karbankov, colocou no ar um aplicativo para testar a ideia. A interface funcionava, mas a conexão com um motorista não porque não existia uma operação.
O teste teve cerca de três mil cadastrados e validou a tese. O negócio começou então a ser construído e entrou em operação em 15 de janeiro. Hoje a empresa tem 24 funcionários, sendo a maior parte da área de tecnologia e trabalhando de fora do Brasil.
Modelo de operação
Ao contrário do que acontece com Uber e 99, na Rhino, os carros são da própria companhia – em um modelo asset light, alugados de outras locadoras – e rodam 24 horas em turnos de oito horas por motorista.
A frota própria, segundo Daniil, dá uma vantagem à Rhino, impedindo que outros concorrentes entrem no mercado. Hoje ela tem disponível modelos como o Corolla Cross, da Toyota, e o BYD Song Plus.
Os motoristas trabalham por hora e recebem um valor fixo e mais um variável. A função de receber gorjeta dos clientes está em desenvolvimento. Os motoristas passam por um processo de entrevistas e avaliação de antecedentes antes de serem contratados. Quando entram na Rhino, passam por um treinamento de um dia inteiro antes de começarem a trabalhar.
Neste treinamento, eles recebem instruções sobre como atender os clientes. A preocupação da companhia com a padronização do serviço é tanto que tem até indicação de playlist e um cheiro específico para os carros.
A Rhino não divulga o tamanho da frota de veículos nem quanto motoristas tem no momento.
Assim como acontece nas agências de transporte executivo, os motoristas retiram e devolvem o carro em uma garagem. Lá os veículos são preparados para o próximo turno. Hoje a Rhino tem duas bases em São Paulo. Uma na região do Itaim e outra na Paulista.
A cobertura na cidade está sendo ampliada aos poucos, mas hoje ainda é restrita ao que a companhia chama de “Área prioritária”, que abrange bairros como Bela Vista, Paraíso Pinheiros, Brooklin, Cidade Jardim e o aeroporto de Congonhas. Para fazer uma viagem a partir, ou com destino fora desses locais, é cobrada uma taxa de saída e uma de retorno do veículo.
De acordo com Daniil, uma viagem na Rhino hoje custa cerca de 50% mais que uma no Uber Black. O tempo médio de espera por um carro está na faixa de sete a oito minutos nas corridas realizadas instantaneamente. Também é possível agendar um deslocamento. O fundador conta que há uma grande demanda por corridas entre sexta e domingo, mas que já tem gente também que usa o aplicativo mais de uma vez por dia.
Apesar da clara identificação do serviço com um público de alta renda, Daniil garante que a ideia não é atender apenas o público AAA. De renda média para cima já funciona. “Queremos dar paz de espírito para quem se desloca em grandes cidades, oferecendo uma experiência mais segura e tranquila”, garante o fundador.
O Lampert Advogados assessorou a Rhino na operação. Já os investidores usaram equipes jurídicas próprias.