A edtech paulistana Analytica Ensino captou R$ 4 milhões em uma rodada de investimentos liderada pela Iron Capital para expandir sua plataforma para o universo corporativo. E o primeiro cliente da startup é ninguém menos que a Ambev, que quer ajudar os entregadores parceiros do aplicativo Zé Delivery a concluírem a formação no ensino médio.
Após a operação, a startup passou a ser avaliada em R$ 40 milhões. Esse é o primeiro investimento captado pela Analytica no mercado. Antes disso, a edtech havia captado cerca de R$ 800 mil com uma rodada para amigos e familiares, o chamado FFF (Family, Friends and Fools/Fans).
Sócio diretor na Iron Capital, Bruno Guedes afirma que a plataforma LMS (learning machine system) tem potencial transformador e inovador na educação. “Quando investimos em uma startup, analisamos uma série de critérios, dentre eles, as pessoas. A Analytica conta com uma equipe criativa, competente e dedicada. Além disso, um ponto favorável é a tecnologia, ideia e estruturas de ensino e conhecimento. A plataforma de educação fornece um reforço escolar para melhorar a qualidade de ensino e aprendizado dos alunos do Brasil atrelado a dados dos próprios alunos, principalmente aos alunos de escolas públicas”, aponta.
Além do reforço escolar
Fundada em 2020, a startup oferece soluções personalizadas para instituições de ensino e governos, por meio da análise de dados feita na sua plataforma. Em entrevista ao Startups, o CEO da Analytica Ensino, Marlon Ceni, contou que o core do negócio na época em que foi lançado era atuar como um reforço escolar. “À medida que aluno vai estudando na plataforma, a gente vai identificando lacunas de aprendizado e apresenta os pontos que precisam ser revistos pelo aluno. A mesma coisa com Enem. Fazemos um simulado e identificamos os pontos que devem ser melhorados”, explica Marlon.
A ferramenta também pode ser usada para identificar problemas mais generalizados. Por exemplo, quando uma turma inteira da escola apresenta dificuldades em uma disciplina. “Tivemos um caso em que percebemos que o problema era a dicção do professor”, aponta o CEO.
A ideia, de acordo com o executivo, é oferecer soluções desde o berço até o ensino superior. Recentemente, a startup comprou a empresa Sensorama Play, que produz jogos que se integram com o conteúdo passado em sala de aula. O foco são em crianças da primeira à quinta séries do ensino fundamental. Outro plano é lançar uma plataforma que ajude a identificar os alunos que são vítimas de bullying nas escolas.
Empresas, B2C e metaverso
Com o novo aporte, a ideia é expandir a Analytica para além das instituições de ensino públicas e privadas. Os planos da empresa hoje incluem a prestação de serviço para empresas, a aquisição de escolas para pontos físicos, a entrada no segmento B2C com cursos preparatórios, e até mesmo o lançamento de um metaverso.
No segmento de empresas, a primeira cliente será a Ambev, que além de oferecer formação básica para os entregadores do Zé Delivery também pretende oferecer cursos técnicos em parceria com a Analytica. A ideia é oferecer uma oportunidade de qualificação para os entregadores, que poderão optar por trabalhar na fabricante de bebidas depois do curso.
O CEO da Analytica contou ainda que a empresa foi procurada por uma construtora, que também quer formar auxiliares de obra até o terceiro ano do ensino médio. “Tem um nicho de mercado muito grande de empresas que estão preocupadas com ESG e estão procurando formas de investir no social, mas não encontram. Parte desses R$ 4 milhões será usada em melhorias no nosso sistema e investimento em conteúdo, inclusive corporativo, como conteúdo sobre soft skills para colaboradores de empresas em geral”, afirma Marlon.
O terceiro braço da operação será o B2C, com o lançamento de cursos preparatórios para concursos públicos, vestibular, etc. E, por fim, a Analytica também trabalha paralelamente com a criação de um metaverso que simula o ambiente escolar. A ideia foi um pedido de uma secretaria estadual de educação, segundo Marlon, que percebeu que muitos alunos com deficiência estavam deixando de ir à escola. A ideia da startup é recriar o espaço físico do colégio no ambiente virtual, onde esses alunos possam assistir às aulas de forma online e interagir com outros estudantes.