A Blip, startup de inteligência conversacional entre marcas e clientes, acabou de trazer novos investidores de peso ao seu captable. A companhia anunciou uma série C de US$ 60 milhões, liderada pelo SoftBank com participação do fundo de CVC da Microsoft.
Segundo destacou a companhia em nota, os fundos serão destinados a duas frentes que a companhia já está tocando. Uma delas é a de produtos de inteligência artificial, plano em linha com a tese recente do SoftBank de intensificar investimentos em negócios que estão colocando IA no seu core business.
Apesar da Blip já utilizar modelos de inteligência artificial e machine learning em suas soluções antes mesmo do hype de IA generativa ser algo, a companhia tem acelerado seus esforços na área nos últimos dois anos, inclusive criando ferramentas de agentes autônomos para automatizar tarefas nos call centers e facilitar o trabalho dos agentes humanos.
“Não há dúvida de que a interface das experiências digitais está se transformando em formatos conversacionais. O Brasil está em uma posição única para liderar essa transformação global devido ao modo como as pessoas aqui usam o WhatsApp em suas vidas diárias”, diz Roberto Oliveira, CEO e co-fundador da Blip, em comunicado.
Além disso, segundo Franklin Luzes, Latin America Digital Natives Lead na Microsoft, o aporte trará também o apoio da big tech na frente de IA. “Estamos empolgados em colaborar com a Blip e trabalhar para acelerar avanços em IA. Através de nosso trabalho em conjunto, a Blip terá acesso à infraestrutura e serviços de IA da Microsoft para aprimorar sua plataforma,” diz Franklin, em nota.
Além de apoiar os esforços em inteligência artificial, a rodada será utilizada para acelerar a expansão internacional da companhia. Além do Brasil, a startup possui atualmente escritórios na Espanha e no México, reflexo da companhia que a empresa fez no ano passado, quando adquiriu a startup mexicana GUS por um valor não divulgado.
Apesar de ainda não ter muitos escritórios em outros países, a Blip afirma que atende clientes em mais de 32 países, e a meta é explorar novos mercados – entre eles os Estados Unidos e Oriente Médio.
Trazendo os fundos grandes
A série C recém captada se soma a outros US$ 170 milhões que a Blip captou nos últimos anos. A rodada mais recente foi em 2022, quando a startup levantou US$ 70 milhões com o Warburg Pincus. Dois anos antes, o mesmo Warburg Pincus tinha colocado US$ 100 milhões na companhia, no que foi considerada na época a maior série A de uma startup brasileira.
“Continuamos muito animados com o potencial da Blip. A liderança da empresa na adoção de inteligência artificial em larga escala na América Latina é um diferencial muito relevante, e estamos confiantes de que os novos parceiros acelerarão ainda mais essa estratégia”, diz Bruno Maimone, sócio da Warburg Pincus no Brasil.
Com o aporte na Blip, o SoftBank “sai da toca” quando o assunto é investimentos em startups na América Latina. Apesar de ter até pouco tempo atrás um veículo dedicado a startups latinas, a gestora realizou a rodada na Blip por meio de seu braço global “One SoftBank”, que absorveu os Latin American Funds da companhia.
“Estamos empolgados em liderar a mais recente rodada de captação da empresa e apoiar seus esforços contínuos para criar sistemas de IA de uso geral, com potencial de crescimento global”, diz em nota Alex Szapiro, Managing Partner do SoftBank na América Latina.
Com cerca de 4 mil empresas clientes, entre elas nomes como Dell, GM, Itaú Unibanco, Stellantis, Claro e outras, a Blip anotou no ano passado uma receita anual recorrente de US$ 150 milhões, um crescimento anual de 40%.
Apesar do valuation da nova rodada não ter sido aberto, um relatório do Distrito publicado no começo do ano apontou que a Blip tem potencial para atingir o valuation de US$ 1 bilhão muito em breve.