
A Justos, seguradora auto digital que tem sua solução focada na recompensa a motoristas conscientes, voltou a captar. Três e anos e meio depois de fazer uma Série A de R$ 200 milhões (contando inclusive com o SoftBank), a empresa levantou R$ 92 milhões, em uma “growth round” (um nome bonito para não dizer série B).
A rodada foi liderada pela Ribbit Capital, que já tinha entrado na série A, e teve como outros participantes a Kaszek, Endeavor Catalyst e Scale-Up Ventures. Com dinheiro no caixa, o plano da companhia é consolidar sua presença nacional, investir ainda mais em produto, lançando novas ofertas e colocando mais IA no seu core business.
Segundo destaca a Justos, o novo aporte marca uma nova fase de crescimento sustentável para a empresa, que há pouco tempo recebeu a licença de seguradora S3 junto à Susep, que permite à seguradora operar os próprios produtos de seguro – antes, as apólices eram emitidas por uma seguradora parceira. Para dar aval a esse novo momento, as resseguradoras SCOR e Amlin renovaram com a Justos.
Em conversa com o Startups, o cofundador e CEO Dhaval Chadha apontou que o aporte chega para reforçar a estratégia adotada pela insurtech nos últimos tempos, que foi a de se aproximar dos corretores para impulsionar suas vendas e deixar de vez as vendas de apólices de forma direta no digital.
“É um resultado natural da maturidade do nosso produto. Com um produto melhor, atraímos mais os corretores e vimos que tínhamos um modelo com maior conversão”, explica Dhaval, completando que o investimento também para melhorar a tecnologia na ponta dos corretores – e é claro, atrair mais profissionais para vender as apólices da Justos. “Temos convicção de que o corretor segue sendo uma peça-chave na jornada do seguro auto”, afirma o CEO.
Para trazer mais corretores para a sua base, a empresa anunciou no ano passado a contratação de dois veteranos do setor, o ex-Sul América Luciano Lima, como novo diretor comercial sênior e Alexandre Camillo, como consultor consultivo.
Segundo Dhaval, o “pulo do gato” para esta frente está agora na inteligência artificial. O plano é desenvolver funcionalidades que tornem mais ágeis e automatizadas as tarefas dos corretores, aumentando a eficiência na ponta da cotação, venda e assinatura das apólices. “Pensamos em como redesenhar esses processos quase que ‘do zero’, colocando a IA no meio. Não queremos ser uma seguradora com IA, e sim uma empresa de IA que vende seguros”, dispara.
Planos futuros
Com o investimento, a meta da Justos não é das mais modestas. Segundo o CEO, o grande objetivo é se consolidar entre as 10 maiores seguradoras do país nos próximos anos. Apesar de não abrir o número específico de apólices operadas, Dhaval afirma que sua empresa já está na casa das “dezenas de milhares”, e mira alto. “Acho que podemos chegar na marca de 1 milhão (de apólices) em quatro a cinco anos”, dispara.
Atualmente, a companhia opera quase que totalmente com seguros de automóveis, incluindo aí também serviços de assistência 24 horas. Entretanto, mesmo dentro deste campo, a nova licença como seguradora S3 permitirà que a startup tenha ofertas mais variadas e com diferentes precificações.
Para quem não conhece, a Justos tem como proposta não ser uma seguradora que só é acionada na hora que o segurado tem um problema. Segundo Dhaval, o foco é recompensar o bom usuário o ano inteiro, com descontos em parceiros e outros serviços, e não somente na hora da renovação, como faz a maioria das seguradoras.
“Agora temos mais autonomia com nossos produtos, mas também mais responsabilidade. Claro que a gente tem resseguradoras nos dando o suporte, mas agora estamos no volante e temos mais credibilidade junto aos corretores”, pontua Dhaval.
Entretanto, o plano para crescer continua focado na sustentabilidade. Segundo o CEO, foi isso que garantiu que a Justos conseguisse dobrar de tamanho no último ano, ao mesmo tempo que baixou seu percentual de sinistralidade , chegando a 65%. Para este ano, a meta é ficar em 60%.
“Em seguros, é fácil crescer rápido cobrando barato, mas daí explode a sinistralidade. Estamos fazendo algo complexo, combinando bons produtos e tecnologia de ponta para entregar eficiência”, destaca o CEO.
Por falar em eficiência, atualmente a Justos tem cerca de 90 colaboradores no seu quadro, e o Dhaval não tem planos de aumentar esse time de forma muito agressiva. Com a IA no centro, o grande objetivo é ser mais eficiente por funcionário, sem precisar “pesar a mão” nas contratações.