
No mercado desde 2014, a Kuba Audio vem, aos poucos, ocupando seu espaço no mercado brasileiro de fones de ouvido. É um feito notável, levando em consideração que se trata de uma empresa 100% brasileira em um segmento ocupado quase que totalmente por players internacionais. Contudo, a fabricante quer mais e abriu uma nova captação para impulsionar seus planos em 2026.
A nova rodada, aberta via crowdfunding na EqSeed, tem a meta de levantar R$ 2 milhões e, segundo o fundador e CEO Leonardo Drummond, tem um objetivo claro: destravar crescimento. “A rodada vem para continuar lançando novos produtos, testar novos canais e investir em estrutura”, explica o executivo, em conversa com o Startups.
Segundo Leonardo, o capital ajudará em frentes críticas para a companhia — um exemplo disso é o aumento de estoque para suportar a demanda crescente dos produtos da marca. “No ano passado, a gente perdeu uma venda corporativa de mais de R$ 1 milhão porque não tinha estoque. Um cliente queria dois mil fones para entrega em um mês, e era impossível produzir nesse prazo”, relembra.
Além de reforçar o estoque, os recursos devem viabilizar uma entrada mais consistente em marketplaces, no varejo físico e no mercado internacional. “Modelos como o nosso Mali 2 já foram pensados para gôndola. Em 2026, a gente quer fazer esse movimento de varejo”, afirma.
Planos de crescimento
A nova rodada da Kuba é a terceira da marca, e a segunda feita via crowdfunding. Em 2021, a companhia levantou R$ 3,3 milhões com cerca de 300 investidores, o que, segundo Leonardo, foi uma demonstração de força da marca. “A gente conseguiu criar uma base de fãs que quer participar do negócio, não só consumir o produto”, completa.
Além disso, em 2023 a empresa levantou R$ 2 milhões com o fundo Desenvolve Amazônia, aporte que marcou o início de seus planos de internacionalização — algo que deve ser intensificado a partir de 2026.
Com a nova captação, a estratégia de produto da Kuba passa por atuar em duas frentes. De um lado, produtos de maior volume, parte deles produzidos fora do Brasil para garantir competitividade. De outro, a expansão da linha de headphones fabricados localmente, com foco em modelos mais premium, inclusive com um fone na faixa dos R$ 10 mil para competir com marcas internacionais de altíssimo padrão.
Apesar dos desafios inerentes à produção de hardware no Brasil, Leonardo ressalta que a empresa vive seu melhor momento. Em 2024, a companhia bateu a marca de R$ 5,2 milhões em faturamento e, segundo o fundador, deve fechar 2025 com um faturamento acima de R$ 7 milhões.
Com a nova rodada, a meta para 2026 é ainda mais ambiciosa. “Queremos crescer pelo menos 50% no próximo ano, mas acho que é possível crescer até 100%”, crava Leonardo.
Estratégia e produto
Para quem não conhece, a Kuba tem se tornado um nome conhecido entre os fãs de fones de ouvido graças a uma abordagem peculiar. Apostando em uma “cara” mais brasileira, a empresa desenvolveu fones modulares utilizando matérias-primas como hastes de madeira e concentrou boa parte de sua fabricação dentro do país.
Fruto da mente de Leonardo, um entusiasta de fones de ouvido e dono de um canal no YouTube dedicado ao assunto, a Kuba começou atraindo a atenção dos aficionados por áudio com modelos premium como o Kuba Disco. Entretanto, nos últimos anos, a companhia investiu para estourar essa bolha e, segundo o CEO, a estratégia está rendendo resultados.
O fone bluetooth Kuba Mali 2 é um exemplo dessa aposta em um público mais amplo. Lançado em pré-venda em outubro pelo preço de R$ 300, o modelo já soma cerca de 9 mil unidades vendidas em poucos meses.
O sucesso de modelos mais acessíveis ao consumidor casual, assim como a entrada no mercado B2B, ajudaram a Kuba a bater a marca de 15 mil fones comercializados só em 2025 — um número expressivo, considerando que a empresa chegou recentemente ao total de 50 mil fones vendidos.
“Hoje a gente já não é mais uma marca conhecida só pelo mercado audiófilo. A gente conseguiu furar a bolha”, conclui Leonardo.