
Como é de praxe no mercado atual de inteligência artificial, as coisas estão acontecendo rápido para a Darwin AI. A startup de soluções de IA para força de vendas acaba de anunciar uma nova captação, desta vez levantando US$ 4,5 milhões (cerca de R$ 25 milhões) em uma rodada seed liderada pela Base10 Partners, do Vale do Silício.
“Nem deu tempo de esgotar o investimento anterior”, brinca o fundador e CEO Lautaro Schiaffino, em conversa com o Startups. A rodada anterior, divulgada em abril do ano passado, trouxe US$ 2,5 milhões e investidores de peso como Canary, FJ Labs e Latitud para a então recém-criada companhia.
Sobre o novo aporte, Lautaro deixa claro o objetivo: “Agora é o momento de acelerar, pois o mercado de IA também está se acirrando. Ter um investidor do Vale, como a Base10, conectado às principais inovações em IA, é um aliado muito importante nesse momento”, dispara.
Os recursos serão aplicados em duas frentes: desenvolvimento de produto e expansão do go-to-market na América Latina, com Brasil e México liderando. Hoje, a Darwin tem clientes em 20 países, mas o Brasil representa 20% da base, enquanto o México responde por 30%. Segundo o CEO, no entanto, o Brasil tem potencial de ultrapassar o México e representar entre 30% e 40% dos negócios.
No campo financeiro, a Darwin também vem surpreendendo. No ano passado, ao anunciar sua primeira rodada, a empresa projetava alcançar uma receita recorrente anual (ARR) de US$ 1 milhão até meados de 2025. “Já estamos superando os US$ 2 milhões e, do jeito que estamos indo, acho que dá para chegar aos US$ 4 milhões em pouco tempo”, afirma o CEO, sorridente, antes de ponderar: “Temos que manter os pés no chão para não prometer mais do que podemos entregar”.
Para sustentar esse ritmo de crescimento de forma saudável, a startup implementou internamente sistemas de IA, evitando contratar mais pessoas do que o necessário e mantendo operações enxutas. No Brasil, por exemplo, a equipe soma 15 colaboradores.
Além do mid-market
O cuidado de Lautaro ao falar em crescimento sustentável tem bons motivos – a demanda está alta. Criada como uma solução de IA para automação de vendas voltada principalmente a PMEs, a Darwin passou a ser procurada também por clientes de grande porte.
“Não imaginava que as enterprises estavam tão mal atendidas por suas soluções de vendas e relacionamento, a ponto de se interessarem por uma solução jovem como a nossa”, comenta o CEO. “Por outro lado, ao verem nossos investidores e nosso histórico como fundadores, perceberam que somos uma empresa com visão de longo prazo, o que ajuda a conquistar esse tipo de cliente”.
Sem abandonar o mid-market, a Darwin planeja expandir para tickets mais altos e, para isso, pretende destinar parte dos recursos à construção de uma rede de parceiros, levando suas soluções a mais empresas no Brasil, México e também em países vizinhos, como a Argentina, terra natal dos fundadores.
Outro passo da estratégia é a diversificação do portfólio. Inicialmente focada em automação de vendas via WhatsApp, a Darwin hoje oferece uma suíte de soluções, cada uma com nome próprio: Alba (vendas), Sophia (pós-venda), Lucas (cobrança) e Eva (suporte e satisfação do cliente).
“Nossa solução de vendas ainda é a porta de entrada para muitos clientes, por ser uma dor central das empresas. Mas, à medida que percebem a eficiência dos agentes e o conhecimento acumulado a partir dos dados, eles querem aplicar em outras áreas do negócio”, explica Lautaro.
Essa rápida expansão de escopo levou Lautaro e seu sócio, Ezequiel Sculli, a repensarem a visão de longo prazo da empresa. Segundo ele, a IA deixou de ser apenas uma feature externa para se tornar tecnologia core nas companhias — e a Darwin quer ser parceira na orquestração desses agentes.
“Gosto de chamá-los de AI workers, porque acredito que podemos encarar esse nível de ambição. Queremos ser a empresa líder em ferramentas de AI relationship para o mercado latino-americano”, finaliza.