AI-first ainda é minoria nas grandes rodadas brasileiras | Foto: Canva (AI-generated)
AI-first ainda é minoria nas grandes rodadas brasileiras | Foto: Canva (AI-generated)

Se no exterior, a dominância da inteligência artificial nas rodadas mais valiosas no venture capital é uma realidade, aqui no Brasil essa tendência ainda não chegou. Segundo um levantamento do Sling Hub feito com exclusividade para o Startups, das dez maiores rodadas de equity levantadas pelas startups brasileiras, apenas duas foram para startups cujo core é de IA.

No total, o top 10 das rodadas brasileiras movimentou cerca de US$ 576 milhões. Entretanto, apenas duas delas (Starian e Canopy) têm status de mega rodadas, ficando acima dos US$ 100 milhões. Na faixa dos US$ 50 milhões aos US$ 100 milhões, também foram apenas duas – QI Tech e Solfintec – uma das startups AI-first da lista.

Completando a lista, foram mais seis rodadas na faixa dos US$ 30 milhões aos 50 milhões. É nessa faixa que está a outra startup AI-first da lista, a lawtech paulista Enter, que levantou US$ 36,8 milhões com o Founders Fund, Atlantico, ONE.VC e Sequoia Capital.

Quanto às verticais, o Top 10 de aportes em startups brasileiras até que é bem distribuiído. Segundo os dados da Sling Hub, fintechs lideram com três rodadas, seguido de logtechs e traveltechs com duas rodadas cada. Fechando a lista, com uma rodada para cada vertical, estão agtechs, construtechs e lawtechs.

Apesar dos cheques polpudos em negócios baseados em IA ainda serem minoria, para os especialistas da Sling Hub, isso não quer dizer que o Brasil está atrasado em relação a mercados aquecidos como o norte-americano e europeu.

Segundo o CEO João Ventura, os maiores cheques premiaram escala e previsibilidade, como fintechs, logtechs e traveltechs B2B já validadas, muitas vezes usando IA como camada de eficiência, e não como tese central do produto.

“Em 2026, esse quadro pode mudar se startups nativas de IA comprovarem ROI mensurável no enterprise e construírem modelos defensáveis, com dados proprietários, distribuição forte e compliance. 2025 foi execução, 2026 pode ser execução mais IA com resultado. Por ora, o ecossistema brasileiro segue pragmático: o próximo ano tende a premiar as AI-first que transformarem tecnologia em métrica, com eficiência comprovada, receita recorrente e escala”, afirma.

Confira abaixo o ranking das 10 maiores rodadas de equity do ano, segundo o Sling Hub:

  1. Starian – spin-off da catarinense Softplan voltada ao setor privado levantou US$ 115,5 milhões em rodada com a General Atlantic.
  2. Canopy – ecossistema de softwares lançada pelo ex-Sinqia Thiago Rocha chegou ao mercado em 2025, contando com um investimento e tanto (US$ 100 milhões) da Bessemer e Cloud9 para colocar sua estratégia de M&As em ação.
  3. QI Tech – depois de fazer mega rodada no ano passado, fintech de BaaS estendeu a sua série B em julho, levantando mais US$ 63 milhões com a General Atlantic e Across Capital.
  4. Solfintec – desenvolvedora de uma plataforma de IA para apoiar na gestão agrícola, agtech fechou em maio uma série D de US$ 52,8 milhões, liderada pela YvY Capital, do ex-ministro Paulo Guedes.
  5. MotoristaPX – logtech de Joinville que conecta transportadoras a motoristas ociosos, levantou em novembro um cheque de US$ 46,5 milhões com a Bicycle Capital, do ex-SoftBank Marcelo Claure.
  6. Vammo – startup de aluguel de motos elétricas para entregadores de aplicativo e motoboys encheu o “tanque” em novembro, com uma série B de US$ 45 milhões liderada pelo fundo Ecosystem Integrity Fund, com participação da Qualcomm Ventures, Construct Capital e Maniv.
  7. OnFly – traveltech especializada em gestão de viagens e despesas corporativas, fez sua rodada série B, captando US$ 40 milhões com o fundo Tidemark, e com a participação da Endeavor Catalyst e Left Lane Capital, de Nova York.
  8. Paytrack – também do ramo de gestão de viagens corporativas, a traveltech catarinense abriu o ano com uma série B de US$ 38,8 milhões liderada pela Riverwood Capital.
  9. A5X – fintech que quer se tornar uma nova bolsa de derivativos e futuros e competir com a B3 nessa arena, fez uma série C de US$ 37,6 milhões com acionistas já existentes como ABN AMRO, IMC Trading, Optiver, XTX Markets, Ideal CTVM e Jump Trading.
  10. Enter – startup que utiliza IA para ajudar empresas a gerenciar e automatizar defesas jurídicas contra queixas de consumidores, levantou em setembro US$ 36,8 milhões em série A liderada pelo Founders Fund, de Peter Thiel, mais os fundos Atlantico, ONE.VC e Sequoia Capital