A Kanastra, fintech que oferece soluções de backoffice para fundos estruturados e veículos de securitização, acabou de fechar uma nova captação – e é das grandes. Em uma série A liderada pela Kaszek, a startup colocou no caixa um cheque de R$ 110 milhões.
Com o aporte, que também contou com a participação da Atlântico e investidores prévios da empresa, como Valor Capital, Quona Capital, QED Investors e Actyus – mais uma instituição financeira global ainda não divulgada – o plano da Kanastra é investir em pessoas e tecnologia em serviços para fundos, securitização e bancarização.
Em nota, a companhia frisou que este investimento trará “escalabilidade e qualidade” para o crescimento da operação. Segundo o cofundador e CEO Gustavo Mapeli, o grande desafio é esse: o de manter e aprimorar a qualidade dos produtos e serviços, ao mesmo tempo que buscar escalar a companhia no mercado.
“Acreditamos que a solução está em ter tanto a melhor tecnologia quanto o melhor time da indústria. Trazemos um dos melhores investidores em tecnologia do mundo para somar na Kanastra e ficamos extremamente bem capitalizados para continuarmos construindo na direção certa as melhores soluções para fundos estruturados e securitizações”, afirma Gustavo, em nota.
A companhia, que tem escritórios em São Paulo e Uberlândia, registrou um crescimento de 10 vezes nos últimos 12 meses e conta com cerca de 100 pessoas em seu time, metade nas áreas de produto e tecnologia. Para 2024, o objetivo é triplicar de tamanho, tanto em receita quanto em ativos sob custódia.
A plataforma proprietária já possui mais de 130 operações com nomes, contando com clientes de peso como Itaú, XP, Banco BV, Creditas, Solfácil, e Pátria.
Para a Kazsek, o investimento na Kanastra é a primeira amostra de um novo posicionamento adotado pelo fundo. Segundo destacou a gestora em comunicado, a Kanastra foi a primeira investida da mais recente safra de fundos levantados no início de 2023 pela Kaszek, que totalizam cerca de US$ 1 bilhão para investimentos em empresas de tecnologia da América Latina.
“Há anos olhamos teses para o mercado de capitais, num momento de pós-bancarização dos serviços financeiros, e finalmente vimos na Kanastra a combinação do melhor produto, tecnologia e time desse setor”, afirma Santiago Fossatti, sócio da Kaszek.
Expansão já iniciada
No mercado há dois anos, a a Kanastra combina uma plataforma otimizada para originadores, investidores e gestores, automação de ponta a ponta de operações, além de ferramentas de dados e análises para acompanhamento dos veículos. No portfólio de serviços, oferece gestão, administração e custódia de FIDCs, securitização através de CRIs, CRAs, e CRs, e produtos bancários como contas escrow, CCB e boletos.
A última rodada da fintech foi em 2022, quando levantou R$ 13 milhões em um aporte seed liderado pelos fundos Valor Capital e Quona. A captação teve a participação de investidores como QED Investors, Actyus, Collaborative, Crestone, Grão, Endeavor, Clocktower, Latitud e Norte Ventures.
A injeção de capital vem cerca de dois meses após a companhia fazer a aquisição de 100% da Limine Trust, uma distribuidora de valores e títulos mobiliários (DTVM) que tem como foco em administração e custódia de FIDCs e escrituração de notas comerciais. Segundo Gustavo Mapeli, a a combinação dos negócios resulta em um grupo com mais de R$ 7 bilhões em recursos sob seu guarda-chuva, num total de aproximadamente 120 veículos, 100 originadores e 300 investidores institucionais.
“Agora é ‘one-stop-shop’ mesmo. Estamos falando de um crescimento pelo menos 2x mais rápido do que se não tivéssemos feito a transação”, afirmou o CEO da Kanastra, na época da transação.
Com o dinheiro no caixa e um plano de expansão traçado – incluindo crescimento inorgânico – a Kanastra agora ganha envergadura para competir no cada vez mais disputado mercado de tecnologia para o backoffice de produtos estruturados.
A Vórtx, que também fornece serviços de infraestrutura para dívida corporativa, fundos de investimentos e serviços bancários, recebeu em dezembro último sua licença de Sociedade de Crédito Direto (SCD) para completar o chamado “ciclo do crédito”.
Já a QI Tech, que começou pelo caminho inverso sendo a primeira SCD a operar, comprou, em novembro de 2023, a tradicional corretora Singulare, especializada em FIDCs, reforçando a unidade de negócios ‘DTVM as a service’. Para completar, no começo do ano, a fintech estendeu a sua série B e virou um dos mais recentes unicórnios do país.
Quem também vem ganhando força é o grupo VERT, que recentemente obteve a licença de DTVM.