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L4 reforça tese de segurança e lidera aporte de R$ 50M na CAF

Plano da idtech é investir em novos produtos e inovações em IA, assim como o reforço de sua estratégia de expansão no Brasil e em mercados estratégicos na América Latina.

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Pedro Meduna (L4) e Jason Howard (CAF) | Foto: divulgação
Pedro Meduna (L4) e Jason Howard (CAF) | Foto: divulgação

A CAF, startup brasileira de soluções de identidade digital e inteligência antifraude, acaba de receber um impulso e tanto para seus planos de expansão. A empresa, nascida no interior do Rio Grande do Sul, mas que nos últimos anos se internacionalizou e vem “incomodando” unicórnios como a unico, acabou de levantar uma rodada de R$ 50 milhões, liderada pelo L4 Venture Builder, fundo da B3.

Essa é a segunda rodada da startup – a primeira, de R$ 80 milhões, foi liderada em 2022 pela Parallax Ventures, que também entrou no novo deal. Do lado da L4, este é o primeiro investimento divulgado pelo fundo em 2025, que foi bastante ativo no ano passado, mas não abria o talão de cheques desde dezembro, quando entrou na série A de R$ 45 milhões da fintech Klubi.

Nessa nova rodada, a CAF não revelou seu valor de mercado – no aporte de 2022, a empresa foi avaliada em R$ 130 milhões. Contudo, ela apresentou seus planos para o dinheiro, que envolvem principalmente o investimento em novos produtos e inovações em IA, assim como o reforço de sua estratégia de expansão no Brasil e em mercados estratégicos na América Latina.

Em conversa com o Startups, o CEO da CAF, Jason Howard, destacou que a companhia tem tudo para manter um ritmo acentuado de crescimento. Só no primeiro semestre de 2025, a empresa viu um aumento de 80% na comparação ano a ano, impulsionado pelo lançamento de novos produtos, mas também pela aquisição de novos clientes e pelo fortalecimento da relação com a base já existente.

“Estamos comprometidos em inovar para o mercado brasileiro, que é altamente exigente para soluções de segurança. Desenvolvendo IA para detectar deepfakes, usando agentes para acelerar e criar eficiência em tarefas que hoje são realizadas pelos nossos clientes, o investimento vai nos ajudar a acelerar nessas tecnologias no Brasil e também na América Latina”, destacou Jason.

Segundo o CEO, a empresa já investiu em um time dedicado ao desenvolvimento de aplicações baseadas em IA para reforçar sua plataforma de identidade digital, e o novo aporte chega para fortalecer ainda mais essa estratégia, se mantendo firme na corrida com outras idtechs renomadas como unico e idwall.

Nos últimos meses, a CAF lançou suas primeiras soluções com IA aplicada, como o Deepfake Detector e o Image Similarity Check, focados na detecção de padrões de fraude. O lançamento mais recente foi o VerifAI Docs, que utiliza recursos avançados de IA para identificar fraudes em documentos não estruturados, como declarações de renda, recibos, faturas e contratos sociais.

De acordo com Jason, a IA está transformando o cenário de segurança tanto para o bem quanto para o mal, e há uma demanda crescente por soluções. Essa demanda vem de setores como fintechs e e-commerce, grandes consumidores de ferramentas antifraude, mas também de áreas que antes investiam pouco nisso, como saúde e educação.

“Há uma necessidade real para esses tipos de ferramentas, e o mercado procura quem tem a expertise”, disse Jason. “O aumento dos ataques impulsionados por IA e a criatividade dos fraudadores lembram o mercado de que precisamos inovar continuamente. Este investimento permitirá acelerar o desenvolvimento de soluções que combinem IA, segurança, praticidade e conformidade regulatória”.

Um bom momento

Segundo Jason Howard, a CAF já opera com cash flow positivo e não estava ativamente em busca de novos investidores, mas viu uma oportunidade imperdível na L4. Questionado pelo Startups, Jason não abriu o número exato de empresas atendidas pela CAF, mas garantiu que está “acima das 300”, com foco principalmente em negócios de grande porte.

“Apesar de termos vivido tempos de desaceleração no mercado, a parte de segurança andou na contramão, com fraudes e a necessidade de proteção aumentando. Continuamos a desenvolver nossa proposta de valor e firmando parcerias, o que foi bom para nós. Entretanto, agora, com a IA, chegamos a um novo ponto de inflexão, e esse investimento chega para nos apoiar nessa evolução”, disse.

Com clientes no Brasil, Estados Unidos, Canadá e em países latino-americanos como Argentina e Colômbia, a empresa tem se internacionalizado principalmente por meio de contratos com multinacionais. Um deles é o Mercado Livre. “Através de relações com esses grandes players, estamos operando em mais mercados para atender suas necessidades. Com isso, nosso sistema tem se tornado uma plataforma global capaz de atender diferentes mercados”, completou.

Apesar da presença no exterior e dos executivos gringos em seu quadro de colaboradores, o Brasil segue como o principal mercado da companhia, sendo responsável por mais de 90% da receita da empresa.

Os planos da L4

Para Pedro Meduna, sócio-cofundador da L4, a chegada da CAF ao portfólio do fundo é a peça que faltava em sua tese de segurança. Em 2023, o fundo já tinha investido na Data Rudder, fintech de prevenção de fraudes em transações de Pix. A CAF traz “uma nova peça ao quebra-cabeça”, agora com foco em identidade digital.

“É a primeira vez que investimos em uma solução de segurança no que chamamos de ‘onboarding digital’. O futuro das transações financeiras depende da confiança digital. Acreditamos que a tecnologia da CAF é capaz de elevar os padrões de segurança e experiência do usuário em todo o ecossistema financeiro”, afirmou Pedro.

Criada em 2023, com um total de R$ 600 milhões para investir – e com a B3 como único stakeholder –, o L4 fechou 2024 como um dos fundos mais ativos do ecossistema brasileiro, com cerca de 50% de seu capital já alocado. Entretanto, em 2025 a companhia não manteve o mesmo apetite.

Questionado sobre os próximos passos da gestora, Pedro não deu detalhes sobre quando ou quais serão os próximos aportes. No entanto, indicou que a L4 está de olho em algumas verticais estratégicas, como créditos de energia, por meio da N5X, uma joint venture do fundo com a Nodal Brazil (do grupo alemão EEX), que busca modernizar o mercado de negociação de energia.

“Outro segmento no qual estamos interessados é o open finance, que também tem um grande potencial de soluções baseadas em dados. Ainda não fizemos nenhum investimento nessa área”, finalizou.