Ao explorar um gap no setor logístico para onde poucas startups estavam olhando, a LogShare aproveitou para “nadar de braçada”. Com uma solução que conecta empresas interessadas em vender a capacidade ociosa de suas rotas com aquelas que buscam oportunidades eficientes de frete, a empresa cresceu 30 vezes em 2023. Agora, a companhia está se preparando para consolidar este ciclo de crescimento, e para isso acabou de levantar uma nova rodada.
Pouco mais de um ano depois de captar um pré-seed de R$ 5,5 milhões em rodada liderada pela ONE.VC, agora a logtech chega ao seed, colocando mais R$ 12 milhões na conta. Os investidores da captação anterior – ONE.VC, Niu Ventures e FJ Labs – entraram novamente na rodada, juntamente com novos nomes como Seedstars, Oxygea, Valutia, Silence e Rally Cap.
De acordo com o cofundador e CEO Pedro Prado (foto, ao centro), o investimento tem endereço certo: o plano é otimizar e expandir o portfólio de soluções oferecido pela companhia, aproveitando para ir além do varejo – setor em que a empresa começou (em um projeto com o Pão de Açúcar) e que trouxe a maior parte do crescimento até agora, com 15 clientes de nível enterprise, tais como Unilever, Pepsico, Coca-Cola, Mondelez, BRF, Leroy Merlin, entre outras.
“Um de nossos principais focos é acelerar o go-to-market em segmentos novos como agro, químicos e indústria”, pontua o CEO, em conversa com o Startups.
Olhando para o cenário geral, o mercado endereçável é enorme. Segundo a consultoria norte-americana Mordor Intelligence, o mercado brasileiro pode bater a marca dos US$ 130 bilhões em faturamento até 2029. A LogShare não abre números de faturamento, mas a expectativa de Pedro é manter o crescimento, mas de forma mais ajustada.
“Esse ano a gente deve continuar crescendo, mas em um ritmo um pouco mais sustentável, qualificando mais a nossa receita, expandindo a base de clientes e trabalhando com margens maiores”, pontua.
Além disso, outra meta da companhia é não ficar só no atendimento de contas enterprise – o que segundo Pedro foi uma grande porta de entrada no mercado e que amadureceu a solução da companhia – mas explorar o grande potencial que existe no midmarket.
De acordo com o executivo, a solução da empresa depende muito do efeito de rede, e chegar aos players de porte médio e grande abre uma grande oportunidade de crescimento.
“A gente vai explodir mesmo quando plugar os médios. A nossa aposta é de em cinco anos, chegar à marca de 800 clientes, e isso está diretamente ligado a fase que começamos agora, de focar no mid-market”, explica o CEO.
Naturalmente, para atender a esta nova camada na cadeia logística, a companhia também vai investir em desenvolvimento. “Vamos agregar mais tecnologia para atender todos da mesma forma, e isso exige investimento em produto e time”, avalia Pedro. Atualmente a LogShare conta com 28 pessoas, e o objetivo é chegar a 45 até o fim de 2024.
Investidores animados
Apesar de ser anunciada só agora, a rodada da LogShare já tinha seus primeiros investidores há alguns meses. Um dos primeiros fundos a anunciar o investimento foi a Oxygea, que assinou um cheque de R$ 1,5 milhão ao fim do programa de aceleração que a logtech participou no fim do ano passado.
Segundo Vitor Moreira, managing director da Oxygea, o potencial da LogShare para gerar uma ruptura à enorme indústria de frete rodoviário do Brasil chamou a atenção do CVC. “Sua plataforma aproveita os efeitos de rede e a tecnologia de ponta para resolver um problema complexo. Estamos impressionados com a capacidade da equipe de garantir parcerias-chave e sua visão clara de crescimento”, diz Vitor.
Para Alice Repique, VP da ONE.VC, fundo que já tinha participado do pré-seed e agora fez um novo investimento, a empresa tem uma abordagem inovadora para se tornar o “copiloto das equipes de logística”.
“Nos últimos dois anos, acompanhamos de perto a impressionante evolução da LogShare: com um portfólio de clientes em constante crescimento, composto por grandes players da indústria global, a LogShare já está entregando economias de custo significativas e reduzindo as emissões de carbono com seu marketplace de backhaul logístico”, disse Alice, em nota.