Mappa
Pablo Bérgolo, Sarah Lucena e Daniel Moretti, fundadores da Mappa (Foto: Divulgação/LinkedIn)

A Mappa, startup fundada pela paraibana Sarah Lucena em Miami, nos Estados Unidos, levantou US$ 3,4 milhões em sua primeira rodada institucional. O investimento foi liderado pela Draper Associates, fundo do norte-americano Tim Draper, e contou com a participação da Grão, Serac Ventures, Riverwalk Capital Partners e AngelHub México

“A Mappa nasceu da minha inquietação como líder e recrutadora”, diz Sarah. “Dedicava tempo e recursos para contratar pessoas que pareciam perfeitas no papel, mas que depois não se encaixavam na prática. Currículos e perfis do LinkedIn contam só uma parte da história, e é fundamental entender o comportamento real das pessoas e transformar a forma como as conexões acontecem.”

Para mudar esse cenário, a startup desenvolveu uma tecnologia de inteligência comportamental baseada em IA que analisa mais de 30 sinais vocais – como pausas, entonação, ritmo e padrões linguísticos – em menos de 60 segundos. O objetivo é ajudar empresas a entender como candidatos se comportam em situações reais de colaboração e pressão, oferecendo uma leitura mais profunda sobre o potencial humano. 

A startup foi lançada em 2022, mas pivotou para o modelo atual no ano seguinte. Desde então, já conquistou mais de 100 clientes nos Estados Unidos e na América Latina, atingindo mais de US$ 3,5 milhões em receita anualizada. Entre os  clientes, estão desde startups em crescimento até corporações, com foco em posições de tempo integral e perfis de “knowledge workers” – profissionais das áreas de tecnologia, vendas e operações.

Do marketing à IA comportamental

Jornalista de formação, Sarah iniciou a carreira no marketing de performance, o que a aproximou da análise de dados e do comportamento humano. Em 2016, mudou-se para o Uruguai, onde chegou ao cargo de CMO em uma empresa de marketing digital que operava em mais de dez países.

Apesar do sucesso, sentia falta de propósito. “Eu estava no topo, mas nunca me senti tão vazia”, relembra. “Percebi que meu superpoder de entender pessoas estava sendo mal utilizado. Queria construir algo que ajudasse a revelar o potencial humano em vez de reduzi-lo a um currículo.”

Foi dessa virada pessoal que surgiu a Mappa – uma plataforma que usa biomarcadores vocais para gerar perfis comportamentais complexos, capazes de identificar compatibilidades reais entre pessoas e organizações. A tecnologia, explica Sarah, pode ser aplicada não apenas ao recrutamento, mas também a outros setores baseados em conexões humanas, como educação, finanças e até aplicativos de relacionamento.

Para criar a startup, a empreendedora se uniu a Pablo Bérgolo e Daniel Moretti, e juntos fincaram a bandeira na Flórida para dar início à empreitada.

Rodada e use of proceeds

“A ideia sempre foi captar nos Estados Unidos”, conta Sarah. “Apesar de termos candidatos na América Latina, inclusive no Brasil, somos uma empresa B2B cujos clientes estão todos nos Estados Unidos, onde a Mappa nasceu”, explica.

Com o novo capital, a startup pretende consolidar sua posição no mercado norte-americano de recrutamento e avançar no desenvolvimento de sua API, que permitirá que outras empresas utilizem a tecnologia de análise comportamental da Mappa em seus próprios produtos. 

“Nosso objetivo não é ser mais uma plataforma de RH, mas criar a infraestrutura que transforma a forma como as pessoas se conectam”, afirma Sarah. “Queremos impactar todas as indústrias baseadas em conexões ou scoring – do recrutamento à concessão de crédito.”

A meta da startup é encerrar 2025 com US$ 5 milhões em receita anualizada e, a partir daí, preparar o terreno para uma nova rodada de captação, destinada a intensificar a estratégia de go-to-market.

O foco inicial é consolidar a Mappa nos Estados Unidos, antes de avançar para outros mercados. “Os EUA são um dos maiores, para não dizer o maior, mercados do mundo. Por enquanto, só tocamos na superfície do impacto que podemos gerar no país”, afirma Sarah.

Ainda assim, a CEO prevê expansão para a América Latina a partir do ano que vem. Nesse plano, a participação da Grão na rodada tem papel estratégico. Única brasileira entre os investidores, a gestora contribui com seu forte relacionamento com grandes empresas no mercado brasileiro, que, segundo Sarah, representa o próximo passo no roadmap da Mappa.