Fintech

Neon amplia série E e fecha rodada em R$ 720 milhões

Entrada da IFC e da alemã DEG reforça grupo de investidores da Neon, que já conta com BBVA e General Atlantic

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Cartão Neon
Cartão da Neon (Foto: Divulgação)

A fintech Neon acaba de anunciar uma extensão de sua rodada série E. O novo aporte se soma aos R$ 518 milhões captados anteriormente, totalizando R$ 720 milhões ao longo dos últimos 18 meses. O investimento marca a entrada de dois novos acionistas: a International Finance Corporation (IFC) e a Deutsche Investitions- und Entwicklungsgesellschaft (DEG), subsidiária do grupo alemão KfW. Eles se juntam a BBVA e General Atlantic no grupo de investidores da empresa.

“A Neon tem uma boa liquidez, com mais de R$ 1 bilhão em caixa. No entanto, como instituição financeira, é o capital que nos dá capacidade de seguir crescendo e investindo”, afirma Jamil Marques, vice-presidente de operações da Neon, em conversa com o Startups.

Segundo o executivo, o novo aporte será direcionado ao aprimoramento da tecnologia e à expansão da base de clientes. “A rodada dá suporte à nossa estratégia de reforçar os produtos já existentes, com melhorias no cartão de crédito, no engajamento da base ativa e no lançamento de novas funcionalidades, especialmente impulsionadas pelas evoluções do Pix”, explica.

Ele conta que a Neon também está investindo no novo modelo de consignado privado (também conhecido como Crédito do Trabalhador), uma das apostas de crescimento da empresa em 2025. “Já atuamos com consignado desde 2021 e, agora, acreditamos que podemos acelerar esse crescimento, pois deixamos de depender da negociação com cada empresa parceira para falar diretamente com o cliente final. Isso reduz bastante a fricção do processo, garante condições mais acessíveis aos trabalhadores e dá mais segurança para quem está concedendo crédito, já que há um vínculo empregatício envolvido”, explica.

Já consolidada entre os usuários da classe C, a startup também mira expandir sua presença entre clientes B2 – faixa entre as classes C e B1. Os planos também incluem avanços no entendimento do comportamento do usuário, além de investimentos em Open Finance e inteligência artificial. “No fim do dia, a tecnologia consegue nos ajudar em todas as frentes, seja na eficiência do negócio, na operação de crédito, no engajamento dos usuários ou no desenvolvimento de novas soluções”, pontua Jamil.

O novo aporte encerra oficialmente a série E da Neon. “Pela natureza dos investidores, o processo foi mais longo do que o normal. Até por isso, dividimos a rodada em três partes, além de manter a capacidade de continuar investindo”, explica.

Para Fernando Miranda, CEO da Neon, a chegada dos novos investidores reforça a solidez do negócio. “Ter IFC e DEG como parceiras é uma chancela de que estamos no caminho certo, com um modelo responsável e voltado para o longo prazo”, diz, em nota oficial. “As duas instituições conduziram uma análise criteriosa antes de investir, considerando especialmente a gestão de risco, o propósito de impacto e as práticas de ESG, transparência e concessão justa de crédito. Isso fortalece ainda mais nosso compromisso em oferecer serviços financeiros acessíveis, seguros e sustentáveis ao trabalhador brasileiro.”

Jamil Marques, vice-presidente de operações da Neon
Jamil Marques, vice-presidente de operações da Neon (Foto: Divulgação)

Visão de futuro

A Neon alcançou o breakeven no fim de 2024. Em fevereiro de 2025, a fintech já contabilizava 32 milhões de clientes e uma carteira de crédito de R$ 6 bilhões, distribuída entre cartão, empréstimo pessoal e consignado.

“Essas conquistas foram resultado de muito foco”, avalia o VP de Operações. “Foi uma combinação do crescimento contínuo da base de clientes com a monetização da receita por usuário. Oferecemos um portfólio robusto o suficiente para que os clientes se engajem ainda mais com a conta e aperfeiçoamos a capacidade de oferecer crédito. Além disso, alcançamos uma escala suficiente para cobrir os custos fixos e garantir que nosso custo operacional seja bastante baixo”, completa.

O movimento veio em paralelo a uma conquista regulatória. Em março de 2025, a Neon recebeu autorização do Banco Central para operar como Iniciadora de Transação de Pagamento (ITP) via Pix, no âmbito do Open Finance.

Olhando para a próxima fase de expansão, o executivo afirma que a Neon mantém o foco em um crescimento sustentável, buscando também aumentar a resiliência do negócio. “Queremos atingir uma escala ainda maior, com capacidade para absorver perdas e enfrentar o ciclo macroeconômico. A combinação para garantir a prosperidade agora é continuar reforçando os produtos já existentes e encantar mais clientes – tanto ampliando o público B2 quanto fortalecendo a relação com a classe C, que já utiliza a Neon como principal instituição financeira”, explica.

Sem revelar números específicos, Jamil diz esperar manter o ritmo de crescimento do negócio, que no ano passado teve um aumento de 50% no faturamento e um crescimento ainda maior na carteira de crédito. “A expectativa é continuar com um crescimento robusto. Não há motivos para acreditar que essa trajetória será muito diferente do que vimos no último ano”, pontua.

No primeiro trimestre de 2025, a Neon registrou lucro de R$ 9,3 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 161,7 milhões no mesmo período do ano anterior. Foi o segundo trimestre consecutivo de lucro. A receita bruta cresceu 63% na comparação trimestral, somando R$ 806 milhões, e a margem de contribuição teve alta de 74% no mesmo período.