Enquanto ainda esperamos sentados pela recuperação do venture capital, diversas startups buscam novas formas de financiar suas operações e metas de crescimento. Um exemplo é a proptech Rooftop, que pretende captar R$ 15 milhões e estruturou uma operação “diferente” em parceria com o Mercado Bitcoin (MB).
Em vez de realizar uma única rodada com o valor total, a Rooftop optou por captar em fases, respeitando o intervalo obrigatório de 120 dias entre ofertas públicas, conforme determina a norma 88 da CVM. O plano começou no mês passado, com uma oferta de R$ 1,5 milhão na plataforma do MB.
Segundo as duas empresas, a operação consiste em uma oferta pública de distribuição de valores mobiliários tokenizados de emissão da Rooftop, combinando elementos de dívida com remuneração variável baseada na performance da companhia. O investimento mínimo é de R$ 1 mil.
Fundada em 2020, a Rooftop já movimentou mais de R$ 300 milhões em operações. Apenas no último ano, atingiu R$ 70 milhões em alocações e projeta chegar a R$ 120 milhões até o fim de 2025, com estimativa de R$ 200 milhões nos 12 meses seguintes — parte via microfranqueados.
“Queremos ser bastante eficientes no uso do capital e, ao mesmo tempo, entender melhor os investidores para as próximas emissões, dialogando com eles para que todos se beneficiem deste modelo”, pontua Daniel Gava, CEO e fundador da Rooftop, em conversa com o Startups.
Diferentes captações
Para financiar distintas necessidades de sua operação, a proptech criou modelos variados de captação. Por exemplo, para bancar o HomeCash — seu principal produto de crédito — e adquirir imóveis, a empresa lançou no ano passado um fundo imobiliário (FII) de R$ 100 milhões.
O HomeCash permite que clientes vendam seus imóveis e recebam o valor à vista, em um processo médio de 45 dias, com a possibilidade de recomprar o bem em até um ano e meio, permanecendo no imóvel durante esse período. Após o prazo, o ex-proprietário pode readquirir o imóvel pelo preço de mercado, previamente avaliado e combinado na venda à Rooftop.
Segundo Daniel, a demanda pelo HomeCash está aumentando, e o novo aporte servirá principalmente para expandir a rede de franqueados e atender mais clientes. “Queremos acelerar nosso ritmo de originação, construindo a maior franquia imobiliária do país, focada 100% no HomeCash”, explica o CEO.
Um modelo diferente
Segundo Daniel, a captação em etapas é diferenciada não apenas no modelo de retorno para os investidores — com eventos de liquidação a cada trimestre —, mas também por estar alinhada aos planos de investimento em produto que a companhia deseja executar.
“Vamos captar de acordo com a evolução do negócio, investindo tanto em produto quanto em nosso principal plano de crescimento de curto e médio prazo, que é a operação de microfranquias”, afirma o executivo. A captação pode se estender por até quatro anos, mas pode ser agilizada conforme os resultados alcançados.
Na visão de Livia Calandra, Head do MB Startups, o novo modelo servirá para testar o apetite do mercado, oferecendo previsibilidade de retorno aos investidores e permitindo à startup repensar os termos de financiamento a cada tranche.
“Em relação ao retorno, o produto pode alcançar uma alavancagem de 2,8x antes do prazo de quatro anos, dependendo do desempenho da Rooftop, o que corresponde a uma Taxa Interna de Retorno (TIR) de 30% ao ano. Caso a proptech entregue o retorno previsto nos documentos da operação antes do prazo de quatro anos, o emissor — no caso, a Rooftop — poderá liquidar a operação antecipadamente”, explica a executiva.