A RedCheck, startup que desenvolveu uma tecnologia proprietária de diagnósticos oftalmológicos utilizando inteligência artificial, acabou de abrir uma captação via crowdfunding para bancar seus planos de expansão. A rodada foi aberta na plataforma da Captable, com a expectativa de levantar R$ 1 milhão.
Segundo a startup, a maior parte do aporte (cerca de 70%) servirá para “turbinar” os esforços em marketing e vendas, com os 30% restantes sendo aplicados no aperfeiçoamento da ferramenta. “Já temos uma solução pronta e testada, e a fase agora é de expandir a presença que temos no mercado”, explica Alexandre Taleb, fundador e COO da healthtech.
De acordo com o fundador, que também é médico oftalmologista, este mercado ainda é pouco explorado, apesar de seu grande potencial. Segundo ele, os exames oftalmológicos (imagem e laudos) representam a terceira maior fonte de custos no setor de saúde, e tem poucas soluções tecnológicas para aumentar sua eficiência operacional.
“Os exames são feitos por imagem, mas ainda são entregues no papel, que precisam ser levados fisicamente para um médico e nem sempre acompanham um laudo. Isso sem contar que cada clínica tem seu equipamento, cada um com seu sistema proprietário”, explica Alexandre.
O que a Redcheck fez foi criar uma plataforma SaaS para integrar estas pontas soltas, agregando também inteligência artificial para auxiliar os médicos na hora dos laudos e diagnósticos. “Temos um sistema que acelera processos, mostrando pontos de observação e acessível tanto pelos médicos quanto pelos pacientes. Por exemplo, em média em uma clínica convencional, um laudo é entregue em 96 horas. Pela nossa plataforma, leva 24 horas”, completa.
Com os planos de expansão, a empresa tem a meta de bater um faturamento bruto de R$ 1,68 milhão no próximo ano, triplicando sua atual base de 64 clientes. Aliás, segundo o COO, um dos objetivos com a “turbinada” na parte comercial é trazer mais contratos com players maiores (redes de clínicas e rede pública).
“Estamos em um momento de consolidação do mercado de oftalmologia, com dois grandes players, e já fizemos um piloto com um deles, que esperamos expandir a partir do próximo ano”, avalia Alexandre. Não precisa pesquisar muito para quais são os dois grandes players citados pelo COO. Nos últimos anos, Pátria Investimentos e XP entraram em uma corrida de fusões e aquisições para aproveitar o potencial deste segmento, e a Redcheck quer capitalizar em cima disso.
Pronta para expandir
Atualmente a RedCheck opera com um time enxuto, com cerca de 14 pessoas, e deve aumentar o número para 20 a partir do aporte. “Com este número poderemos fazer o que é preciso. Temos um backlog pronto para escalar, mas para isso precisamos reforçar nossa força de vendas, e é algo que não conseguimos de forma digital”, afirma Alexandre, destacando que atualmente a healthtech já atende clientes em todo o país, com contratos de médio e grande porte.
De acordo com Leonardo Zamboni, sócio e CRO da Captable, o prospecto para a Redcheck é animador – em uma semana de rodada aberta, a empresa já preencheu 30% do capital pretendido. “É uma combinação atraente aos investidores, juntando um setor aquecido como o de healthtech com a parte de AI e um corpo de profissionais que conhecem o setor e como aplicar a tecnologia”, avalia.
Apesar do foco ser atualmente no mercado oftalmológico, no futuro o plano da RedCheck é levar sua solução de IA para outros tipos de diagnósticos, atendendo áreas como cardiologia e dermatologia. “Elá está pronta para outras especialidades, treinada em mais de 300 mil imagens”, explica.
Entretanto, antes que alguém venha a falar que a inteligência artificial vai tirar o emprego dos médicos, Alexandre afirma que a solução da sua startup tem outras intenções. “Empregamos a IA para aumentar a eficiência no diagnóstico, com 97% de acurácia. Gostamos mais do termo ‘inteligência aumentada'”, finaliza o executivo.