A Sertrading, uma das maiores empresas do ramo de importação no país, está dobrando a sua aposta ao se aproximar do mercado para acelerar startups com soluções voltadas ao segmento de comércio exterior. Depois da experiência positiva na aceleração de duas startups – Kestraa e Vixtra – a companhia quer repetir a dose.
Em entrevista ao Startups, o vice-presidente e sócio da Sertrading, Luciano Sapata, adiantou que o plano da companhia é fazer de um a dois novos investimentos em 2023, de olho em startups ainda em estágio inicial, mas com soluções já formuladas. “Procuramos este perfil de startups por ser um ticket mais baixo, mas também com o plano de ajudar na formulação do produto de acordo com as demandas do mercado”, explica Luciano.
A opção por startups ainda iniciantes se conecta com o modus operandi da Sertrading com as outras duas startups em que ela investiu. Em 2017, a empresa fez o seu primeiro investimento para apoiar na fundação da Kestraa, SaaS para a gestão de processos de comércio exterior, que endereçou dores tanto da operação interna da Sertrading quanto de clientes da importadora.
Três anos depois, a companhia investiu na Vixtra, fintech voltada a serviços financeiros para o midmarket – ou seja, para os importadores de pequeno e médio porte. Neste caso, a escolha nem estava ligada a uma necessidade da Sertrading, mas sim a uma dor geral do mercado de comex, com um grande potencial de retorno.
Na época, a importadora injetou R$ 7 milhões para ajudar a Vixtra a sair do papel, já que a companhia tinha apenas três meses de vida. O cheque fez parte de uma rodada maior de R$ 35 milhões junto a outros grandes investidores do ramo.
Juntas, as primeiras incubadas já somam valuation superior a 150 milhões de reais. A Kextraa, por exemplo, passou por duas rodadas pós-aceleração, contando hoje com grandes clientes como Ambev, Riachuelo, Saint-Gobain, entre outros.
Já a Vixtra, no ano passado, levantou uma segunda rodada de investimento de R$ 16 milhões, liderada pela Valor Capital, com participação do Fontes II, fundo da QED Investors dedicado à investimentos seed na América Latina.
Para Luciano, a experiência com a Vixtra abriu o horizonte da Sertrading na hora de acelerar startups do ramo de comércio exterior. Segundo ele, verticais como serviços financeiros e soluções de inteligência estão na mira como potenciais investimentos. “O mercado de comex ainda tem muitos processos analógicos e tem muito a evoluir, sendo mais analítico”, pontua.
Com mais de 100 clientes multinacionais e nacionais de grande porte – entre eles Ambev, P&G, PepsiCo, Ford – a Sertrading encerrou 2022 com receita líquida de R$ 10,5 bilhões, alta de 95% e 19 bilhões de reais de volume de importação, 20% maior que em 2021 e mais de 4 vezes superior aos R$ 4 bilhões de 2018.