Tão grande quanto o mercado de ERPs no Brasil é o mercado de integradores de ERP, que fazem o trabalho de ajustar e customizar essas soluções às diferentes necessidades de cada cliente. Entretanto, nem isso é garantia de que tudo vá funcionar às mil maravilhas. A partir dessa lacuna no mercado, a Znap criou um modelo de negócios, criando aplicações de SaaS para melhorar o ERP dos outros.
Desenvolvida durante a pandemia, mas lançada somente em 2022, a Znap é resultado da união de forças de Ricardo Junqueira, ex-executivo da Sony e veterano na área de vendas e marketing em grandes empresas, com Luciano de Medeiros, que já liderou times de TI e projetos de ERP em companhias de grande porte como Gillette e Qualicorp.
No começo da empresa, Ricardo ficou à frente da equipe de consultoria, que identifica nas empresas quais são as incompatibilidades entre os ERPs contratados e os objetivos do negócio, mapeando desde os sistemas até os processos internos.
Por sua vez, Luciano se responsabilizava por liderar a equipe dedicada a criar softwares e aplicativos destinados a se acoplar nos ERPs e resolver seus gaps.
Entretanto, a operação que começou mais parecida com uma integradora tradicional começou a ganhar contornos de startup, à medida que as aplicações desenvolvidas começaram a ser vistas como produtos.
“Notamos que poderíamos transformar esses projetos em ‘produtos de prateleira’ e passamos a oferecê-los como SaaS”, explica o CEO Ricardo, em conversa com o Startups.
Hoje, a Znap já conta com oito aplicações em seu portfólio de ERP Boosters (nome dado para este tipo de produto). “Foi um conceito que testamos em 2023 e começou a ganhar tração em 2024”, destaca o executivo.
Um dos clientes é a fabricante de alimentos Nissin, para a qual a startup desenvolveu uma aplicação para gerenciamento de verba comercial plugada ao ERP da companhia.
Apesar de já ter um portfólio inicial de ERP Boosters, a companhia ainda desenvolve aplicações customizadas sob demanda. Entretanto, segundo pontua Ricardo, cada um desses projetos é uma oportunidade em potencial de criar novos ERP Boosters.
“À medida que a gente constrói mais esse portfólio de soluções, de aplicativos, a gente vai analisando o que tem mais potencial para ser uma aplicação com maior escala, de fazer um plug and play em outros clientes”, destaca.
Próximos passos
Para 2025, o plano da Znap é acelerar na oferta dos ERP Boosters, dobrando a sua base atual, que é de 10 clientes de grande porte. Em 2023, a companhia bateu R$ 2 milhões em receita, e está fechando este ano com R$ 4 milhões em faturamento. Para 2025, quer chegar aos R$ 10 milhões.
“A gente quer escalar, mas primeiro quer trabalhar a marca, oferecendo soluções robustas para resolver problemas complexos. Não estamos preocupados em escalar agressivamente no próximo ano”, diz Ricardo.
Contudo, conforme explica o CTO Luciano, ao aumentar o portfólio de ERP Boosters, a empresa quer estar pronta para escalar de forma massiva, olhando especificamente para o mercado de PMEs, onde ERPs como o Omie têm atraído dezenas de milhares de clientes.
“Estou falando de ERPs que operam com volume, mas que têm um grau de customização baixo. Estamos criando aplicações para endereçar esses desafios. Criando aplicações, a gente vai resolver dores que são comuns a diversos clientes de ERPs”, afirma.
Segundo Luciano, empresas como Totvs, SAP, Senior e outras conseguem atender 80% das necessidades dos clientes, mas os 20% onde pecam pode fazer uma grande diferença para as empresas, e é nesse gap que a Znap quer escalar. “Além disso, diferente da maioria dos integradores, não nos prendemos a um fornecedor de ERP, o que nos permite entregar as melhores soluções aos clientes”, afirma.
Por falar em escala, Ricardo afirma que, no momento, a companhia prefere caminhar com as próprias pernas. Interessados já apareceram: a empresa já sentou à mesa com fundos e fabricantes de ERPs interessados no modelo de negócios da Znap, mas a companhia preferiu seguir independente.
“Desde sempre geramos caixa. Não buscamos investidores ou fusões no momento porque queremos garantir que nossa proposta tem valor e se sustenta a longo prazo com caixa próprio”, destaca. “Isso não impede que, no futuro, busquemos um investidor, mas não apenas pelo cheque, e sim pelas outras vantagens que eles podem trazer à mesa”, finaliza o CEO.