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Semicondutores: BNDES lança linha de crédito para data centers

Medida faz parte do programa Brasil Semicon, sancionado nesta quarta-feira, e tem o objetivo de aumentar a competitividade do país

Edifício sede do BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, no Centro do Rio. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo
Edifício sede do BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, no Centro do Rio. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo

O governo federal anunciou nesta quarta-feira (11) uma série de medidas para o incentivo à produção nacional de semicondutores. Entre elas, uma linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) específica para investimento em data centers no país.

Em cerimônia realizada no Palácio do Planalto, o BNDES anunciou que a nova linha de crédito terá orçamento de R$ 2 bilhões – com recursos do BNDES e do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações, gerido pelo Ministério das Comunicações.

Os recursos serão destinados à implantação de data centers, ambientes que processam, armazenam, tratam e distribuem dados no ambiente digital. Até 2030, a estimativa é que o volume de dados alcance 600 trilhões de gigabytes no mundo, exigindo cada vez mais infraestruturas para essa finalidade, informou o BNDES.

A linha de crédito terá juros mais baixos para projetos nas regiões Norte e Nordeste, que pagarão a partir de 6,3%. Nas demais regiões, a taxa é a partir de 8,5%.

Durante o evento, o presidente do Banco, Aloizio Mercadante, destacou que o Brasil é um país “altamente competitivo nesse segmento”, considerando que data centers exigem elevado consumo de energia e a matriz energética nacional é quase 90% de fontes limpas.

Já o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, afirmou que o investimento em infraestrutura é fundamental para levar a indústria nacional para um novo patamar e que os data centers são pré-requisito para essa transformação.

“Eles são essenciais para dar segurança, celeridade e confiabilidade aos serviços digitais, inclusive em situações de crise. E o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) tem exatamente essa missão de apoiar iniciativas inovadoras no setor. São recursos que estavam bloqueados há décadas e conseguimos, desde o ano passado, aplicá-los para a realização de políticas públicas”, disse.

Brasil Semicon

As medidas fazem parte do Programa Brasil Semicondutores (Brasil Semicon), criado pelo projeto de lei (PL) 13/2020, que foi sancionado nesta quarta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A iniciativa destinará R$ 21 bilhões até 2026 para estimular o investimento em pesquisa e inovação nas cadeias de chips e eletroeletrônica, com aplicações voltadas para painéis solares, smartphones, computadores pessoais, entre outros dispositivos associados à indústria 4.0.

A nova lei prevê a extensão dos incentivos tributários e benefícios atualmente oferecidos às indústrias de semicondutores e TI, além de autorizar o BNDES e a Finep a fornecer apoio financeiro a empreendimentos dentro do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis). 

Durante o evento, BNDES e Finep também anunciaram o início das operações para transformação digital de micro, pequenas e médias empresas industriais, dentro do programa Brasil Mais Produtivo, com recursos iniciais de R$ 160 milhões para as chamadas smart factories e outros R$ 400 milhões para planos de digitalização, totalizando R$ 560 milhões.

A expectativa é que, das 200 mil empresas a serem atendidas pelo programa, pelo menos 8 mil alcancem a chamada “fronteira tecnológica” ao final do processo – com instalação de sensores digitais na linha de produção, interligação de sistemas por computação em nuvens, utilização de Big Datas, IoT (internet das coisas), impressão 3D e inteligência artificial.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MCTI), Geraldo Alckmin, explicou que, hoje, a transformação digital chega a 19% das empresas industriais e a meta é alcançar 25% delas até 2025 e 50% até 2033. Semicondutores (chips), robôs industriais e produtos e serviços digitais avançados são as principais cadeias produtivas a serem fortalecidas.