A ServiceNow já está no Brasil há mais de uma década, e se posicionou como um dos principais players de soluções para otimização de processos nas grandes empresas. Entretanto, para se adequar aos novos tempos, novos concorrentes – e novas tecnologias como IA – a companhia anunciou novos movimentos para o mercado brasileiro, incluindo uma nova liderança e planos de um diálogo maior com o ecossistema local de inovação.
Essa transformação está nas mãos de Federico Grosso, executivo italiano que assumiu a liderança da operação brasileira no fim de 2024, com a meta de tornar o país não apenas o principal mercado estratégico dentro da América Latina, mas também colocá-lo no ranking dos que mais crescem no mapa global da empresa. “Estamos muito bem, estamos crescendo. É dos países que a gente vê mais crescendo no mapa mundial da ServiceNow”, disse Federico, em conversa com o Startups.
Mais conhecida no mercado de Tecnologia da Informação e em grandes empresas, a ServiceNow é uma gigante de mais de US$ 10 bilhões em receita e com cerca de 2 milhões de usuários utilizando suas soluções em todo o mundo. Para você ter uma ideia, a ServiceNow é a incumbente que startups brasileiras como Pipefy estão tentando “derrubar”.
Entretanto, para não perder espaço nessa arena, a ServiceNow tem feito esforços para se mover mais rápido, apostando em novas tecnologias, novas estratégias e também em aquisições, especialmente na área de IA. Só este ano, a companhia ianque comprou por um valor não divulgado a plataforma de governança de dados Data.World, uma startup avaliada em US$ 350 milhões em 2022.
Antes disso, a companhia já tinha comprado a Moveworks, de IA para automação de processos corporativos, em um deal estimado em US$ 2,85 bilhões.
Planos para o Brasil
Se lá fora, o investimento da ServiceNow está alto para aperfeiçoar suas tecnologias, aqui no Brasil o investimento tem um foco diferente. Segundo Federico, sua chegada foi motivada justamente pelo desejo de ampliar os investimentos locais e transformar o Brasil em alavanca regional. O plano é acelerar a base de clientes, ainda muito concentrada em grandes corporações, e ganhar espaço em setores estratégicos como finanças, saúde e telecomunicações, incluindo o mid-market, onde estão startups de maior porte.
De acordo com Federico Grosso, tanto o setor público quanto o privado apresentam hoje uma demanda intensa por eficiência e inovação, o que cria terreno fértil para a expansão da plataforma. “A demanda é muito grande. O desejo de inovação e a demanda de eficiência é muito alto”, afirmou.
Segundo o country manager, o motor impulsionador dessa demanda tem duas letras: IA. “A inteligência artificial não é só mais uma onda de inovação. É uma mudança estrutural”, afirmou. Segundo ele, o desafio não é saber se ela será adotada, mas como integrá-la para gerar valor, redefinindo processos internos das organizações e os modelos de interação com clientes e funcionários.
Contudo, para inovar com velocidade, Federico também cita a necessidade de dialogar com o ecossistema local de inovação. Apesar de não ter nenhuma iniciativa fixa de relacionamento com startups no Brasil, ele reconhece que empresas jovens são onde as principais disrupções estão acontecendo, e grandes corporações podem se aproveitar disso para ganhar velocidade.
“As startups têm a ousadia de experimentar rápido e errar rápido. Isso é algo que grandes companhias, como a nossa, precisam aprender a valorizar. O diálogo entre os dois mundos é essencial”, disse. Grosso destacou ainda que aquisições recentes feitas pela ServiceNow no mercado global mostram essa disposição de aprender com modelos ágeis e incorporar inovação de forma acelerada.