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Shopper levanta R$ 120 mi em rodada liderada por Minerva e Quartz

Shopper - Fabio Rodas, CEO da Shopper e Bruna Vaz COO da Shopper - Foto: Gabriel Reis www.gabrielreisfoto.com
Shopper - Fabio Rodas, CEO da Shopper e Bruna Vaz COO da Shopper - Foto: Gabriel Reis www.gabrielreisfoto.com

O supermercado online Shopper fechou uma série B de R$ 120 milhões liderada pela empresa de alimentos Minerva Foods e pela Quartz, gestora que conta com recursos da família Galló que já investia na companhia.

FEGIK, o multifamily office Oikos, Ariel Lambrecht (cofundador da 99) e Márcio Schettini (ex-VP do Itaú), que já eram investidores acompanharam. FJ Labs, Floating Point VC e fundos internacionais outros cujos nomes não foram revelados também entraram.

Com o investimento, a Shopper pretende dobrar o número de funcionários para 1.000 (com foco em tecnologia e marketing); quase triplicar o número de cidades atendidas, passando de 22 para 60 até o fim do ano; montar seu 3º centro de distribuição, e manter o ritmo de crescimento de receita de 4 vezes que tem registrado nos últimos anos. O Brazil Journal, que já tinha escrito sobre a rodada, fala em R$ 600 milhões. A empresa não confirma.

Hoje a Shopper atua apenas em cidades próximas à capital paulista e avalia se a expansão da área de atuação será feita dentro do estado de São Paulo ou por meio de um avanço para o Rio, segundo seu cofundador, Fabio Rodas.

Efeito pandemia

A ampliação no número de cidades atendidas acontece depois de quase 1 ano de investimentos internos para melhoria de processos e tecnologias. Com o inesperado salto na demanda registrado nos primeiros meses da pandemia (a avaliação inicial era ter um crescimento mais diluído ao longo do ano), a companhia chegou a ativar uma fila de espera para novos cadastros. Para dar conta do recado, foram então direcionados esforços para aprimorar sistemas de atendimento ao cliente, de roteirização, entre outros, que são desenvolvidos internamente. Com isso, foram deixados de lado investimentos de mais longo prazo, como o desenvolvimento de um leitor de código de barras que tem como missão automatizar as compras. “A gente tinha que fazer o básico bem-feito, entregar as compras das pessoas”, diz Bruna Vaz, cofundadora da companhia.

O foco da Shopper são famílias que fazem compras recorrentes e de maior porte, ou de abastecimento, normalmente uma vez por mês. Mas com a mudança de hábitos traziada pela pandemia, Bruna diz que o público jovem, que teve que passar a cozinhar em casa, ganhou relevância.

Segundo Rodas, não está nos planos investir no formato de reposição, que vem ganhando atenção por conta do menor tempo para fazer as entregas. O Rappi, por exemplo, lançou uma rede de dark stores que prometem entregas em até 10 minutos. “Você tem um desafio de controlar os estoques em muitos pontos diferentes”, disse Rodas.

Na avaliação dele, a tendência pós-pandemia é que as compras de maior porte, ou mais chatas – como produtos de limpeza – continuem sendo feitas on-line por conta da praticidade. As visitas a lojas físicas continuarão a existir, mas mais voltadas a itens diferentes, como a compra de um vinho ou queijos especiais.

Origem modelo de negócios

A Shopper nasceu em 2015 com um investimento de R$ 20 mil feito por Fábio e Bruna. No ano seguinte, a companhia levantou mais R$ 120 mil com amigos e parentes e mais R$ 450 mil com investidores-anjo, como o ex-Itaú Márcio Schettini. Em 2017 e 2018 novos investimentos entraram, mas foi em 2019 que a Shopper fez sua primeira rodada institucional, captando R$ 10 milhões em uma série A liderada pela Quartz, que contou com a participação da Canary, FEGIK, Juscelino Martins (presidente do conselho do Grupo Martins), Ariel Lambrecht, cofundador da 99 e o multifamily office Oikos.

Com seu modelo 100% digital, a Shopper tem hoje cadastrados 250 mil pessoas e oferece 6 mil itens divididos em 100 categorias – incluindo produtos de limpeza e congelados. Os preços são em média 10% mais baixos que em outros supermercados que vendem pela internet. De acordo com Rodas, isso é possível porque a companhia tem um modelo de negócios com baixo estoque (as compras dos itens só são feitas depois que os clientes fecham suas compras) e sem lojas físicas.

“Os fundos costumam dizer que a gente atua em um dos piores segmentos para se investir, porque existem muitas complexidades envolvidas. Tanto que vários competidores já vieram e fecharam as portas. Mas já temos mais de 5 anos de estrada, um histórico. E isso chama a atenção”, diz.