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Shopper quer chegar a receita de R$ 2B em até dois anos

Supermercado online aposta nas entregas rápidas e na integração com o iFood, que se tornou seu investidor com a liberação pelo CADE do acordo fechado no fim do ano passado

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Novo CD da Shopper na Zona Norte de São Paulo
Novo CD da Shopper na Zona Norte de São Paulo (Foto: Divulgação)

Os corredores com prateleiras lotadas de produtos ainda estavam sem movimentação de funcionários montando os pedidos de clientes na última sexta-feira (8). Mas a estrutura do novo centro de distribuição construído com um investimento de R$ 25 milhões na Zona Norte de São Paulo prenuncia os planos da Shopper para os próximos dois anos: chegar a uma receita de R$ 2 bilhões.

Para atingir essa marca, o supermercado online, que este ano completa uma década de operação, aposta nas entregas rápidas e na integração com o iFood – que se tornou seu investidor com a liberação pelo CADE do acordo fechado no fim do ano passado.

15 (ou 20) minutos

No lado das entregas, a partir de outubro, a companhia colocará no ar em São Paulo o Shopper Now, uma nova modalidade de pedidos que chegarão à casa dos clientes em 15 minutos – o prazo foi inicialmente apresentado durante evento com 120 convidados para inauguração do novo CD da companhia. Mas depois, em comunicado para a imprensa, a informação passou a ser de 20 minutos.

De acordo com Fábio Rodas, cofundador da Shopper, essa opção complementa a oferta para quem conhece as entregas com frequência mensal, semanal, no dia seguinte ou em horas que a Shooper já oferece, mas também pode ser uma porta de entrada para conquistar novos clientes – que eventualmente também passarão a usar as compras programadas. As entregas do Shopper Now serão feitas a partir de dark stores que serão instaladas na capital paulista. No longo prazo, a expectativa de Fábio é que a modalidade represente até 20% da receita da companhia. “Você não precisa de tudo em 15 minutos. Ninguém deixa tudo para a última hora. Mas essa demanda existe. E é um buraco na nossa proposta de valor hoje e nós queremos atender o cliente também nessa ocasião”, disse o cofundador em conversa com jornalistas.

Interior do novo CD da Shopper na Zona Norte de São Paulo
Interior do novo CD da Shopper na Zona Norte de São Paulo (Foto: Divulgação)

  

Integração com o iFood

Depois de um piloto de três meses na cidade de Ribeirão Preto (SP), a Shopper decidiu trazer para São Paulo a integração com o ex-aplicativo de entregas. Assim, não será mais necessário revezar entre um aplicativo e outro para fazer as encomendas. De acordo com Fábio, durante o teste e Ribeirão Preto, houve um incremento de mais de 100% nas vendas da Shopper, o que indica o alto potencial da integração.

Ainda este mês a opção estará disponível na região metropolitana. Nos próximos meses, o plano é chegar às 130 cidades atendias pela Shopper no estado de São Paulo. Com essa expansão, o próximo passo é ir além do estado em 2026. “Não consigo precisar se vamos conseguir. Mas essa é a nossa pretensão”, disse Fábio.

Segundo ele, as compras rápidas do Shopper Now também estarão disponíveis no iFood, debaixo da recém-lançada modalidade Turbo, que promete entregas em 10 minutos. A Daki que se cuide.

Centro de distribuição

Com no novo centro de distribuição em São Paulo, a Shopper chega a três unidades no estado: São Paulo, Osasco e Ribeirão Preto. A companhia ainda tem uma unidade de apoio em Campinas. Com a apresentação da nova unidade – que só deve entrar em operação de fato na próxima semana – ela passa de 30 mil para 50 mil metros quadrados de área, e vai de 12 mil para 15 mil produtos (SKUs) oferecidos.

Para operar o novo CD, a Shopper está contratando. A previsão é adicionar 200, de um total de 320 vagas abertas no mês de agosto. Nos próximos 5 meses serão mais de 800 pessoas contratadas.

Quem anda pela unidade com um olhar mais atento, pode perceber que as paredes de dry wall não estão pintadas. Em nem serão. Logo na entrada, uma grande placa explica porque as emendas ficarão aparentes por uma opção bastante consciente. “Teríamos que vender 4,7 milhões de cocas de 220 ml para pagar pela pintura dessa e das outras paredes do FC [fulfillment center]. Preferimos deixar assim. Para alguns, tem cara de “obra”. Para outros, de obra de arte”, está escrito.

O manifesto tem a ver com uma máxima de frugalidade da companhia, que fazia com que uma das salas do antigo centro na região da Barra Funda tivesse um aparelho de ar-condicionado compartilhado com uma outra sala por um buraco na parede: “Se não gera valor para o cliente ou para o time, não deve ser feito”.

Placa na entrada do CD da Shopper que explica o porquê de as paredes não estarem pintadas (Foto: Gustavo Brigatto)