O Silicon Valley Bank (SVB) lançou um fundo de venture debt voltado a startups da América Latina e do Caribe. Serão US$ 30 milhões oferecidos com o Partners for Growth (PFG), especializado neste tipo de operação e com o IDB Invest, braço de investimento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O foco são companhias em estágio de desenvolvimento mais avançado, que já tenham passado por séries A ou B de investimento, com atuação em diferentes setores – saúde, finanças, ciências da vida etc. O cheques devem cheques entre US$ 3 milhões e US$ 8 milhões, mas há capacidade para fazer liberações maiores ou menores – e também em empresas que não tenham recebido aportes de fundos.
Para acessar os recursos as empresas não precisam ter representação nos EUA. O dinheiro pode ser transferido para contas locais na região. O primeiro contato para acessar o novo fundo deve ser feito com Julia Figueiredo, brasileira que responde pelos negócios do SVB na América Latina.
“Depois de oito anos trabalhando com companhias e fundos de venture capital da América Latina, agora somos capazes de oferecer dívida estruturada às companhias de tecnologia e ciências da vida. valendo-se do conhecimento do SVB e expertisedo PFG em emprestar nos EUA e experiência regional, temos como objeto aumentar a probabilidade de sucesso de fundadores talentosos que estão mudando o cenário da região”, disse Julia.
Mas o que é venture debt?
O venture debt é, em resumo, um empréstimo de custo mais baixo que o oferecido em linhas tradicionais. Ele que funciona como uma alternativa (ou um complemento) à captação de recursos junto a investidores.
A principal vantagem dessa modalidade é que, por se tratar de uma dívida, ela não implica na venda de participação acionária na companhia. Quem empresta ganha com os juros do empréstimo e também um percentual em cima da valorização do ativo, sem receber uma fatia do negócio.
Assim, os recursos podem ser usados para acelerar o crescimento das operações e de valuation, melhorando as condições para uma rodada posterior.
Isso já existe no Brasil?
O venture debt representa cerca de 15% do mercado de venture capital nos EUA e, no Brasil, tem dado os primeiros passos nos últimos dois anos. A tendência é que ele ganhe espaço por conta da redução dos valuations oferecidos pelos fundos em meio à pandemia e também pela redução dos juros.
Em 2019, os investimentos em venture capital no Brasil ficaram na faixa de US$ 2 bilhões, ou metade do que foi aplicado em toda a América Latina, segunda a LAVCA.
Por aqui, o BTG e o fundo Brasil Venture Debt, da SP ventures, têm atuado em operações de venture debt. Um dos casos mais emblemáticos do a compra do Buscapé pelo Zoom, no começo de 2019.
Em maio, a a55 levantou uma rodada de US$ 7 milhões liderada pelo Santander Innoventures, do banco espanhol, para acelerar sua atuação na América Latina.
O SVB atua na América Latina desde 2012 e tem uma carteira de mais de 600 clientes, incluindo os unicórnios Nubank, Loggi e Loft. A instituição fará um webinar na quinta-feira (16) para falar sobre o novo fundo.