Embora boa parte das empresas brasileiras brade aos 4 ventos que está familiarizada com a cultura de inovação, isso não significa que, de fato, o assunto é colocado em prática. E a principal barreira para isso acontecer está relacionada aos silos existentes entre as áreas das companhias. Ou seja, os diferentes departamentos trabalham de forma isolada e não se comunicam.
Um estudo feito pela ACE Cortex, braço de inovação corporativa da ACE, revela que, para 26,5% das empresas brasileiras, os silos são a principal barreira enfrentada para consolidar uma cultura em prol da inovação. A pesquisa foi realizada com 277 executivos, com cargo C-Level e diretores, de pequenas, médias e grandes corporações de vários setores.
Logo em seguida está a falta de crença e entendimento que a cultura de inovação gera resultados (para 21,6%). Segundo Luís Gustavo Lima, sócio e CEO da ACE Cortex, tal descrença está relacionada com a adoção, sensibilização e entendimento desse novo ambiente de negócio, e ao mesmo tempo com aprendizado, cultura, segurança psicológica, capacitação e desenvolvimento.
“Tem relação com o que chamamos de building or buying, ou seja, ou eu faço de dentro para fora (building) ou eu acesso de fora para dentro (buying). As empresas tradicionalmente cresceram e foram orientadas sendo building. Quando a gente traz a perspectiva de relacionamento com startups, criação de novos produtos, serviços, canais e negócios, tudo isso gera insegurança nos tomadores de decisão que estavam acostumados a trabalhar no modelo tradicional”, enfatizou Luís ao Startups.
Falta maturidade
Quando questionados sobre como identificam o grau de maturidade da sua companhia em relação à cultura de inovação, as respostas dos profissionais mostram como precisamos evoluir nesse aspecto. Pouco mais da metade deles (52,4%) define a empresa em que trabalha com um grau de maturidade considerado satisfatório, contra 46,2% dos entrevistados que avaliam a companhia com uma maturidade insatisfatória.
A capacitação da liderança foi apontada por 60,1% dos entrevistados como a iniciativa mais importante para se implementar a cultura de inovação. Para que as transformações tenham aderência na companhia é indispensável que os líderes estejam totalmente alinhados com o projeto.
Em seguida foram consideradas a capacitação dos times (45.1%), open innovation (42.2%), programas de intraempreendedorismo (38,4%), transformação digital (33,2%), comunicação assertiva (21,6%), ESG (10,4%), gestão de performance (10,4%), corporate venture building (6,3%) e corporate venture capital (4,1%).
O papel do RH na inovação
A pesquisa também mostra que a percepção sobre os responsáveis pela cultura de inovação da companhia ainda está muito atrelada a um único setor, no caso, a área de inovação/novos negócios representa grande parte deste papel, segundo 40,7% dos respondentes. Já 20,9% dos profissionais revelaram que não há uma área na empresa responsável pelo tema.
Se décadas atrás o RH tinha um papel meramente burocrático, o cenário vem mudando gradativamente. Ainda assim, o departamento tem uma pequena parcela nas iniciativas de inovação das empresas. Apenas 4% dos empresários apontaram a área de recursos humanos como a principal responsável pela cultura da inovação organizacional.
“Se cultura tem relação com propósito, comunicação, liderança como exemplo, rituais, processos, aprendizado entre outros, o RH também é necessário para fortalecer a cultura de inovação, assim como as áreas de vendas, logística, jurídico entre outras”, reforça Luís.