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Só falta a Apple? Google anuncia corte de 12 mil empregos

Cortes equivalem a 6,4% da força de trabalho global da companhia, e foram divulgados pelo próprio CEO Sundar Pichai

Google fachada
Google fachada. Crédito: Canva

A sequência de big techs fazendo cortes em massa nas suas estruturas continua. Depois da Microsoft anunciar esta semana que 10 mil pessoas seriam dispensadas e a Amazon iniciar a sua já anunciada demissão de cerca de 18 mil colaboradores, agora chegou a vez do Google. A companhia de Mountain View divulgou nesta sexta (20) que vai dispensar 12 mil funcionários.

O corte equivale a 6,4% da força de trabalho global da companhia, e foi divulgado pelo próprio CEO da empresa, Sundar Pichai, em uma nota aberta aos colaboradores no blog do Google. Segundo ele, a decisão é resultado da drástica mudança de cenário econômico que o mundo vive desde o ano passado.

“Nos últimos dois anos, vimos períodos de crescimento dramático. Para acompanhar e alimentar esse crescimento, contratamos para uma realidade econômica diferente da que enfrentamos hoje”, avaliou Sundar, no comunicado. A declaração entra em linha com as razões dadas por outras gigantes da tecnologia para justificar seus cortes recentes – de uma “ressaca” depois de um boom de contratações durante a baixa de juros que se seguiu à pandemia.

Em seu post, o CEO afirmou que as demissões marcaram um momento para a empresa “afiar o foco, reestruturar a base de custos e direcionar talento e capital para maiores prioridades”. O CEO observou que a inteligência artificial seria uma área-chave daqui para frente.

“Estou confiante na enorme oportunidade que temos diante de nós, graças à força de nossa missão, ao valor de nossos produtos e serviços e aos nossos primeiros investimentos em IA”, disse Pichai. “Para capturá-lo totalmente, precisaremos fazer escolhas difíceis”, completou.

Embora o Google tenha obtido avanços significativos em IA com investimentos como a aquisição em 2014 do laboratório de IA DeepMind, focado em pesquisa, a empresa vislumbra um cenário mais concorrído no futuro, com a chegada de empresas como a OpenAI, que está fazendo sucesso com seu chatbot ChatGPT.

Além disso, a OpenAI firmou uma forte parceria com a Microsoft, rival do Google, com a última prometendo integrar sua tecnologia de IA em produtos como seu mecanismo de busca Bing e suas outras aplicações para ferramentas de trabalho. Aliás, para estreitar essa parceria (e aumentar a temperatura na concorrência com o Google), a Microsoft planeja investir cerca de US$ 10 bilhões na badalada empresa de inteligência artificial.

No relatório de ganhos do Google em outubro passado, ele anunciou receita de US$ 69 bilhões e lucro de US$ 13,9 bilhões, o que indicou um aumento de receita (ante US$ 65,1 bilhões no ano anterior), mas mostrou uma queda nos lucros (abaixo de US$ 18,9 bilhões no mesmo trimestre de 2021). No início do ano passado, Sundar Pichai sinalizou que a empresa iria desacelerar nas contratações, dizendo que os googlers teriam que trabalhar com “maior urgência, foco mais nítido e mais fome do que mostramos em dias mais ensolarados”.

Só falta a Apple?

Com o anúncio do Google, a lista das big techs a realizarem demissões em massa nos últimos meses está quase completa. Além da Microsoft e da Amazon, que começaram seus passaralhos nesta semana também, nomes como Meta e Netflix também fizeram seus cortes para enxugar a operação e reduzir custos.

A Netflix chegou a demitir cerca de 500 funcionários globalmente antes do final do primeiro semestre do ano passado, frente à uma baixa agressiva no seu crescimento de novos assinantes.

Já a Meta demorou um pouco mais para tomar esta decisão. Ela só veio em novembro, quando o CEO Mark Zuckerberg anunciou a demissão de 11 mil colaboradores, cerca de 13% de sua força de trabalho global, que atingiu todas as empresas do grupo – Facebook, Instagram e WhatsApp. “Eu quero assumir a responsabilidade por estas decisões e como nós chegamos aqui. Sei que isso é difícil para todo mundo, e eu sinto muito por aqueles que foram impactados”, afirmou Zuckerberg na ocasião.

Da lista das grandes empresas, a única que não parece seguir a tendência é a Apple. Ela foi a única que não aumentou significativamente sua taxa de contratação nos últimos dois anos e também não anunciou nenhuma demissão. Diferentemente de outras big techs que pisaram no acelerador durante a pandemia, com aumentos de até 15% nas suas forças de trabalho, a Apple cresceu de forma mais controlada, aumentando cerca de 6,5% em seu quadro de colaboradores desde 2021.