Conhecido por sua atuação nos segmentos de educação e saúde, o Grupo Marista aposta em inovação aberta há quase 20 anos. Em 2025, a instituição deu um passo estratégico ao profissionalizar essa frente com o lançamento de seu corporate venture capital (CVC). Sob a liderança de Guilherme Skaf Amorim (ex-Wayra), o fundo conta com R$ 30 milhões destinados a investimentos em startups early-stage ao longo dos próximos quatro anos.
O CVC foi apresentado ao público na Rio Innovation Week deste ano, que reuniu cerca de 185 mil pessoas no Pier Mauá, na região portuária do Rio de Janeiro.
Em entrevista ao Startups durante o evento, Mauricio Zanforlin, CEO do Grupo Marista, e Guilherme, diretor responsável pelo CVC, contam que a ideia é ir além dos objetivos estratégicos para os negócios do grupo, mas buscar também retorno financeiro.
“O CVC foi pensado, estrategicamente, há uns três anos. No ano passado foi costurada toda a governança e, em fevereiro deste ano, a gente lançou oficialmente. A nossa intenção é trabalhar nele como um FIP, com todas as métricas de retorno para o LP”, aponta Guilherme.
Antes da criação do fundo, a instituição já havia investido em três empresas: Estuda.com, Diário Escola e Pontue. Apesar de o objetivo é continuar focando no core do grupo, com edtechs e healthtechs, a ideia é também ampliar esse escopo para áreas que podem ser complementares, como fintechs, por exemplo, ou que simplesmente ofereçam bons potenciais de retornos financeiros.
“A gente estava olhando apenas a perspectiva do apoio aos negócios que a gente tem como sócio estratégico e não estávamos tratando a perspectiva do investimento financeiro da melhor forma possível. A decisão de criar o veículo dá resposta a isso, a gente profissionaliza essa perspectiva. Então, enquanto CVC, são dois objetivos: retorno para os negócios, e enquanto investimento, que tem que retornar financeiramente também”, aponta Mauricio.
Rosey Ventures
Batizado de Rosey Ventures, o CVC é nomeado em homenagem à aldeia de Rosey, na França, onde nasceu Marcelino Champagnat, padre francês canonizado pela Igreja Católica em 1999, e fundador do Instituto Marista.
No Brasil, o Grupo Marista é dono de instituições de ensino como a PUC-PR, além dos colégios maristas e FTD, de materiais didáticos. Também fazem parte do grupo o Hospital Universitário Cajuru, que atende aos cursos da área de saúde da PUC-PR, além do Hospital São Marcelino Champagnat.
Com o novo fundo, o grupo passa a contar com duas frentes de inovação. O Rosey Ventures, especializado em investimentos estratégicos para as diversas frentes da instituição, e o HOTMILK, ecossistema de inovação da PUC-PR, que funciona como incubadora e aceleradora.
O primeiro fundo do Rosey Ventures vai investir em oito a 12 startups durante os quatro anos de período de investimento, com preferência por rodadas seed e pré-seed, mas possibilidade ir até a pré-série A.
Segundo Guilherme, a estratégia é de co-liderar rodadas, aproveitando a posição de liderança do grupo nos setores de atuação para oferecer não apenas credibilidade para as investidas junto a outros fundos, mas também conhecimento estratégico do setor.
“A gente consegue, através desse posicionamento como sócio estratégico e da liderança que a gente exerce em cada um dos segmentos, atrair muitos outros fundos. A nossa tese é multiplicar, portanto, a capacidade de investimento a partir desse montante de R$ 30 milhões co-investindo junto a outros FIPs, por exemplo, ou outras empresas que queiram investir via equity”, acrescenta Mauricio.
Marcelo Moura, diretor de Inovação da Hotmilk, destaca que o hub também oferece consultoria para as investidas do grupo, o que contribui para o valor que a startup percebe, que vai além do aporte financeiro.
“A gente acelerou a Pontue por um tempo e foi entendido que a solução era boa, o modelo do negócio era bom, o produto era bom, mas ele tinha um fator que havia muitas pessoas corrigindo muitas redações. E isso fazia com que a startup não escalasse. Então dentro da FTD a gente conseguiu desenvolver uma IA para otimizar esse processo, o que tornou a startup escalável”, conta.