O mercado não anda dos mais atrativos para grandes ofertas públicas na bolsa, porém o SoftBank não perde o otimismo. Segundo um representante do fundo, ainda este ano ou no começo de 2024 pode se abrir uma janela favorável para as startups latino-americanas fazerem os seus IPOs.
Quem disse isso foi o managing partner do SoftBank Latin America Fund, Juan Franck. Em entrevista à Bloomberg, o executivo admitiu que empresas investidas pelo fundo, tais como as mexicanas Rappi e Kavak, e as brasileiras Creditas, MadeiraMadeira e unico, estão em uma lista das que podem buscar o seu IPO em breve.
Segundo Juan, empresas como a Rappi e outras da lista já estavam no caminho de se tornarem públicas, mas a recente turbulência do cenário macroeconômico, com alta dos juros, interrompeu os planos.
Apesar de tudo, o representante do fundo liderado por Masayoshi Son cogita a possibilidade de melhora do cenário até o fim de 2023 ou início de 2024, o que pode reativar a esteira de IPOs para o fundo. “Acredito que muitas de nossas empresas que estão em um caminho claro para a lucratividade considerarão uma listagem pública”, pontua.
Mas será mesmo?
A visão do SoftBank é otimista, mas no mundo real, a expectativa faz sentido? Olhando para as startups brasileiras citadas pelo executivo, as três fizeram movimentos para tentar equilibrar suas contas, já que 2022 não foi um grande ano.
No caso da Creditas, a meta para 2023 é chegar no breakeven, já que segundo os resultados divulgados do ano passado apontaram um prejuízo de 208 milhões. Para chegar no equilíbrio financeiro, a empresa chegou a fazer cortes, desativando partes de sua divisão Creditas Auto e demitindo colaboradores.
A Creditas já figura há tempos na sala de espera do IPO, depois de virar unicórnio em 2020 com uma rodada de US$ 251 milhões liderada pelo SoftBank. O último aporte levantado pela companhia foi uma série F de US$ 260 milhões liderada pela Fidelity, que jogou o valuation (na época) para US$ 4,8 bilhões. No entanto, em um cenário atual de downrounds, fica o questionamento se isso ainda se sustenta.
Por sua vez, a MadeiraMadeira virou unicórnio em 2021, com um aporte de US$ 190 milhões encabeçado pelo SoftBank. Assim como outras grandes startups nacionais, a empresa de móveis e decoração fez cortes, promovendo duas ondas de demissão em massa, uma em agosto do ano passado e outra agora em março, na qual dispensou cerca de 5% do quadro, segundo informações de ex-funcionários.
Cotada para ser uma “big tech” brazuca, a unico ganhou o status de unicórnio em 2021 com uma megarodada de R$ 625 milhões com o SoftBank e General Atlantic. Apesar da idtech ser considerada uma empresa de vanguarda tecnológica, isso não foi o suficiente para evitar enxugamentos. Em janeiro a empresa demitiu 10,5% de sua força de trabalho. Na ocasião, a empresa alegou ter feito os cortes para priorizar “iniciativas alinhadas às novas necessidades do mercado”.