O SoftBank pegou gosto pelos investimentos na América Latina e está aumentando as apostas na região com o lançamento de seu 2º fundo de US$ 3 bilhões.
Pois é, o valor é menor que os US$ 5 bilhões do fundo original, de 2019, o que parece estranho. Mas isso é explicado pela estratégia que o SoftBank desenhou para o novo fundo. A ideia é buscar capital externo que vai se somar ao montante inicial aplicado pela companhia. No fundo I, todo o dinheiro veio do próprio SoftBank. E a julgar pela liquidez e interesse em investir na América Latina, não surpreenderia se pelo menos mais US$ 3 bilhões fossem adicionados aos seus cofres.
Assim com o fundo original, o fundo II vai investir em todos os países e setores, com foco em comércio eletrônico, serviços financeiros digitais, saúde, educação, blockchain, softwares corporativos, entre outros. Em termos de estágios de desenvolvimento, o foco vai incluir as companhias em fase mais inicial, o early stage. A ideia é destinar US$ 300 milhões só para esse tipo de investimento, como antecipou o Startups há duas semanas. Rodrigo Baer e Marco Camhaji, que se juntaram ao SoftBank recentemente, serão responsáveis por esses investimentos.
“A América Latina é uma das regiões econômicas mais importantes do mundo e o SoftBank continuará impulsionando a adoção de tecnologia que beneficiará centenas de milhões de pessoas nesta parte do mundo. Há muita inovação e disrupção ocorrendo na região e acredito que as oportunidades de negócios nunca foram tão grandes. A América Latina é uma parte crucial de nossa estratégia – e é por isso que estamos expandindo nossa presença e dobrando nosso compromisso, com Marcelo [Claure] no comando”, disse Masayoshi Son, fundador e presidente do SoftBank Group, em comunicado. A equipe do SoftBank na América Latina conta atualmente com 60 pessoas divididas entre Miami, São Paulo e cidade do México.
Balanço e oportunidade
Em 2 anos , a companhia fez 48 investimentos que somaram US$ 3,5 bilhões, ou 70% dos US$ 5 bilhões prometidos. Isso significa que ela terá US$ 1,5 bilhão para fazer investimentos adicionais nas companhias – o que parece muito, mas pode ser pouco tendo em vista o tamanho do portfólio e os cheques cada vez mais gordos que têm sido assinados por aí.
De acordo com a empresa, os aportes trouxeram retorno bruto de 103% em moeda local, de 90% em dólares e líquido de 85% em dólares, somando um valor justo de US$ 6,9 bilhões. Na lista dos investimentos estão 15 dos 25 unicórnios latinos – eu tinha contado 11 de 29 – com nomes como único, Kavak, Bitso, 2TM (dona do Mercado Bitcoin), Olist, Rappi, Habi e Cortex. Ela também colocou recursos em fundos como Valor Capital para ampliar seus pontos de contato com o mercado e lançou iniciativas como a AI Academy, um programa de capacitação de mão de obra nas ferramentas e tecnologias que as empresas de seu portfólio (e todo o mercado) usam.
“O trabalho e a visão incríveis que os empreendedores latino-americanos vêm demonstrando na região nos dá confiança de que sua transformação digital continuará a acelerar – na verdade, esperamos que 2022 seja o maior ano em termos de IPO da história da América Latina”, disse Marcelo Claure em comunicado.
Além de seguir as “boas práticas” do mercado (com 2 anos de alocação de recursos e uma reserva de 30% a 40% do capital para reinvestimentos no portfólio) o lançamento do novo fundo acontece no momento que gigantes como Tiger Global, Andreessen Horowitz e Sequoia Capital voltam suas atenções para a América Latina de olho em companhias desde os estágios iniciais até o IPO. Além das oportunidades inerentes à região, o interesse é reforçado pelo aumento do controle do governo chinês sobre as empresas de tecnologia do país, que tem feito investidores – como a própria Tiger – a revisarem suas posições por lá e buscarem alternativas ao redor do mundo.