A Solfácil fechou uma extensão de US$ 30 milhões de sua rodada de série C, totalizando US$ 130 milhões captados. O cheque dicional foi assinado pela gestora americana Fifth Wall, uma das maiores investidoras em proptechs do mundo, com participação na Loft, e que recentemente lançou um fundo dedicado a aportes na área de mudanças climáticas.
De acordo com Fabio Carrara, fundador e presidente da fintech que está se posicionando como um ecossistema para o mercado de energia solar, a extensão acontece sob 2 contextos. O primeiro é o aumento do interesse de fundos de investimento com relação ao setor de energia motivada pela crise no fornecimento de gás russo à Europa.
O segundo é o atual momento do mercado de venture capital. Com a torneira das captações mais fechada, melhor ter mais recursos em caixa, não é mesmo? Ainda mais que a Fifth Wall já conhecia a Solfácil e estava interessada em colocar dinheiro na companhia.
Fabio conta que a gestora chegou no fim das conversas da série C, por isso acabou ficando de fora. “Nunca entramos no jogo de captar muito dinheiro, mas achamos conveniente, já que havia demanda, aumentar mais a rodada e se preparar para o futuro de inflação e juros altos, que atrapalha a fazer novas captações”, explica.
Diversificação
Segundo ele, os recursos adicionais serão usados dentro da tese que a Solfácil já vinha tocando: a expansão de seu escopo de atuação. Além do crédito para a instalação de sistemas energia solar, a companhia adicionou às suas ofertas uma loja com mais de 18 mil variedades de kits disponíveis, uma camada de logística, seguros, e até criou um equipamento proprietário, o Ampera.
O dispositivo monitora o funcionamento dos sistemas instalados, ajudando a prevenir problemas e aumentar a sua eficiência. O aparelho foi desenvolvido ao longo de 3 anos e consumiu um investimento de R$ 20 milhões. “É um movimento raro e audacioso desenvolver um hardware 100% nacional. Mas isso nos dá uma vantagem competitiva por controlar toda a propriedade intelectual e toda a tecnologia”, diz Fabio.
Quando anunciou a série C em maio, Fabio falava em quase triplicar o volume de crédito concedido pela Solfácil, passando de R$ 1,2 bilhão ano passado para R$ 3 bilhões e multiplicar a receita da companhia por 5 ao longo de 2022.
Sobre a receita, a meta está mantida por conta das novas frentes de atuação que a companhia está abrindo, que vão gerar novas receitas. Na parte de crédito, no entanto, a expectativa é ficar abaixo dos R$ 3 bilhões previstos inicialmente por conta do aumento dos juros, que tem feito a companhia ser mais cautelosa na liberação de financiamentos. O volume concedido no ano está perto dos R$ 2 bilhões.
A demanda, segundo ele, continua existindo. A expectativa é que o Brasil se torne o 2º país do mundo em termos de capacidade instalada em 2022, com 7 gigawatts, número puxado pelas instalações residenciais. “Os juros seguram um pouco a demanda. Se tivéssemos a realidade do ano passado o mercado seria ainda maior.
Segundo ele, as mudanças propostas pela lei 14.300/22, que estabelece o marco legal da micro e minigeração, e vão encarecer a compra pelos consumidores, não mudam o vetor de crescimento do setor. “É uma mudança gradativa. Mais do que nunca o foco está em soluções para evitar o aquecimento global”, diz.
Rumo ao azul
Segundo Fabio, a Solfácil está trabalhando para se atingir a rentabilidade ainda este ano e pretende gerar mais lucro ano que vem e caixa nos próximos dois anos. “A beleza da Solfácil é que temos um modelo sinérgico B2B2C. Trabalhamos com uma rede de 10 mil parceiros que estão conectados com os clientes e o que eles precisam é de ferramentas para viabilizar os negócios deles, o que reduz o custo de aquisição e vendas”, diz o fundador.
Ele diz que a companhia já foi provocada a atuar diretamente no B2C, mas sempre achou seu posicionamento mais correto e eficiente. “E em época de aperto o B2B2C se torna o modelo preferido de todos porque faz com que o negócio cresça com eficiência operacional”, diz.