Desde a adolescência, Camila Florentino teve a certeza de que queria trabalhar com eventos. Tanto que quando chegou a hora de escolher um curso universitário, optou por Lazer e Turismo por ser o único que mencionava a palavra “evento” na descrição. E parece que a escolha foi certeira. Aos 23 anos, ela já tinha participado de 7 edições do Lollapalooza, 2 do Tomorrowland e de shows de artistas globais como U2 e Phil Collins.
Ainda na graduação, nasceu o projeto Celebrar, após uma conversa com um segurança de evento que contou receber um valor muito baixo em relação ao que custaria no budget da organização. A ideia era usar tecnologia para valorizar os prestadores de serviço e pagar o valor justo pela função exercida. Um professor viu a oportunidade de mercado e sugeriu que ela adaptasse a proposta ao modelo de startup. Sem saber muito bem o que isso significava, a primeira versão do projeto tinha 96 páginas nas normas ABNT.
Corta para 2022. A ideia pivotou algumas vezes até chegar a uma plataforma que conecta grandes companhias e multinacionais a micro e pequenas empresas fornecedoras de serviços para eventos. A startup faturou R$ 3,2 milhões de janeiro a agosto deste ano e projeta alcançar a marca de R$ 6 milhões até o fim de 2022 – um crescimento de 300% em relação ao último ano. Em 2021, a eventech contabilizou mais de R$ 2 milhões de receita bruta.
“Sempre olhei para a digitalização como uma forma de melhorar a eficiência no mercado de eventos e fazer com que quem vende faça isso de uma forma mais fácil e consiga ter recorrência de vendas sem precisar tantos intermediários. Da outra ponta, fazer com que quem compra tivesse a eficiência de acessar fornecedores”, afirma Camila, em entrevista ao Startups.
Para tocar a Celebrar, ela se juntou com Patricia Celia Portes de Almeida, que já conhecia da universidade, e Monna Cleide Santos, que conheceu no elevador do Cubo Itaú após um evento. Desde o início das operações, a empresa distribuiu R$ 7,2 milhões de renda para micro e pequenas empresas brasileiras, comercializou 18 mil serviços e mais de 2 mil eventos, com o apoio de seus 10 colaboradores e cerca de 3 mil fornecedores cadastrados na plataforma. Entre os clientes, estão grandes nomes como Google, Nubank, QuintoAndar, Loggi, Ânima e Distrito.
Crescendo na pandemia
Não é novidade para ninguém que o setor de eventos foi bastante impactado pela pandemia. E no caso da Celebrar, não foi muito diferente. A eventech perdeu 92% dos clientes e teve que se readaptar às novas circunstâncias. Como os 8% restantes eram grandes empresas e multinacionais, a solução foi desenvolver um produto específico para esse perfil.
Por meio da tecnologia, é possível desenvolver um briefing para que seja feito um orçamento mais preciso, e os fornecedores cadastrados recebem notificações e efetuam uma proposta personalizada. As companhias conseguem ter acesso aos melhores preços, fotos de referências e a todos os dados necessários para contratá-los de forma online.
Por fim, os fornecedores aprovados efetuam a entrega dos serviços e a Celebrar unifica a nota fiscal para o comprador, além de ficar responsável pelo workflow de pagamento. Dessa forma, a companhia conseguiu aumentar em 200% as vendas em 2021 em comparação com 2022. A Celebrar fica com uma taxa de 10% sobre as vendas fechadas, ou seja, só ganha quando o fornecedor ganha também.
A empresa afirma oferecer para as grandes empresas orçamentos 4 vezes mais rápidos e mais facilidade no processo de compras. Na outra ponta, os prestadores de serviço aumentam o faturamento e as vendas recorrentes. Segundo Camila, a startup gera até 25% de economia para compradores e os fornecedores recebem até 60% a mais em comparação com o mercado tradicional.
Ganhando escala
Criada com um investimento inicial de R$ 10 mil, a Celebrar cresce com recursos próprios e está no break-even (sem lucros, nem prejuízos). Mas para acelerar o crescimento, a empresa está buscando sua primeira captação. Segundo Camila, a rodada já está aberta e as conversas com potenciais investidores já começaram, com o intuito de usar os recursos para investir em tecnologia.
“Estamos trabalhando com dados e olhando para como conseguimos ter uma inteligência artificial que ajude qualquer pessoa a encontrar bons fornecedores e fazer um bom evento”, explica a empreendedora. De acordo com Camila, não há pressa para fechar a captação, já que o objetivo é impulsionar o negócio e não levantar dinheiro para sobreviver.
“A pior coisa que um founder pode fazer é pegar dinheiro no desespero. Não estamos com pressa. Quero um bom investidor, vou escolher os fundos a dedo alguém que não tenha só o capital, mas também tenha autoridade no mercado e seja compatível com os planos de desenvolvimento da Celebrar”, conclui Camila.